Estaremos Cadastrados no Céu?

Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004

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Se você perguntar para dez pessoas, nove não saberá responder esta pergunta:

- Existirá um "Livro" no Céu com o nome de todos os salvos, que foi impresso no começo do mundo?

Saibam que esta notícia se encontra em Apocalipse:

"Os habitantes da Terra, cujos nomes não estão inscritos no Livro da Vida, desde o começo do mundo, se encherão de pasmo(...)".

Apocalipse, 17 v 8.

A frase negativa mostra que o "Livro" existe.

Isto significa que milênios antes de nascermos já estávamos predestinados.

Como as cartas do baralho de um jogador desonesto todos nós já estávamos marcados, muito antes de nascer.

Embora inscritos há tanto tempo (começo do mundo), os próprios "salvos" ainda estão ameaçados de perder a vantagem:

" Aquele que vencer (...) eu não apagarei o seu nome do Livro da Vida (...)".

Apocalipse, 3 v 5.

Paira sobre os "salvos" o perigo de um anjo passar a "borracha" no seu nome.

De qualquer maneira, porém, é um enorme privilégio estar registrado no "Livrão" de Deus.

Os inscritos têm noventa por cento de chance de "salvação".

Além disso, a lembrança do seu nome é uma lisonja. Trocando em miúdos, isto se nos depara uma brincadeira de "gato e rato", por parte de Deus.

O rato é jogado daqui p`ra lá, de lá p`ra cá...

...e por fim o gato come o rato.

Conclusão: esta doutrina da "predestinação" só poderá ser moralmente aceita, se acreditarmos no aperfeiçoamento em ciclos.

Agora, no próximo Juízo Final, o Cristo virá escolher os "mansos que herdarão a Terra" higienizada.

Pelo seu poder de enxergar o futuro, Deus terá registrado - no seu Livro - todos os nomes dos "salvos", milênios antes do nascimento.

Esta visão divina é perfeitamente compreensível.

Deus "vê", no astral, o futuro desempenho de cada pessoa, e registra os melhores, que permanecerão no planeta promovido.

Os "bodes" - na classificação de Jesus - irão para outro planeta.

...e, no "Livro" daquele outro planeta poderá constar o nome do que se perdeu neste ciclo.

Percebam a diferença: Não existem "perdidos eternos".

Em cada ciclo, "perdidos" de ontem se reabilitam, nas "muitas moradas da casa do Pai".

O "Livrão" de Deus é aberto em todos os mundos.

Ele acompanha os espíritos, na sua peregrinação, respeitando seu livre arbítrio.

Deus enxerga além dos milênios: Ele "vê" e registra os melhores, facilitando a seleção do Cristo-Juiz.

A mente divina é um computador gigantesco, que o Profeta do Apocalipse chamou de "Livro".

Quem está no padrão vibratório permanecerá no planeta Terra.

"(...) os mansos herdarão a Terra", no sábio entendimento do Sermão da Montanha.

Os outros, que não estão registrados no "Livro da Vida" serão transferidos para um planeta compatível com o seu grau evolutivo.

Nada mais lógico.

Nada mais justo.

Nada mais sábio.

Eles gozarão a bênção de uma nova oportunidade.

E nós voltamos ao Apocalipse:

"(...) Se alguém adora a Besta (...) será atormentado em fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro".

Apocalipse, 14 v 10.

Percebam a diferença:

Contrariando o dogma do "inferno eterno", o Apocalipse fala que os ímpios terão assistência dos anjos e do Cristo em suas provas.

Seria absurdo que o Pai Celestial voltasse as costas ao pecador.

Seria incoerência construir tantos mundos e sonegar solução para a fraqueza humana.

Seria sadismo espalhar a vida para tanta gente, e marcar apenas alguns privilegiados para salvação.

Natalino Argolo herdara as propriedades do pai, há mais de quarenta anos.

Vivia para o trabalho, pesquisando a terra.

Filhos e netos o ajudavam.

Naquela manhã, Natalino Argolo ordenou:

- É hora de fazer a colheita das amoras, na parte norte.

Todos se reuniram, tomaram cestas e partiram.

O casal mais novo, porém, resolveu simplificar:

- Por que caminharmos até as vertentes do norte? - exclamou Mafalda.

Temos amoreiras muito mais perto.

Os dois atravessaram a tarde, sem colher uma única fruta.

Quando todos retornaram, somente o casal desobediente se encontrava de mãos vazias.

- Estivemos em todo o vale, e as frutas estão verdes, exclamou Mafalda.

- Foi a razão que eu determinei a colheita na região mais ao norte, explicou Argolo.

Para o agrônomo experiente, é fácil mapear a colheita.

Para Deus, da mesma forma, não é difícil auscultar, nas almas, o momento da redenção.

É importante colhê-las quando amadurecem.

Umas demoram mais: outras menos.

Nem o fazendeiro nem o Deus Eterno desejam adiantar o calendário...

...ou violentar o livre arbítrio.

Nas frutas é o clima.

Nos espíritos é o despertar da consciência.

Em nossa estória, o avô apontou o tempo de maturação, diferente em cada região.

O tempo da colheita já estava previsto.

A seu tempo, todas as árvores oferecerão seus frutos.

No mundo espiritual, da mesma forma, os espíritos que não estiverem prontos continuarão o aprendizado, em "sala de aula" compatível.

Na Epístola aos Romanos, Paulo focalizou o assunto:

"Porque os que Ele" (Deus) "conheceu, na sua pré-ciência, também os predestinou, para serem conforme a imagem do seu Filho(...)

E aos que predestinou, a estes também chamou,

E aos que chamou também justificou,

E aos que justificou também glorificou".

Romanos, 8 vv 29 e 30.

Continuamos batendo na mesma tecla: a predestinação é sempre fruto de uma experiência pressentida por Deus.

Baseamo-nos no próprio apóstolo Paulo:

"Deus não faz acepção de pessoas".

Colossenses, 3 v 25.

Vocês acham que Deus pronunciaria uma frase machista do tipo: Tem que ser assim porque eu sou Deus?

Alguém mais atrevido poderá vir em socorro da doutrina da predestinação, citando palavras de Jesus:

"(...) assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer(...)"

João, 5 v 21.

Eu não enxergo base para a doutrina da predestinação (com vida única) nestas palavras.

Jesus tinha o direito de escolher seus companheiros.

Trata-se de uma opção inteiramente pesoal.

Mesmo os grandes avatares precisam estar rodeados por pessoas que lhes despertem simpatia.

A empatia no interior do grupo é fundamental.

Quando os espíritos de Elias e Moisés visitaram o Mestre transfigurado, no alto do monte, quem estava lá?

Com certeza Pedro, Tiago e João.

Os demais apóstolos ficaram ao pé do monte.

Percebam que João foi nominalmente citado por Jesus como Discípulo Amado.

O Mestre jamais escondeu suas predileções.

Todavia, ninguém o surpreendeu violentando o livre arbítrio de alguém, fabricando, aleatoriamente, santos ou demônios.

- Uns predestinados ao bem...e se salvar.

- Outros predestinados a ser maus...e ir para o inferno...

...Verdadeiros robôs, sem vontade própria...

Desta forma, tais criaturas seriam apêndices de uma divindade tão fria quanto eles.

Se a vida fosse única, sem outra chance, a realidade seria esta.

Isto me lembra empresário que ordenasse:

- Esta série de mil automóveis deverão sair com defeitos no motor e carburação. Concluído este lote, voltem a fabricar carros perfeitos.

Se isto ocorresse, a culpa por eventuais acidentes seria do executivo que ordenou a "burrada".

Da mesma forma, se Deus tivesse criado seres sem direito ao bem, teria que assumir - Ele próprio - as consequências.

João Calvino, um dos líderes da Reforma Protestante, foi um grande defensor da doutrina da predestinação.

Ele era fanático destas idéias.

Não admitia contestações.

"Unicamente pela graça" - dizia ele "e não pelos atos, o homem alcança o Céu.

Os eleitos são escolhidos por Deus muito antes de nascerem".

Calvino foi buscar tais idéias na saga do "povo escolhido".

"O povo judeu foi adotado por Jeová", dizia ele.

Calvino excluíu o "Sermão da Montanha" e adotou os "Dez Mandamentos".

Jesus, o Senhor da Clemência, salientou a presença divina em todos os seres...

Calvino enxergou em todos eles a imagem de "satanás".

"Olho por olho...dente por dente", vociferava Calvino.

Infelizmente, no bojo de toda esta encenação sempre esteve o poder financeiro das igrejas.

O medo abriu e continuará abrindo o bolso dos seguidores.

Com pequenas e interesseiras variações, é isto que nós enxergamos ainda hoje.

A doutrina da Predestinação que estava nas mãos de Deus passou para o arbítrio dos pastores.

São eles que se dizem proprietários do "Livrão", se auto elegendo "Ministros da Palavra".

Só eles podem excluir e acrescentar nomes...

Eles são os novos proprietários do "Ceu" e do "inferno".

Estes dias, eu escutei um reverendo exaltando sua igreja.

Acabaram-se os divórcios em minha comunidade, proclamava ele, aos gritos. .

A honestidade e a pureza reina entre os membros da minha igreja..

Ele falou até mesmo numa aura de santidade coletiva.

Desde que a Bíblia fora ensinada, os problemas acabaram.

Tudo bem! Eu fiquei feliz com a notícia.

Nestes tempos de tanta imperfeição é gostoso conhecermos comunidades vacinadas contra o mal.

Somos obrigados, todavia, a recomendar uma certa cautela a este pastor.

Como diria Chico Anísio, interpretando a saga do professor Raimundo: Menos! Menos!

Não vale a pena nos colocarmos em primeiros lugares.

Nunca esqueçamos a parábola do Fariseu e do Publicano.

Ela representa uma advertência para todos nós:

O fariseu rezava, altivo, próximo ao altar.

Ele cumpria todos os preceitos da lei: Na sua opinião pessoal, ele era homem perfeito.

"Graças te dou, meu Deus, porque não sou como o resto dos homens: ladrões, injustos, adúlteros...nem como este publicano que aí está.

Eu jejúo duas vezes por semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho". Lucas, 18 vv 11 e 12.

O publicano, ao contrário, mantinha-se discreto, e falava baixinho:

- "Meu Deus, tem misericórdia de mim, pecador!"

Na opinião de Jesus, a humilde prece do publicano foi melhor aceita no Céu, que a orgulhosa confissão do fariseu.

É isto, meus amigos...

Muitas vezes, nós até questionamos a preferência divina.

Este fariseu é tão certinho.

O irmão mais velho do "filho pródigo" é tão trabalhador e tão obediente.

Caifás fora eleito "Sumo-Sacerdote" com todas as honras.

E aqui vai a nossa pergunta:

Será que estas três figuras estarão relacionadas no "Livro da Vida" que apontará os "salvos" no próximo Juízo Final?

De uma coisa eu tenho certeza: Só Deus conhece o interior das nossas almas.

Diz o Salmo 93:

"Quem plantou o ouvido acaso não ouvirá? E o que formou os olhos será que não enxerga?"

E pouco adiante outra afirmação:

"Só o Senhor conhece os pensamentos do homem".

Salmo 93 vv 8,9 e 11.

Só nos resta confiar no perfeito julgamento divino.

Se o Apocalipse nos diz que existe um "Livrão" no "escritório" de Deus vocês podem ter certeza de que os melhores estarão inscritos.

A Mente Divina é justa e perfeita.

Não confie nos intermediários, que se consideram todo poderosos ministros.

Muitos deles nem mesmo permanecerão na Terra higienizada.

A palavra final pertence a Deus.

Deus e o seu Cristo é que vão determinar quem fica e quem será expulso.

"Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra".

O Evangelho de Lucas registra o regresso dos "setenta" discípulos.

Eles se mostravam eufóricos, porque os espíritos malignos fugiam deles.

E Jesus lhes disse:

"Que o motivo de vossa alegria não seja este.

Alegrai-vos, antes de tudo, porque os vossos nomes estão arrolados no Livro dos Céus".

Lucas, 10 v 20.

Louvado seja Deus.


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