O Mistério da Besta do Apocalipse

Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004

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Evidências existem, dentro do próprio mistério, que nos permitem lidar com eles.

Acima de tudo é mister mantermos atenção redobrada.

Temos que aprender a ler nas entrelinhas, para que tudo se revele.

Como detetives desvendando segredos, todos os detalhes devem ser levados em conta.

Qualquer palavrinha pode nos trazer elucidações preciosas.

Vamos citar dois versículos contidos no capítulo 12 do Apocalipse.

Primeiro o verso 15:

"E a serpente lançou de sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada na corrente".

Agora, o verso 16:

"Porém a terra ajudou a mulher, e abriu a terra sua boca e engoliu o rio, que o Dragão tinha vomitado de sua boca."

Numa palestra sobre Maria de Nazaré, eu usei estes dois versículos, identificando, no texto, a perseguição de Herodes.

As águas simbolizam a matança dos menores de dois anos, ordenada pelo velho Rei.

E a terra salvadora é o Egito, que acolheu os perseguidos.

Naquela "terra" os soldados de Herodes não podiam entrar.

Tudo isto já estudamos na palestra sobre Maria de Nazaré.

Uma coisa, porém, chama atenção, nestes dois versículos:

No primeiro, foi a serpente que lançou água pela boca.

No segundo aquelas águas foram vomitadas pelo Dragão.

Afinal, quem vomitou ditas águas? A serpente ou o dragão?

Um dos versículos estará errado?

Não! Quem lê atentamente sabe: o nome pouco importa.

Serpente, satanás, demônio, espírito malígno, diabo - todos eles são uma coisa só.

O texto "truncado" nos revela esta verdade.

Todos eles formam as forças do mal, encarnadas ou não.

Lembrem-se que Jesus, no país dos gerasenos, expulsou dois mil espíritos de uma única pessoa.

Vocês poderão encontrar esta história, em Marcos, 5 vv 1 a 13.

Aquela figura do Diabo atiçando brasas é coisa do passado.

Os demônios, encarnados ou desencarnados, servindo-se de nossos maus pensamentos formam verdadeiros exércitos.

Eles se espalham por aí.

- O meu nome é legião! - disse, um deles, a Jesus, e completou: por que somos muitos.

É esta a lição que o Apocalipse nos ensina, quando diz que a água veio da boca da Serpente, e, dali a pouco, aponta o Dragão, como geratriz daquelas águas.

Não é engano, nem erro dos copistas.

Foi escrito assim para nos ensinar.

As forças do mal são solidárias.

Elas existem, com vários nomes.

Quando Herodes (uma das "bestas") morreu, a "carteira de identidade" da "Besta" passou para outra pessoa.

Isto demonstra o caráter mutante da Besta.

Continuando a leitura do Apocalipse, veremos que o Dragão se aquietou:

"E deixou-se estar sobre as areias do mar..."

Apocalipse 12 v 18

Logo no versículo seguinte, contudo, ei-lo de volta.

No Apocalipse, duas linhas depois; na vida real, dois séculos.

O texto diz:

"E vi levantar-se do mar uma Besta, que tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre os seus cornos dez diademas, e sobre as suas cabeças nomes de blasfêmias". Apoc. 13 v 1.

O profeta Daniel (cap. 2 v 7) já usara o mar, para profetizar o nascimento de quatro impérios:

O império dos caldeus, com Nabucodonozor.

O império dos persas, representado por Ciro.

O império grego, identificado por Alexandre...

...E, finalmente, o império romano.

Pelas suas ondas agitadas por todos os ventos, o mar simboliza o tumulto caótico dos grandes agrupamentos humanos.

Ao usá-lo, o Profeta confirma a origem coletiva da Besta.

O maligno é um verdadeiro mar.

Atrás de todos os demônios, uma falange de espíritos

os assessoram, provisionando energia.

Ninguém se impõe, em qualquer campo, se não tiver o respaldo de um grupo.

Eis a razão de que até os tiranos adulam a opinião pública.

Os nazistas da Alemanha aplaudiam freneticamente.

Em seguida, vamos analisar a profecia do Apocalipse, palavra por palavra:

"Sete cabeças" é o primeiro distintivo:

Ora, uma besta com sete cabeças só pode se originar em Roma.

A "Cidade Eterna"foi edificada sobre sete colinas.

Outro dado precioso:

No ano 303, início de umas mais sangrentas perseguições aos cristãos, eram sete os governantes:

Aurélio Diocleciano,

Maximinio Hercúleo,

Galério Maximiano,

Constâncio Cloro (pai de Constantino),

Maxêncio,

Maximino...

... e Licínio.

Estes sete encarnaram a função da Besta, naquele momento histórico: perseguir os cristãos.

Em seguida, deparamos com outros enígmas:

"Dez cornos, e, sobre os seus cornos, dez diademas".

Se as cabeças eram sete, por que dez cornos e dez diademas?

Fica evidente que as cabeças dos três primeiros imperadores foram ornadas com mais um diadema, e mais um corno.

Por que a distinção?

Simplesmente, por que eles eram os líderes do grupo.

Eles tinham mais autoridade que os outros.

A seguir, a profecia os definiu, ostentando nomes de blasfêmias.

Outra vez, nós confirmamos que se trata daquele grupo.

Diocleciano exigia que o chamassem de deus Júpiter.

Maximínio Hercúleo dizia-se deus Hércules.

Galério Maximiano se identificava como filho de Marte.

Bossuet, baseado no livro 8, cap.13 de Eusébio, informa que os governantes faziam questão de ser chamados reis.

Isto confirma, literalmente, a profecia, pois ela aponta "sete reis" (Apoc. 17 v 8).

Vamos continuar lendo o texto:

"E esta Besta, que eu vi, era semelhante a um leopardo, e os seus pés, como pés de urso, e a sua boca, como boca de leão. E o Dragão lhe deu sua força e o seu grande poder".

Apocalipse, 13 v 2.

Vamos iniciar a interpretação pela frase:

"...semelhante a um leopardo..."

Ora, meus amigos, o leopardo sempre foi sinal de inconstância, pelas variadas malhas que compõe o seu corpo.

Maximino Hercúleo, um dos sete reis, larga e retoma suas funções.

Apóia politicamente seu filho, e se insurge contra ele a seguir. Bajula o colega Galério, para em seguida conspirar contra ele.

Apóia Constantino, agora, e depois o combate.

Pela sua inconstância, ele é um perfeito "leopardo".

Ninguém duvida que a carapuça lhe servia.

Em seguida, o texto diz que a Besta tem "pés de urso".

Galério Maximiano veste o símbolo, como uma luva.

Ele era grosso de corpo e de alma.

Provindo das regiões inóspitas do norte, ele se tornava cada vez mais feroz e carrancudo.

Foi ele que tomou a dianteira, na perseguição aos cristãos.

Diz Lactâncio, no cap.21 do seu livro, que Galério possuía um urso, como animal doméstico, dentro do palácio.

Isto revela o quanto ele se afinizava com a fera.

"Boca de leão" é o último enígma.

Vamos ver quem se enquadra nele?

Sem qualquer dúvida, Aurélio Diocleciano é o dono do apelido.

Citado com os traços do rei dos animais, isto se confirma pela sua liderança incontestável.

Aliás, foi ele quem colocou, no poder, os outros seis.

Só isto bastaria para ver nele a "boca do leão", ou seja, a palavra do chefe.

As expressões finais do versículo 2 não constituem mistério.

São claras!

"E o Dragão lhe deu a sua força, e o seu grande poder".

Isto quer dizer que as forças do malígno não perderam tempo.

Inspiraram o poder romano (Besta) a massacrar os cristãos.

É curiosa esta visão profética.

Figuras simbólicas são desenhadas no astral.

O trabalho do intérprete é encaixá-las no sulco da realidade.

Semelhante a um quebra-cabeças, as previsões vão se ajustando, pouco a pouco, no tabuleiro do tempo.

Até mesmo detalhes triviais tomam corpo, para confirmar os grandes acontecimentos da história.

Dois séculos antes, o profeta do Apocalipse viu, no astral,

...sete reis,

...diademas,

...cornos,

...leopardos,

...pés de urso

...e boca de leão.

Para o Profeta aquilo não dizia nada.

Dois séculos depois, o quebra-cabeças se completou.

A inconstância de Maximiano Hercúleo...

A afinidade de Galério com ursos...

O perfil de liderança de Diocleciano, identificado na "boca de leão" que lhe atribuem.

Aliás, aqui cabe um reparo:

Embora Diocleciano não tenha sido o ator principal, na perseguição decretada no ano 303...

...esta sua posição de liderança atrai, para ele, toda a fama negativa...

Tanto que no vers. 18, o Profeta deixa clara a sua responsabilidade no infausto acontecimento:

"Aqui há sabedoria: Quem tem inteligência calcule o número da Besta. Porque é número de homem. E o número dela é seiscentos e sessenta e seis".

Apocalipse, cap. 13 v. 18.

No meu entender, o número se enquadra, perfeitamente, na pessoa do imperador Diocleciano.

No capítulo 9 do livro de Lactâncio, encontramos a revelação do seu apelido, antes de ser imperador.

Então, juntamos o título Augustus a este nome, e valorizamos as letras pelos algarismos romanos.

Eis aí decifrado o enígma do número 666:

D ............500

I ............ 1

O ............ 0

C ..........100

L .......... 50

E .......... 0

S .......... 0

A .......... 0

V .......... 5

G .......... 0

V .......... 5

S .......... 0

T .......... 0

V ......... 5

S ......... 0

SOMA 666

Dentre todas as explicações, esta é a mais racional que encontramos.

Outra coisa: Não se trata de uma instituição.

O texto é claro:

É número de homem.

Temos que identificar uma figura humana, no vazio do enígma.

Muitos imperadores perseguiram os cristãos.

Nenhum, todavia, com o requinte de Diocleciano.

É fora de dúvida que o profeta do Apocalipse o apontou como a "Besta", e o identificou pelo número 666.

Com duzentos anos de antecedência, o seu trabalho nefasto foi previsto, no astral, até mesmo com detalhes.

Não é sem razão, que ele tenha sido apontado como perseguidor maior.

O poder de Roma, presente no mundo, não dava tréguas aos seguidores de Jesus.

Aquela força, treinada e armada, esquadrinhava os mais remotos recantos, em busca dos "inimigos" do império.

Ninguém tinha onde se esconder, porque Roma era o mundo.

Suas legiões estavam por toda parte.

Tangidos como animais, por todas as estradas, o destino dos perseguidos terminava na prisão e na morte.

Viraram atração nos circos de diversão pública.

Depois de humilhados pelos espectadores, sedentos de sangue, forneciam carne aos leões.

Os familiares viviam sobressaltados.

A vida, para eles, não oferecia a menor segurança.

A prisão e a morte separava as famílias.

A prece coletiva só se tornava possível, no ermo ou nas catacumbas.

A partir do ano 303, portanto, a vida dos seguidores de Jesus se transformara num verdadeiro inferno.

No livro 7, capítulo 2, de Eusébio, consta uma das torturas práticadas: obrigar os cristãos a queimar incenso diante dos deuses.

Quem resistia era encarcerado ou morto.

A situação tornara-se insustentável.

Deus teria que fazer alguma coisa, para preservar a semente do Galileu.

E Deus fez...e o Apocalipse profetizou suas providências dois séculos antes

Dos sete reis perseguidores, em pouco tempo só restavam Licínio, Maximiano e Maxêncio.

Licínio desertou para as hostes de Constantino.

Maximiano e Maxêncio foram logo derrotados.

O Apocalipse registra o fato com apenas uma linha:

"E vi uma das suas cabeças ferida de morte".

Apocalipse, 13 v 3

O último perseguidor daquele grupo (personificação da Besta) tombara vencido.

Finalmente a "Besta", que gerara tanta perseguição, recebera ferimento mortal.

Constantino firmara-se no poder, e um temporário fôlego iria beneficiar os cristãos.

Por uns tempos, os cristãos gozariam relativa paz, renovando forças para futuras perseguições...

Louvado seja Deus!


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