Reencarnação na Bíblia

Data: quinta-feira, 8 de abril de 2004

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Talvez de todas as minhas pesquisas, esta seja uma das mais polêmicas:

Nascer em novo corpo é uma controvérsia milenar.

Ninguém esqueça que João Batista foi citado como reencarnação de Elias pelo próprio Jesus.

E o Mestre o fez de maneira categórica, em tom dramático, para que não restassem dúvidas.

Perceba um detalhe muito importante:

Jesus sempre usou frases contundentes:

"Dai a César o que é de César".

"(...) atire a primeira pedra".

"Deus não é Deus de mortos".

"Nem só de pão vive o homem".

Cada frase vale por um compêndio, rasgando horizontes.

O Mestre evitava citações longas.

De repente, porém, nós o surpreendemos falando de Elias e João Batista com excessivas explicações.

Pela solenidade de tantas palavras, algo muito importante está sendo anunciado:

"Ainda que não acrediteis,

Este é o Elias que havia de vir.

Ouça quem tem ouvidos de ouvir!"

Palavras de Jesus, em Mateus, 11 vv 14 e 15.

Realmente, o Rabi Galileu desta vez consumiu palavras totalmente fora de hábito.

Foi longe demais!

Tanta dramaticidade só poderia ter escondido uma grande revelação?

O excesso de palavras expõe o mistério: O espírito do profeta Elias reencarnara em João Batista.

Jesus gastou palavras, para desfazer possíveis dúvidas.

Em Marcos, outra faceta do mesmo diálogo vem configurar uma prova eloqüente de reencarnação:

"Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro?", perguntaram os discípulos.

A resposta de Jesus não deixou margens para contestações:

" Eu vos declaro que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram (...)".

Marcos, 9 vv 11 a 13.

"Fizeram com ele tudo o que quiseram" - esta frase mostra que o espírito de Elias sofrera a cabeça cortada, no corpo do Batista..

Este "fizeram com ele" prova isto:

O espírito de Elias sofrera violencia.

O Velho Testamento já profetizara:

"Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor", diz o Velho Testamento.

Malaquias, 3 v 23.

Tudo se expressa coerente: João Batista é reencarnação do antigo profeta.

Alias, é preciso que se considere mais uma evidência.

O povo judeu acreditava na transmigração da alma de um corpo para outro.

- "Quem diz o povo que Eu sou?"- perguntou Jesus, em Cesaréia de Filipe?"

Se Jesus perguntou a opinião do povo sobre o seu passado, Ele próprio avalizava a doutrina da transmigração?

E a resposta dos apóstolos segue no mesmo rumo: "Para uns" (Tu és) "João Batista; para outros Elias; para outros ainda Jeremias ou algum dos profetas".

Mateus, 16 vv 13 e 14.

Embora de forma confusa, a doutrina da reencarnação encontra-se plenamente configurada.

O próprio Jesus a estimulara, quando fez a pergunta...

...e não lhe fez oposição, quando calou diante das respostas.

Como diz o "povão": "quem cala consente".

Convenhamos que a idéia do povo era absurda.

Vivendo na mesma época, Jesus não poderia ser o Batista e ele mesmo apontara o Batista como reencarnação de Elias.

A confusão gerada pela ignorância não destrói o substrato da crença popular.

"Onde há fumaça há fogo".

O "povão" acreditava que Jesus poderia ter sido o espírito de um dos profetas antigos: Este é o ponto mais importante.

As classes mais cultas de Judá formulavam a mesma crença, de maneira mais coerente.

- És tu Elias? - perguntaram a João Batista, os emissários dos fariseus.

Ele respondeu:

"Eu não sou Elias".

João, 1 v 21.

A pergunta dos escribas, donos de uma cultura maior, demonstra nível diferente de conhecimentos.

Eles queriam saber se o espírito de alguém falecido (no caso Elias) poderia estar reencarnado em João Batista?

Se nós estivéssemos lá, no lugar deles, por certo faríamos a mesma pergunta.

Isto nos coloca na mesma "panelinha".

Os "escribas" que assessoravam os membros do Sinédrio eram tão reencarnacionistas quanto nós, os reencarnacionistas de hoje.

Quem faz uma pergunta desta é porque acredita.

Eu não entendo por que os "biblistas" de hoje fecham os ouvidos para tanta evidência.

Raciocinem comigo, por favor: Se a elite - representada pelos burocratas do Sinédrio - admitiam reencarnação, o resto do povo com certeza alimentava as mesmas idéias.

Como João Batista negasse, eles insistiram:

"Quem és tu? Precisamos levar a resposta aos que nos enviaram". João, 1 v 22.

Pela insistência deles nós percebemos que a interrogação nascera nos altos escalões do Sinédrio.

Portanto, também lá eles acreditavam no renascimento.

Muitos rejeitam nossa tese, baseados simplesmente na negativa de João Batista.

A resposta "eu não sou Elias" é concludente! - dizem eles.

Muito bem! O argumento é válido, mas é fraco.

Lembremo-nos que, em Betânia, quando Jesus se aproximou, João Batista o apontou, dizendo:

"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".

João, 1 v 29.

Apesar deste anúncio, pouco antes de ser degolado, o Batista ainda não tinha absoluta certeza de que Jesus era o Cristo.

Isto revela seu lado fraco: Ele ainda estava confuso.

Como precursor do Messias, ele vacilava no ponto mais importante da sua própria missão.

Escutem o que diz o Evangelho:

"Quando ouviu, no cárcere, falar das obras que Jesus realizava, (...) mandou perguntar-lhe:

És tu aquele que estava para vir, ou devemos esperar por outro?" João, 11 vv 2 e 3

Isto demonstra suas limitações.

O desconhecimento de quem ele fora em outra vida, portanto, é compreensível.

O precursor do Cristo tinha memória curta.

Se sua missão bíblica era "preparar os caminhos do Senhor", o esquecimento da missão revela este defeito de João Batista.

Vou mais longe, ainda, para deixar tudo muito claro.

Os fariseus perguntaram:

- "És profeta?"

Ele respondeu "não".

Jesus o contradisse:

- "Sim! Eu vos digo: Ele é mais do que profeta".

O Batista negou que fosse Elias.

Jesus, mais uma vez, avivou sua memória:

"Ainda que não acrediteis, este é o Elias que havia de vir!"

Agora, eu pergunto:

- Em quem acreditar?

- Em João Batista ou em Jesus?

Disparado na frente, de minha parte, eu fico com Jesus.

Tudo se torna perfeitamente coerente:

João Batista é reencarnação do espírito de Elias.

O Mestre não falou de alguém parecido com o antigo profeta.

Ele foi claro e direto:

- "Elias já veio e não o reconheceram".

Procurando combater estas minhas idéias, certo catedrático me interpelou, indignado:

- Será que nem no paraíso, nós teremos garantia de vida?

- Não vejo onde você pretende chegar? - retruquei.

- É que Deus arrebatou Elias, em carne e osso, para o céu - esclareceu o catedrático. Assim, ele teria que ser morto, no céu, para retornar ao mundo, como João Batista.

Como pode alguém ser carregado em corpo físico para outra dimensão?

É isto aí, meu caro... Cada cabeça uma sentença.

A Bíblia é uma só, mas os intérpretes, meu Deus do Céu...

Eles se multiplicam como coelhos.

Cada um dá o que tem!

Para princípio de conversa, o texto, no Velho Testamento deixa muita dúvida.

"Indo eles, andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; E Elias subiu ao céu, num redemoínho". Segunda Reis, 2 v 11.

Não foi ele que saiu voando: um carro veio buscá-lo.

No meu entendimento, o texto aponta um disco voador.

Deus permitiu que Elias fosse arrebatado, para cumprir missão.

Embora, a terra fosse atrasada, naquele tempo, milhões e milhões de mundos já gozavam os confortos da tecnologia espacial.

Elias, como todos nós, era um cidadão do universo.

A despeito dos meus argumentos, o catedrático continuou na defesa da sua tese:

- Foi Deus que arrebatou Elias. O texto é claro: Elias subiu ao céu, pela vontade de Deus.

Até certo ponto, eu até concordo.

Afinal, não cai um "fio da nossa cabeça" sem que Deus saiba e consinta, como disse Jesus.

Sem o aval divino, portanto, Elias não teria viajado no disco.

Quanto a subir na direção do céu, isto não prova que o "Sétimo Céu" foi alcançado.

Numa festa junina uma criança grita:

- "O foguete subiu p`r`o céu". Isto não significa que o foguete alcançou a morada dos anjos.

O carro de fogo simplesmente foi na direção do firmamento.

Há outras razões que nos impedem de aceitar Elias alcançando o paraíso de "mala e cuia".

"Isto afirmo, irmãos: a carne e o sangue não herdarão o reino de Deus". Primeira Coríntios, 15 v 50.

Dizer que Elias subiu ao céu, em corpo e sangue, portanto, é uma doutrina anti-bíblica.

Também Jesus abordou esta matéria, com bastante clareza:

"Ninguém subiu ao Céu, a não ser aquele que desceu do Céu, a saber - o Filho do homem (...)".

Palavras de Jesus em João, 3 v 13.

Se Jesus afirma ser o primeiro terráqueo que subiu ao Céu, com certeza Elias não terá chegado lá?

Eu ja disse, e vou repetir: Deixo de lado todos os escritores da Bíblia, e aceito Jesus em primeiríssimo lugar.

Nenhum terráqueo tivera morada no sétimo Céu, na afirmação indesmentível do Mestre.

Portanto, amigos teólogos, a suposição de vocês está errada.

Elias não foi para o Céu, de mala e cuia!

Repetimos o texto incontestável:

"Ninguém subiu ao Céu, a não ser aquele que desceu do Céu..."

Palavras de Jesus, em João, 3 v 13.

Suponhamos que Elias tenha realmente "batido as botas", e Eliseu viu o seu espírito no rumo do Céu?

Nada justifica uma exceção, no caso de Elias.

Ao abandonar o corpo físico, pelo desencarne, os espíritos são atraídos pelas colonias espirituais de sua faixa vibratória.

Ali, suas vidas na carne são analisadas, e as feridas da alma são tratadas por mentores espirituais, que o povo denomina anjos.

Ninguém pense, todavia, que estes lugares sejam o Céu.

Eles são apenas um lugar de transição, entre uma vida e outra.

Na parábola do Rico e do Lázaro, Jesus nos abre uma ponta desta cortina do além-túmulo.

O Rico via Lázaro no outro lado, mas não podia alcançá-lo.

Um abismo os separava, diz o texto.

Este abismo com certeza reflete a diferença de evolução.

Todos terão o "cantinho" que mereceram pelas suas obras.

Este "cantinho" será conforme o nosso grau de aperfeiçoamento.

Sétimo Céu? Por favor! Nem pensar...

Um gigantesco abismo nos separa dele.

Demoraremos muito tempo para chegarmos ao Céu.

Fica descartada, por conseguinte, a idéia do arrebatamento de Elias para o Céu.

No meu entender, os argumentos são muito fracos.

Como conseqüência, a tese de que João Batista é a reencarnação de Elias continua de pé.

Apesar de lógica e evidente, porém, a doutrina da reencarnação esbarra na resistência da teologia escolástica.

Há pouco tempo, um desses paladinos da unicidade da vida me abordou, disposto a comprar briga:

- Não há reencarnação! - exclamou. Tudo é balela. Ou aceitamos o Cristo, ou nos perdemos eternamente.

João Batista foi apenas parecido com Elias...

Então ele se ergueu, desafiante, e largou o derradeiro trunfo:

"Quem crer e for batizado será salvo" - exclamou.

- São palavras de Jesus! - disse ele, triunfante. Se o batismo salva, por que reencarnação?

Utilizamos as próprias palavras de Jesus como resposta:

"Quem crer e for batizado será salvo". Marcos, 16 v 16.

Veja que antes do "batizar" encontra-se a palavrinha "crer".

Não existirá o "batizar" sem o "crer".

E Jesus apaga qualquer dúvida sobre o que significa ser um "crente" logo em seguida, nos versículos 17 e 18.

"(...) expulsarão demônios, falarão novas línguas, manusearão serpentes, beberão veneno sem problemas, e, se impuserem as mãos sobre os enfermos, estes serão curados". Marcos, 16 vv 17 e 18.

Pergunte a alguém que se diz "batizado" se é capaz de beber veneno sem problemas?

Se este fulano responder negativamente, fique certo de que ele se batizou antes da hora.

Não valeu!

Neste caso, é preciso ser um mago para ganhar o direito ao batismo? - perguntará alguém.

E nós concordamos.

São poucos os que tem imunidades para beber veneno, sem sofrer danos.

É difícil encontrar "crentes" com este perfil, para alcançarem o verdadeiro batismo.

Por isso Jesus disse:

"Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos".

Pelo jeito, continua a necessidade da reencarnação.

Eu jamais falei que a salvação é fácil. Para os sacerdotes, que viviam com a Bíblia debaixo do braço, Jesus disse:

"Os publicanos e as meretrizes entrarão antes de vós no reino de Deus". Mateus, 21 v 31.

Ressalta-se uma coisa muito importante:

Todos nós somos pecadores.

Se Deus não "renovasse nosso contrato", concedendo-nos novo corpo e nova vida, seria o fim de todos nós.

Entre o inferno eterno da teologia e a reencarnação, qual das duas doutrinas é mais justa, proveitosa e sábia?

Qual delas reflete mais o amor de Deus?

Vocês acham que a mãe ficaria feliz no paraíso sabendo que o seu filho está no inferno?

Na Ruanda da década de sessenta tornara-se difícil sobreviver.

As tribos Tutsis e Hutus faziam guerra.

Juvenal Kibuye se escondera na floresta.

Uma viatura do exército veio em socorro da mãe de Juvenal:

- Eu não arredo pé deste lugar sem o meu filho, disse ela.

E nós lembramos palavras do profeta Isaias:

"Acaso pode uma mulher esquecer seu menino de peito, de sorte que não tenha compaixão do filho de suas entranhas?

"Pois ainda que ela esqueça do seu menino de peito, Eu não me esquecerei de ti"- afirma o Senhor Deus.

Isaias, 49 v 15

O desvelo do Pai Celestial é maior do que o amor da mais extremosa das mães.

Este é o Deus que nós adoramos.

Este é o Deus de Jesus...

...E a reencarnação é o grande instrumento que garante a justiça e a misericórdia do nosso Grande Pai.

Louvado seja Deus!


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