Lúcifer ou Estrela D`Alva?

Data: quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

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Qual o motivo que a tradução protestante da Bíblia chame Lúcifer de Estrela D`Alva?
Realmente na tradução de Ferreira de Almeida nós encontramos:
“Como caíste do Céu, ó Estrela D`Alva?”
Isaias, 14 v 12.
Este mesmo trecho, traduzido pelo padre católico Pereira de Figueiredo fala em Lúcifer:
“Como caíste do Céu, ó Lúcifer?”
A palavra Estrela D`Alva é substituída por Lúcifer.
Para nós, esta diferença de palavras não causa o menor espanto.
Ao contrário, é uma confirmação perfeita daquilo que nós pregamos.
É fato notório que não aceitamos Satanás, como aquela entidade criada eternamente para o mal.
Esta doutrina do vice-deus é antibíblica.
Em nosso entendimento, Satanás é aquela parte egoísta da nossa figura humana que só enxerga o próprio “umbigo”.
É claro que não descartamos a egrégora do mal.
Ela existe, mas é formada pela soma dos maus pensamentos emitidos pelas criaturas humanas.
Onde a Bíblia fala em Satanás ela se refere ao próprio ser humano.
“ Aquele que comete pecado é filho do Diabo(...)” afirma o Evangelista João, em sua primeira carta, 3 v 8.
E é o próprio João quem define:
“ Se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós”.
I João, 1 v 8.
Percebemos aqui um quadro muito claro:
Se o apóstolo João considera “todo mundo” pecador, e o pecador é filho do Diabo, sem exceção todos nós estamos de “rabo preso” no “quartel do maligno”.
A Bíblia diz também que somos “filhos do Altíssimo”.
Existe uma dualidade, portanto.
Algo nos eleva: o nosso Deus interno.
Algo nos derrota: nossa fascinação pelas coisas materiais.
Neste compasso, crimes são cometidos e contabilizados ao lado sombrio da personalidade humana.
Nosso corpo é uma usina de hormônios, e estes hormônios governam reações inesperadas.
Infelizmente, existe um lado da nossa inteligência saturada de egoísmo.
Isto se enquadra ao dizer da Bíblia – “Como caíste do Céu ó Estrela D`Alva?”
O Céu neste caso é a inocência anterior ao despertar do intelecto, quando o ser humano não pecava.
A Estrela D`Alva traz o primeiro clarão depois da noite escura.
O Evangelista usou a imagem para definir a abertura dos olhos do homem.
Infelizmente, porém, esta primeira inteligência vem saturada de egoísmo.
E é este egoísmo que nos faz “balançar” entre o mal e o bem.
Assim como na eletricidade existem os pólos negativo e positivo, nós gozamos períodos de luzes e sofremos períodos de sombras.
A Serpente rastejante do Gênesis e a Serpente exaltada do deserto são símbolos bíblicos destas duas naturezas.
Disse Deus para a primeira Serpente:
“ Andarás te arrastando sobre a terra, e comerás pó todos os dias da tua vida”.
Gênesis, 3 v 14.
Duas são as serpentes...
...duas são as inteligências...
e duas as naturezas.
Este predador chamado homem possui dupla personalidade.
Jesus foi o único que não serviu a dois senhores.
Percebam a configuração nas suas próprias palavras:
“ Assim como Moisés levantou a Serpente no deserto, importa que o Filho do homem seja levantado(...)”.
João, 3 v 14.
Percebam que o Mestre se coloca no lugar da Serpente Exaltada.
Ele (Jesus) nada tem a ver com a Serpente Rastejante.
Chamo a atenção de vocês para mais um detalhe:
A palavra “seraph” (plural “seraphim”) em hebraico significa serpente.
Estudiosos apontam a Serpente rastejante do Éden como Diabo, ou seja – uma entidade eternamente destinada ao mal.
Não concordamos.
O próprio nome da Serpente possui as letras que formam figura de anjo.
Tudo se transforma pela evolução.
A Serpente condenada do Éden se erguerá do pó.
Jamais ocorrerá privação eterna do bem.
A “Seraph” um dia se transformará em “Seraphim”.
O pecador de hoje será anjo.
Esta é a doutrina que coloca o espírito do mal numa condição temporária de ignorância.
Seria sadismo, da parte de Deus, criar alguém condenado a viver, eternamente, longe do bem.
Não somente sadismo, mas também incompetência.
Se os bilhões de humanos que acreditam na reencarnação têm uma solução, por que Deus não a teria?
Alguém acha que o Inferno eterno é uma saída justa?
De minha parte eu considero uma monstruosidade, indigna daquele Deus de amor, no qual eu deposito minha confiança.
Jesus chega e nos garante: “O reino de Deus está dentro de vós”.
João Evangelista desmorona a expectativa, dizendo que somos pecadores, e que todo o pecador é filho do Diabo.
O mistério se esclarece: A nossa personalidade dupla nos força conviver com a luz e as trevas.
Nós somos uma embarcação à deriva no grande mar.
Temos que lutar com todos os ventos.
O fato é que Deus nos concedeu livre arbítrio para resolução de nossos problemas.
As dificuldades são partilhadas por todos.
Todos se encontram no mesmo barco.
“ Se dissermos que não temos pecado a nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós”.
I João, 1 v 8.
O próprio apóstolo se incluía no rol dos pecadores.
O único que passou pela Terra sem pecado foi Jesus.
Inevitavelmente nos tornamos participantes da confraria do maligno.
“ Filhos do Diabo”, na visão do Apóstolo...
...sócios do Inferno.
Culpa de quem?
Voltamos ao início da nossa exposição: A culpa é da Estrela D`Alva ou Lúcifer, como vocês preferirem.
A primeira luz da inteligência egoísta é responsável por todas as nossas dificuldades.
Se continuássemos desprovidos de intelecto não pecaríamos.
Nossos primitivos pais das cavernas não pecavam.
O inocente não peca.
“ Se fôsseis cegos não teríeis pecados”, disse Jesus para os fariseus.
“ Lúcifer cai do Céu como um relâmpago”, no momento em que perde a inocência da ignorância.
Quando nossa visão se abre, nós caímos numa “terra de espinhos e abrolhos”.
Na proporção do crescimento de nossa inteligência, cresce também o grau de nossa culpa.
O apóstolo Paulo escreveu que Adão trouxe o pecado para nosso mundo.
De uma forma especial, eu concordo com ele.
O homem-do-sexto-dia foi inocente até a chegada de Adão.
A malícia dos alienígenas adâmicos é que o sacudiu e tirou do marasmo.
Não fosse isto, e aquela raça estaria dormindo até hoje.
Percebam o que diz a Bíblia, muito depois de sua criação:
“ (...) não havia homem para lavrar a terra”.
Aquela raça criada por Deus entregara-se ao “dolce far niente” da ignorância preguiçosa.
“ Multiplicai-vos” era a única ordem do Criador que ela obedecera.
Só sabia fazer filhos, comer e dormir.
Trabalho? Nem pensar!
O homem-do-sexto-dia foi inocente e folgado até a chegada de Adão e sua raça.
Nesta altura, o caldo engrossou.
A malícia dos alienígenas o sacudiu e tirou da modorra.
Aqueles homens primitivos aprenderam a pecar, no momento em que os adâmicos os ensinaram a pensar.
Naquele minuto foi criada uma lenda: a lenda de Satanás.
O pecado se instalara no planeta Terra.
Jesus fotografou este momento mágico, quando disse:
“ Eu vi Satanás cair do Céu como um relâmpago”.
Lucas, 10 v 18.
Jesus comemorava o grande passo dado por aquela raça.
Nesta altura do campeonato, alguém estará me censurando:
Você parece fazer festa pelo pecado?
Perfeitamente, eu respondo: Estou festejando a abertura dos olhos dos meus irmãos primitivos.
E saibam que não me encontro sozinho.
Escreveu o padre dissidente Huberto Rohden que a Igreja Católica usava um hino chamado “Exultet”.
Neste hino pascal, desde os tempos de Santo Agostinho, a liturgia festeja o pecado.
“Ó Felix culpa! Ó vere necessarium Adae pecatum(...)”.
O pecado que a raça adâmica semeou é glorificado.
Aqui eu concordo com os irmãos católicos.
Ingressar na zona de pecabilidade significou crescimento para aquela gente primitiva.
No meu ponto de vista, isto será sempre motivo de festa.
Uma pergunta está bailando na minha cabeça:
Você gostaria que seu bebê não crescesse?
...que seu bebê permanecesse inerte no berço, choramingando e chupando mamadeira, anos e anos?
Assim, ele não o incomodaria quebrando coisas na sala de visitas.
Sua imobilidade no berço garantiria segurança contra as peraltices normais do crescimento.
Nem babá você precisaria contratar.
Será isto que você deseja para o seu bebê?
Eu acredito que a nossa interrogação serviu apenas para escandalizar os pais.
E assim, vocês me obrigam a formular nova pergunta:
Por que vocês me censuraram quando eu considerei a pecabilidade uma benção?
Os habitantes das cavernas estariam como bebês crescidos até hoje, não fosse a malícia e o pecado trazido pela raça adâmica.
O Pai Eterno viu com ótimos olhos aquele progresso.
O pai humano também prefere ver seus filhos quebrando coisas.
Isto mostra que as crianças estão crescendo saudáveis.
Infelizmente, nada é perfeito: o despertar do satanás adormecido é o efeito colateral do remédio.
Lúcifer é a própria inteligência egoísta.
A abertura da nossa mente, todavia, compensa o prejuízo.
Coisas inevitáveis na evolução.
O fato é que estamos progredindo, e somos obrigados a passar por todas as etapas.
Deus nos concede as ferramentas necessárias para cada ciclo.
Aquela estória do Inferno ou do Céu após uma vida curta já foi descartada.
É coisa do passado.
Aquele Satanás mitológico de chifres, cascos e rabinho virou lenda.
Crianças da nossa geração computadorizada ridicularizam esta figura mitológica, com festa e alegria.
Vocês desejam conhecer autêntico Satanás?
Procurem alguém batendo em crianças, roubando a bolsa de uma velhinha ou queimando índios que dormem no banco da praça.
Todos estes marginais são autênticos demônios.
Só faltam os chifres, os cascos e o rabinho...
...Tais coisas, porém, não passam de ornamentos desnecessários.
Quando falamos vertical lembramos algo erguido no rumo do céu.
Quando falamos horizontal lembramos algo colado à terra.
A Serpente rastejante é símbolo perfeito de uma inteligência ao nível do pó.
Ela forma linha paralela com o chão.
Ao contrário dela, a outra Serpente está na vertical.
“ Moisés fez uma serpente de metal, e a colocou sobre uma haste; aqueles que eram mordidos pela outra serpente olhavam para a serpente de metal e se curavam”.
Números, 21 v 9.
Erguer da horizontal no rumo da verticalidade – eis a questão.
E se nós utilizássemos o mesmo expediente?
Alguém dirá: Isto já aconteceu.
Um pedaço de madeira que estava na horizontal, esquecido no pó da terra, foi pregado num lenho...e formou uma cruz.
Alguém foi pregado naquele mastro...
...e ficou no lugar da Serpente que curava feridas.
Quando rastejante, a Serpente gera problemas...
Quando exaltada, a Serpente os resolve.
Este é o dilema milenar entre o porta-luz chamado Lúcifer e a luz do mundo concentrada no Cristo.
Vocês já devem ter percebido que a Serpente que tentou Eva não estava enrodilhada na árvore coisa nenhuma.
Aquela Serpente era a própria mente da mulher de Adão.
A inteligência satanizada de Eva ditava normas para enfrentar e vencer Deus.
O Criador proibira a simples aproximação daquela árvore.
Quem comesse seus frutos morreria.
A mente satanizada de Eva deduziu que Deus mentira.
- “É certo que não morrereis”, exclamou a inteligência desafiante.
Ela, o marido e toda aquela raça, movidos pela intelectualidade carregada de egoísmo, colheram os frutos proibidos.
Só para efeito de ilustração, diremos que em nossa época uma raça semelhante está colhendo os frutos da mesma árvore.
Os frutos são ogivas nucleares, aviões supersônicos, mísseis e bombas de alto poder destruidor.
Hoje como ontem, a promessa da morte para eles é a transferência dos seus espíritos para um planeta primitivo.
Pelos rumores de guerra, pela violência crescente, pelos rumos da economia – tudo revela que a Serpente continua trabalhando.
Os violentos se apoderaram dos frutos da Árvore da Ciência.
Aqui na Terra, como no Éden, a história se repete.
Satanás não passa daquela inteligência que produz armas, desigualdade social e desesperança.
Entre esta horizontalidade e a vertical divina o caminho é “estreito” e longo.
É certo que o nosso mundo já ficou livre da ignorância primordial do homem das cavernas.
Ainda nos falta, todavia, que nos libertemos do egoísmo, que nos prende na goela do pó.
Lúcifer ainda representa o alicerce da nossa visão egocêntrica.
Desvendando segredos, o intelecto produziu o avião...
...e o colocou a serviço de uma guerra ainda mais cruel.
Todos os sinais indicam que o nosso modelo de vida está se esgotando.
Minha gente, não temos muito tempo.
Vale a pena refletir sobre as coisas eternas.
Só para efeito de ilustração, eu lembro: Os Estados Unidos pretendem criar colônias em Marte até 2030.
Certamente eles levarão suas ogivas nucleares?
Isto nos ajuda a compreender a “proibição” de comer dos frutos da árvore, estando ainda “nu”, isto é, desprovido de moral.
Pelo jeito, os cientistas estão querendo saborear os frutos da árvore, espalhando a guerra nas estrelas.
Deus, porém, está de olho neles.
Eles não perdem por esperar.
O que aconteceu com o planeta Éden vai se repetir no planeta Terra.
Tudo o que está ocorrendo é obra desta inteligência transviada que se chama Lúcifer ou Estrela D`Alva.
É esta inteligência que foi chamada “Príncipe do Mundo”.
Exceto Jesus, todos dançamos no seu compasso.
Nunca esqueçamos que Simão Pedro foi chamado Satanás.
“ Vai para trás, Satanás, pois tu és, para mim, pedra de tropeço”.
Palavras de Jesus, em Mateus, 16 v 23.
Judas Iscariotes também foi apelidado de Diabo.
“ Eu vos escolhi em número de doze. Contudo, um de vós é o Diabo”.
Palavras de Jesus em João, 6 vv 70 e 71.
O Apocalipse reforça a idéia de que o Diabo é o próprio ser humano:
“ Quem tem inteligência calcule o número da Besta, porque é número de homem”.
Apocalipse, 13 v 18.
Para ilustração, eu relembro que esta “Besta” é a maior expressão da perversidade, em nosso mundo.
Quando o Profeta diz “é número de homem” ele nos aponta como médiuns em potencial da fera.
Sempre existirá entre os encarnados, em nosso mundo, alguém revestido desta perversidade suprema.
Este é a “Besta” (o maioral entre os demônios).
Ele consulta o espelho mágico, todas as manhãs, para se certificar se não foi superado, durante a madrugada.
- Espelho, espelho meu, haverá no mundo alguém mais perverso do que eu?
- Não, majestade, responderá o espelho, renovando a carga de grandeza e vaidade no coração da “Besta”.
Alguém me perguntou certa vez: Onde localizaremos esta figura diabólica que corporifica a “Besta”?
Eu ignoro quem seja, mas Deus a conhece bem.
Ela - a Besta - também conhece a sua perversidade, uma vez que se alegra em fazer o mal, e deseja se perpetuar na prática destas maldades.
A concorrência está grande, porém.
Existem malfeitores matando simplesmente para treinar a pontaria.
Estão queimando índios que dormem nas praças.
Filhos e netos estão assassinando pais e avós.
Todas estas figuras estão concorrendo, no mundo inteiro, para serem eleitas a “Besta” do ano.
Está difícil manter a “taça”.
“ Se a luz que existe em vós”, diz o Mestre, “se transformar em trevas, que grandes trevas serão”.
Mateus, 6 v 23.
Vejam que a própria luz, que herdamos de Deus, pode se transformar em escuridão.
Voltamos ao exemplo clássico da censura ao apóstolo Pedro.
Jesus o exaltou: “Bem-aventurado és, Simão (...)”
Jesus o condenou: “Vá para trás, Satanás”.
Entre o elogio e a censura transcorreram apenas alguns minutos.
Demorou quase nada para que a luz do Apóstolo se transformasse na escuridão da invigilância.
“ Vá para trás, Satanás (...) porque não cogitas das coisas de Deus, mas sim das coisas dos homens”.
Mateus, 16 v 23.
A Serpente Rastejante no Apóstolo o jogara de volta ao pó, depois que o Mestre o exaltara.
A inteligência egoísta de Simão Barjonas queria conforto e segurança, numa vida sem sobressaltos.
Jesus olhou para o Apóstolo e viu Satanás no seu interior.
A Estrela D`Alva estava em Pedro.
A primeira inteligência manifestava-se no discípulo desprevenido.
Lúcifer se revelava nas pretensões de Pedro.
Com tanta gente pisando na bola, vocês acham que Deus precisaria criar uma figura especial de malfeitor-chefe?
Fabricar Satanás seria chover no molhado.
Tanta gente faz o papel, sem cobrar cachê.
Falta apenas a Teologia reconhecer esta verdade.
O apóstolo Paulo reconheceu:
“ A carne luta contra o espírito” – escreveu Paulo. “E o espírito luta contra a carne.
Os dois são adversários irreconciliáveis”
.
Gálatas, 5 v 7.
Representante deste corpo cheio de apetites, a mente continua montando esquemas para derrotar o espírito.
Aqui aparece uma pergunta clássica:
- E aquele Demônio que tentou Jesus, no deserto? Se o Diabo não existe como apareceu?
A nossa resposta sempre foi a mesma.
Só Jesus esteve naquela caverna. Diabo nenhum entrou lá.
Dia destes eu assisti, na Televisão, uma pregadora dizendo:
O máximo que o Demônio se aproxima dos fiéis da minha igreja é cinqüenta metros. O poder espiritual o afasta, em todas as tentativas.
Na mesma hora, porém, a pregadora passou para a tentação no deserto.
Com a maior inocência do mundo, ela falou do Diabo afrontando Jesus, cara a cara com Ele, sem o menor respeito.
Carregando o Mestre para um alto monte...
...depois o conduzindo, como um boneco, para o telhado do templo.
É muita ingenuidade desta pregadora.
Afinal, se o Diabo perde força diante dos fiéis de sua igreja, como pode afrontar Jesus daquele jeito?
E acresce uma coisa:
No primeiro versículo do texto, nós ficamos sabendo que o Nazareno estava pleno do “Espírito Santo”. Lucas, 4 v 1.
Isto é completo contra-senso.
Este atrevimento do Diabo mostra o caráter simbólico do texto.
Não esqueçamos que a “letra mata”, como diz a própria Bíblia.
Seria absurdo tomarmos ao pé da letra uma narrativa que aponta o Espírito das Trevas fazendo “gato e sapato” com Jesus.
Tal aceitação pela “letra” tornaria Jesus muito fraco...
...e o Demônio muito forte.
Resumindo: O Diabo não esteve naquela caverna porque ele não existe.
Simplesmente, Jesus travou a última batalha com sua natureza humana.
Sua mente quis dominá-lo:
- “Se me adorares tudo será teu”.
- “Adoração só devemos a Deus”, respondeu o Espírito de Jesus..
Seu Ego insistiu, mas acabou rechaçado:
- “Não tentarás ao Senhor Teu Deus”, rematou o Nazareno.
Lembremo-nos de uma coisa: Naquele início de apostolado, apesar de escolhido, Jesus mantinha vínculos com sua natureza carnal.
Tornara-se imperativo aquele derradeiro teste.
Aos discípulos no caminho de Emaús, o Mestre disse:
“ Porventura não convinha que o Cristo padecesse, para entrar na sua glória?”
Estas palavras mostram que antes de sua ressurreição o Mestre ainda não atingira o ponto mais alto de sua grandeza.
Faltava-lhe “entrar na glória”.
Por isso, naquela caverna do deserto Ele foi testado.
Sua mente carnal batalhou contra o seu espírito.
Se houve indecisão, por mais momentânea, somente Deus a registrou.
O Pai Celestial o deixou livre para escolha de alternativa.
Aquele deserto e aquele jejum foram o teste definitivo.
Agora Jesus encontrava-se pronto.
Palavras atribuídas ao Diabo nos oferecem certeza de que se trata de um símbolo: “Eu te darei este poder (...) porque ele me foi entregue”
Lucas, 4 v 6.
Como pode o Diabo oferecer um poder que ele não tem?
Aqui nós atingimos o grande objetivo de toda a nossa exposição.
Repetimos a pergunta:
Como pode o Diabo oferecer um poder que ele não tem?
Se o Espírito das Trevas estivesse ali na sua frente, Jesus não perderia aquela ocasião para desmascará-lo, citando a Bíblia.
Deus falou pela mediunidade do Salmista:
“ Uma vez falou Deus. Duas vezes ouvi: Todo o poder pertence a Deus”.
Salmo 61 v 11.
Percebam: A Bíblia diz “Todo o poder” e não parte dele.
No momento da ascensão, Jesus também diria:
“ A mim me foi dado todo o poder na Terra e nos Céus”.
Mateus, 28 v 18.
Não resta nada de poder, portanto, para este vice-deus que os homens inventaram.
Se ele realmente existisse, Jesus o teria desmascarado por blefar oferecendo um poder que não era dele.
O Mestre ignorou a oferta porque a idéia surgira de sua própria mente.
Não sei como certos pregadores ainda não perceberam.
Eles, que vivem com a Bíblia embaixo do braço e Satanás na boca, deveriam saber que só Deus e Jesus tem poder para emprestar.
E Deus e Jesus, que possuem cem por cento do poder, com certeza não o emprestarão ao deus do inferno.
A doutrina é tão clara que eu não entendo que alguém a ignore.
Só Deus e Jesus existem no comando do planeta Terra.
O Cristo nos empresta necessária dose deste poder para que possamos progredir espiritualmente.
Se nós trairmos a confiança divina, e usarmos a ferramenta emprestada para o mal, a coisa se complica.
Encarnado ou desencarnado, como espíritos dotados de livre arbítrio, nós então estaremos do outro lado.
Como adversários de Deus, nós assumiremos o papel de Satanás.
Portanto, quando a Bíblia fala de espíritos malignos se refere a seres humanos ainda incapazes de praticar o bem.
Há uma certeza, todavia: todos nós um dia nos libertaremos do mal e seremos perfeitos e completamente felizes.
Louvado seja Deus.

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