O ABC da Prece

Data: domingo, 31 de outubro de 2004

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O imperador Antonino Pio era sóbrio, clemente e justo. Ele acatava o conselho dos mais velhos, principalmente se fossem sábios. O rabino Judá Ha Nasi tornara-se freqüentador do palácio. Um dia, o imperador lhe fez uma pergunta: - Deve um homem orar o tempo todo? - Esse exagero não é permitido! - respondeu Judá. O nome de Deus não deve ser invocado em vão. O imperador, ligeiramente irritado, retrucou: - No meu entendimento, os deuses merecem adoração perpétua. Nunca serão demasiados os nossos louvores. Judá Ha Nasi não insistiu. No dia seguinte, porém, deu o troco: - Salve, Tito Aurélio Fulvio Antonino, Senhor de Roma e conquistador do Mundo. Ave César, três vezes Augusto! O Imperador sentiu-se lisonjeado com a cortezia. Meia hora depois, porém, o Rabino levantou-se todo impertigado e declamou: - Salve Tito Aurélio Fulvio Antonino, Senhor de Roma e conquistador do Mundo. Ave César, três vezes Augusto! O Imperador manifestou estranheza, mas deu o desconto Com certeza, o rabino esquecera que já o saudara. Dali a pouco, contudo, novamente a conversa é interrompida. O Rabino, em pé, em posição de sentido, repete a saudação. - Salve, Tito Aurélio Fúlvio Antonino, Senhor de Roma e conquistador do Mundo. Ave César, três vezes Augusto. Embora fosse considerado paciente, Antonino explodiu: - Como te atreves a zombar do teu imperador? Que pretendes com esta encenação? Acaso desejas levar-me à loucura? Judá Ha Nasi foi enfático, na explicação: - Meditai, ó César, sobre o que acaba de acontecer. Não suportastes a saudação repetida de uma só pessoa. Como pode o Senhor Deus suportar milhões de desocupados a invocá-lo por nada? O Imperador, cabisbaixo, engoliu a reprimenda.

Orar é muito bom. - Todos concordamos. O exagero da prece, porém, termina sendo questionável. É muito importante analisarmos como tem sido o nosso relacionamento com Deus. Para princípio de conversa, achamos que aquelas orações intermináveis esgotam nossa concentração... Terminamos, como papagaios, proferindo palavras vazias. Como diz o povo: "Tudo o que é demais enjoa". Eu não vejo sentido em ficarmos repetindo intermináveis saudações a Deus. Com certeza, este não será o desejo do nosso Pai Celestial. Aliás, o próprio Jesus censurou o exagero: "Não deveis usar muitas palavras, como fazem os gentios, que cuidam ser atendidos pelo excessivo palavreado. Não os imiteis. Vosso Pai Celestial sabe do que precisais muito antes do vosso pedido". Mateus, 6 vv 7 e 8 No extenso caminho do nosso relacionamento com Deus, a solução será avançarmos com cuidado. Nem tanto ao mar nem tanto à pedra. Não vale ficarmos deitados numa rede, esperando que as nossas carências sejam provisionadas. Minha mãe contava a estória de um homem, que levou pela "letra" o Pai Nosso: Naquela parte que diz "o pão nosso de cada dia nos dai hoje", este "Mané" resolveu teimar: - Não vou mais trabalhar. Se o pão é nosso e basta pedir, eu vou ficar esperando que Deus me traga o pão. Deitou numa rede... e ficou na "campana" observando. Lá pelas tantas apareceu uma broa fresquinha, ainda quente, arrancando-lhe água da boca. O "Mané" estendeu as mãos. O petisco se afastou alguns centímetros. Ele pulou da rede, e começou a correr atrás do pão... ...e o pão sempre se afastando... Ele repetia o avanço, e a broa corria mais uma vez.. Para encurtar a história, diremos que este "Mané" comeu a broa, mas, quando conseguiu alcançá-la estava coberto de suor.

A lição valeu. Deus provisiona o "pão nosso de cada dia"... Mas ele nos dá saúde para que nós o conquistemos pelos meios naturais, com o nosso próprio esforço. Aquele Mané, dali p`ra frente, resolveu trabalhar... Trabalhar era menos cansativo. Quando Jesus disse: "(...) vosso Pai Celestial sabe do que precisais muito antes do vosso pedido"... ...Ele queria apontar a pré-ciência do Pai Eterno, no acompanhamento das nossas vidas... ...Ele queria significar o extremo desvelo de Deus, aplicado na visão completa das nossas carências. Ninguém precisaria esmiuçar seus problemas, trocá-los em miúdos ou detalhá-los com muitas palavras. Antes de você abrir a boca, o Pai do Céu já compreendeu tudo. A exposição do problema, no corpo da prece, é mais para estabelecer a ponte de ligação... ... é mais para ligar a tomada na "corrente". Muitos gurus exigem fotografias, endereços, peças de vestuário, etc., para fazer trabalhos de "descarrego". Se você se dirige a Deus e a Jesus, tudo é dispensado. Três palavrinhas, e Deus e Jesus já entenderam toda a história. Bastará um pensamento do crente sincero, e a benção segue sua trajetória diretamente para o domicílio do enfermo. Muitos cristãos são céticos diante desta vigília do Pai Celestial e do seu Cristo, em torno de nós. Inúmeros têm dúvidas de que sua prece atravesse o telhado da casa. Muita gente ainda vive na dimensão dos cinco sentidos. Poucos acreditam no poder da oração silenciosa, na força prodigiosa do pensamento. O evangelista Mateus narra o encontro do Centurião romano com Jesus. Aquele oficial estrangeiro tinha um servo paralítico, e pediu que Jesus o curasse. Respondeu-lhe o Mestre: "Irei curá-lo". Mostrando sua fé, o Centurião disse a Jesus: "Eu não sou digno de que entres em minha casa. Desejo, apenas, que determines, com uma palavra, e tenho a certeza de que o rapaz ficará completamente curado". Jesus, voltando-se para os seus discípulos, exclamou: "Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé". Mateus, 8 v 10 Voltando-se para o Centurião, o Mestre lhe disse: "Faça-se contigo conforme acreditaste". No mesmo instante, lá na casa do Centurião, o paralítico ficou completamente curado. "Pedi e recebereis" "Batei e abrir-se-vos-á" Embora o Deus Eterno conheça o que é melhor para nós, Ele espera que a porta se abra de nosso lado. A nossa petição representa levantar o telefone do gancho... ...e falar com o Papai do Céu.. - Alô...alô, meu Deus, eu preciso de vossa misericórdia. Vós conheceis meu problema. E expôe a reivindicação, em forma simples e clara. "Pedi e vos será concedido... Procurai e achareis... Batei e abrir-se-vos-á". Palavras de Jesus, em Mateus, 8 vv 7 e 8. Observem: na frente da concessão a exigência do primeiro passo - de nossa parte. A vontade do suplicante deve ficar expressa: "Pedi",    "Procurai",       "Batei..." É claro que O Pai Celestial já sabe que nós vamos tratar "daquele assunto". É indispensável, todavia, que nós ergamos o telefone do gancho, para dizer isto a Deus. Tudo se resume no estabelecimento do diálogo. Depois de familiarizados com a fonte do divino, a conversa vai fluir como água escapando de uma vertente... Todos nós podemos ser encharcados pelo amor de Deus. A controvérsia se eterniza, porém: - Eu não rezo nunca. Deus sabe do que eu preciso... e pronto! Está na Bíblia. Isto disse um amigo meu, se escondendo atrás da Bíblia, para desculpar sua preguiça. Diante deste pronunciamento, todos nós poderemos aquilatar a variedade das conclusões humanas. Uns pecam por excesso de palavras. Outros pecam por ausência absoluta de comunicação. Uns fé demais; outros fé de menos... Desculpem o trocadilho... de muito mau gosto, por sinal... O fato é que tudo nasce da confusão doutrinária. Para tirarmos conclusões definitivas, nós temos que analisar o Evangelho no seu conjunto. Não podemos ficar pescando textos, que oferecem apenas uma visão periférica e circunstancial. As Sagradas Escrituras constituem-se num grande apelo à prece individual e coletiva. Os Salmos são desabafos do homem, conversando com Deus. A Bíblia insiste neste ponto: A oração é um dos elos mais fortes que existe no ser humano. Sem a oração, nós não teríamos forças para escalar o monte. Permaneceríamos eternamente no chão. Huberto Rohden escreveu: "A oração é como que o ingresso da alma na atmosfera da divindade". Jesus vai mais longe: "Digo-vos que qualquer coisa que dois de vós (...) pedirdes unanimemente ser-lhes-á concedida por meu Pai Celestial. Pois onde quer que dois ou três estiverem reunidos, em meu nome, Eu estarei no meio deles". Palavras de Jesus, em Mateus 18, vv 19 e 20. O apóstolo Paulo também foi intransigente defensor da oração. Escreveu ele: "Com ardentes preces e súplicas, pedi, sem cessar, em espírito". Efésios, 6, v 18. Percebam que o Apóstolo fala em suplicas incessantes. - "Pedi, sem cessar", exclama ele. Este "pedi sem cessar" estará em contradição com a economia de palavras preconizada por Jesus? No meu entender, sem sombra de dúvida, não há contradição. O que o Mestre proibiu foram as palavras vazias e inúteis. Quando nosso contato com Deus é feito com paixão, visando um objetivo real, a oração não se prende aos ponteiros do relógio. Nestes casos, a ampulheta do tempo deixa de funcionar. Ray Shipway, operador de salvamento marinho, naquele dia 10 de maio de 1998, encontrava-se numa enrascada. Socorrista, com anos de prática, hoje os papéis estavam invertidos. Outros se encontravam ali, para socorrê-lo. O lodo no fundo do delta formara um anel mortífero, que o prendia, inexoravelmente. Por cima dele encontrava-se a embarcação, que ele se propusera arrancar do fundo das águas. Ray Shipway estava preso no lodaçal. O lodo o rodeava, por todos os lados. Shipway rezava sem cessar. Quando acionou a lanterna, e viu os ponteiros do relógio, percebeu que estava preso há três horas. O pânico tomou conta, por inteiro, de todos os seus pensamentos. - Meu Deus! - gemeu, desesperado. Tende piedade de mim! E continuou rezando sem parar. Depois de cinco horas de trabalho difícil, finalmente Ray Shipway foi arrancado do fundo do delta. O salvamento foi considerado um milagre. Ele foi recebido na barcaça com gritos, aplausos e abraços.

Chegou a hora de perguntarmos: Será que Shipway errou mantendo-se em oração, durante tanto tempo? Neste ponto, com toda a certeza, todos nós concordamos. - Shipway tinha motivos de sobra para se manter suplicante. A necessidade é um gabarito perfeito para definir a extensão de nossa prece. Foi isto que nos ensinou o apóstolo Paulo: "Não vos inquieteis com coisa alguma. Mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades, em fervorosa prece e ação de graças; E a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações". Filipenses, 4 vv 6 e 7. Vejam que o apóstolo Paulo é claro: "Apresentai a Deus todas as vossas necessidades em fervorosa prece..." Nunca será demais repetirmos esta verdade: O Pai Celestial já tem conhecimento antecipado de nossas queixas. Seu desejo porém é que nós estabeleçamos o elo de ligação. A única ressalva importante que a consciência divina nos impõe é a sinceridade. Em matéria de prece, especialmente, nós temos que ser honestos com Deus assim como Deus é honesto conosco. Jesus não desculpou aqueles sacerdotes que oravam por puro interesse financeiro... ...Aqueles que vendiam suas preces: "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque devorais os haveres da viúvas e dos órfãos, a pretexto de longas orações". Palavras de Jesus, em Mateus, 23 v 14. No texto, a condenação decorre pelos dois motivos: O tamanho exagerado da prece... ...e a cobiça que não respeitava o próprio Deus. A ênfase da condenação é o desabafo do Mestre diante da hipocrisia dos sacerdotes do seu tempo. Disfarçados pela prece, eles escondiam o crime de extorsão. E Jesus encerra o libelo, afirmando: - "...mais rigoroso será o vosso julgamento!" Mateus, 23 v 14. Percebam que a prece, embora declamada com belas palavras, pode ser também uma coisa perversa. Diante dos olhos do Espírito Divino, a oração do mau sacerdote será libelo contra ele mesmo. E não falamos apenas do mau padre ou do mau pastor... Pessoas do povo podem desviar a destinação da prece. - Se Deus quiser, a lavoura do compadre Neco vai p`ro brejo, como castigo pelas suas maldades. São evocações deste tipo que contradizem a pureza da oração, transformando sua luz em trevas. Elas não passam de um despacho de magia negra, com todas as suas conseqüências. Magia negra nada mais é do que um pensamento exacerbado de rancor. Eu já escutei algumas vezes até espiritualistas ameaçar: - Tome cautela comigo, porque eu posso te esmagar com o meu "santo". São fórmulas de intimidação, usando os poderes ocultos da mente. Todos nós sabemos que a prece é uma evocação. A devota de Santo Antônio evoca o seu espírito. O espírita clama pela presença do guia. Muitos suplicam diretamente a Deus e a Jesus... Fica perfeitamente claro que todos esperam socorro de alguém superior. Se acreditamos que a entidade solicitada é do "bem", não será contraditório tentarmos usá-la para o mal? No tempo da guerra, sacerdotes alemães benziam canhões e tanques, para que produzissem o maior estrago. Do lado dos aliados contra o "Eixo", a mesma prática. Vejam só que absurdo: Apelo ao Senhor da Clemência para que as armas fossem arrasadoras. Qualquer criança percebe a contradição. A oração jamais poderá estar a serviço da violência do crime. Aliás, o Grande Mestre exigia pureza não só da prece, mas também do crente: "Se (...) estiveres diante do altar para entregar tua oferenda (...) não o faça antes de reconciliar-te com o teu irmão. Depois vem e entrega a tua oferta". Palavras de Jesus, em Mateus, 5 vv 23 e 24. Não adianta querermos enganar a Deus, a Jesus, a "santo" Antonio ou ao nosso guia espiritual. Terminaremos sempre desmascarados... ...e a nossa prece não alcança o telhado das nossas casas. Eu sei que muitas vezes é difícil perdoar... A ofensa excede nossa capacidade. Mas não adianta, meus amigos... Neste campo não existem atalhos. Teremos que "fumar o cachimbo da paz" com o nosso adversário. As palavras do "Pai-Nosso" não deixam alternativas: "Perdoai-nos, Pai, assim como nós perdoamos". Sem perdão, a prece ensinada por Jesus não passa de uma grande mentira. Outra coisa muito importante em nosso relacionamento com Deus é a definição de responsabilidades. Nós reencarnamos com propósitos perfeitamente definidos. É possível que tenhamos escolhido nosso próprio corpo. Incomodarmos Deus, a todo o instante, com nosso "dever de casa" pode atestar indolência. Pode estar ocorrendo conosco aquela "doença" chamada "sindrome da babá": A dificuldade de resolver as coisas sozinho. Muita gente ainda não percebeu que está crescido. Será que o mundo espiritual é obrigado a nos dar atendimento vinte e quatro horas por dia? E o pior, meus amigos, é que alguns exigem atendimento de primeiro mundo ( hotel cinco estrelas, carrão do ano, etc). Ninguem espere este tipo de mordomia, porque terminará caindo do cavalo. Deus é bom, mas nós temos dívidas a saldar. Deus está sempre pronto a socorrer seus filhos. A parte que nos toca, todavia, é coisa nossa. Ao retornar ao corpo físico, pela reencarnação, algumas provações foram aceitas por nós... ...e estes compromissos não podem ser terceirizados. Renascemos para aperfeiçoar nossos espíritos. Se o sofrimento é "moeda de troca" para aliviarmos o carma, vocês acham que basta ajoelhar e tudo será esquecido? Ninguém duvide: as contrariedades prosaicas da vida não são problemas. As contrariedades representam solução. O apóstolo Paulo "recebeu um espinho na carne". Pediu a Deus com insistência que o removesse, mas os Céus permaneceram calados. Paulo estava sendo tentado pela soberba... ...e aquele "espinho" não passava de "moeda de troca" para libertá-lo. Está lá em II Coríntios, 12 vv 7 a 9. Precisamos crescer, minha gente. Vamos dar um exemplo bem prosáico: Uma criança está brincando e acaba caindo. Se ela percebe que alguém está por perto, fica chorando até que este alguém venha levantá-la. Se ela verifica que se encontra sozinha, faz esforços para se erguer pelos seus próprios meios Quando percebe que choramingar é inútil, a criança age por conta própria. É aquilo que nós falamos a pouco: Vamos crescer, minha gente. A "lição de casa" é problema nosso. Se ficarmos implorando socorro, todo o tempo, nos tornaremos "choramingas" desprovidos de qualquer credibilidade. Acabaremos semelhantes àqueles filhotes de tico-tico, com os bicos abertos, esperando que o papai tico-tico deposite a minhoca... Com toda a certeza, meus amigos, não será isto que Deus espera de nós. Deus deseja adoradores que mostrem frutos desta adoração, mostrando a força da prece pelo trabalho... A oração de "Santo" Onofre, na sua cama de palhas, antes de dormir, era uma resenha de alguém ocupado e agradecido: Senhor, balbuciava Onofre, a velhinha da beira do riacho já voltou a comer a sopa... ...A criança que encontrei tiritando de frio, abandonada numa moita de arbustos, encontra-se agasalhada em segurança... ...O jovem alcoolizado que tombou pela fresta da ponte está convalescendo, com vossa graça, Senhor. Para encerrar sua prece, Onofre dizia: Obrigado, meu Deus, e que amanhã quando nascer o sol eu possa gozar a benção de continuar ao vosso serviço.

Harry Russell era pastor no oeste americano. Suas preces tornaram-se famosas, em toda a região. Cerimônias religiosas e cívicas perdiam brilho se não contassem sua presença. As preces de Harry foram sendo aprimoradas cada vez mais. O timbre da sua voz completava a perfeição. Ele sabia usar a entonação mais adequada para cada trecho. Russell tornara-se verdadeiro menestrel de Deus. Certa noite, porém, aconteceu algo que veio abalar suas estruturas. O pastor sonhou que fora levado ao paraíso. - Será que eu morri? - ele se perguntava. Um trio de anjos formou o comitê de recepção. O arcanjo Gabriel veio recebê-lo, pessoalmente: - Pastor Harry, disse ele. A partir de hoje, poderás ocupar o salão nove. Confuso, o reverendo entrou no salão nove. O aposento tinha requintes de luxo e beleza. Era amplo e confortável. De repente, o visitante percebeu estranha galeria de quadros... ...dezenas de telas se espalhavam pelo salão. Em todas as telas o seu retrato. Um pintor genial o retratara, nos acontecimentos mais importantes de sua vida. No primeiro quadro, quando fazia oração entre os seus colegas de formatura. No terceiro, proferindo a prece, no seu primeiro culto. Logo em seguida, abrindo assembléia geral dos pastores... Todos os quadros o focalizavam, em ângulos diferentes, sempre em atitude mística, orando a Deus. Por último, lá estava o ato mais importante da sua carreira: A oração que proferira na posse do presidente dos Estados Unidos. - Parte disto é verdadeiro! - disse Russel ao Arcanjo Gabriel. Eu orei em todos estes lugares. - Sim, exclamou Gabriel. E na mesma hora o pintor divino fez o seu retrato. - Uma coisa, todavia, eu não entendi, disse Harry. Existem telas que não refletem a realidade da minha vida... ...esta aqui, entregando um copo de água a um forasteiro... ...aquela ali, amparando uma velhinha, numa estrada... ...lá no canto, apareço abraçando um enfermo... ...mais além, eu me vejo distribuindo pães a muitas crianças maltrapilhas... Todas estas telas, infelizmente, eu não estou reconhecendo. - Estas telas, disse o arcanjo, representam a expectativa de Deus para alguém que Ele criou tão bem dotado de inteligência. Era isto que o Criador esperava que acontecesse em sua vida. Neste momento, o pastor acordou sobressaltado, como se voltasse de um pesadelo. - Meu Deus, ele gritou. Valeu a revelação. Agora, eu compreendi que sempre fui pássaro com apenas uma asa. Vou mudar de vida, meu Deus. Com vossa graça, de agora em diante, eu trabalharei para adquirir aquela asa do amor que me faltava.

Oração e trabalho, meus amigos, é o caldo certo. Russell tinha razão: O pássaro não pode voar com apenas uma asa. O apóstolo Paulo nos aponta os pilares da verdadeira prece. Ele diz: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor. Dentre estes dons, porém, o maior de todos é o amor". I Coríntios, 13 v 13. Sem amor, a nossa oração jamais será perfeita. Faltará sempre aquela asa complementar. A oração perfeita... ...A prece solidária. Um pássaro voando pelos ares com aquelas duas asas que Deus lhe deu. Não há distância que o passarinho não alcance. Munidos de duas asas, meus amigos, todos nós atravessaremos a porta perolada dos céus... ...no rumo das estrelas. Associar oração e solidariedade é uma certeza da conquista da bênção. Diz a Bíblia: "Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando ele orava pelos seus amigos, e devolveu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra". Jó, 42 v 10. Quando esquecemos de nós, e lembramos nosso próximo, a memória divina se abre como um leque... ...e todas as perdas são recuperadas. A prece solidária é o poder que o Senhor nos concede, para que sejamos felizes e prósperos. Louvado seja Deus!


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