Teu olho é a luz do teu corpo

Data: segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

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Estas palavras de Jesus são profundamente misteriosas.
Até mesmo alguns tradutores da Bíblia encontram dificuldades para vertê-las para o nosso idioma.
Exemplares de Ferreira de Almeida - pelo menos alguns que eu possuo - traduzem "olhos" no plural.
Versões do Padre Pereira de Figueiredo e de Huberto Rohden traduzem no singular - "olho”.
Na versão grega, a palavra "oftalmós" significa "olho" no singular.
A dificuldade da tradução encontra-se no fato de que somos munidos de dois olhos físicos.
Alguns tradutores com certeza levam isto em conta.
Consideram o texto errado e terminam interpretando ao invés de traduzi-lo.
Como dizem os italianos: tradutore = traditore (tradutor = traidor).
Para princípio de conversa, diremos que Jesus não falava de nossos olhos físicos.
Embora o símbolo tenha sido tomado dos nossos olhos corpóreos, o simbolizado refere-se ao nosso "olho" espiritual.
Aqui não existem duas aberturas: a visão é uma só.
Dizem os iniciados que este "olho" se localiza na testa, entre as sobrancelhas.
Temos falado na centelha divina, que todas as criaturas humanas possuem:
"A luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo”.
João, 1 v 9.
Este “olho” espiritual é a manifestação deste “reino de Deus” dentro de nós.
O místico espanhol João da Cruz o aponta como espécie de antena que capta as ondas divinas.
Atrás deste olho metafísico existe medula que serve de ligação entre o cérebro e a coluna vertebral.
Esta é uma parte sensível do organismo humano, e tem sido chamada pelos iniciados de "Centro Cósmico".
Através deste Centro Cósmico, as vibrações espirituais penetram pelo olho e são espalhadas pelo corpo.
Vamos repetir o texto do Evangelho, para que tenhamos uma panorâmica da lição de Jesus.
"Teu olho é a luz do teu corpo.
Se o teu olho for simples, todo o teu corpo será luminoso.
Mas se o teu olho for mau todo o teu corpo estará em trevas.
Ora, se a própria luz que existe em ti se houver tornado em trevas, que grandes trevas serão?"

Mateus, 6, vv. 22 e 23.
Há tradutores, que substituem a palavra "simples" pela palavra "bom", para conciliar o oposto de "mau", que se encontra no verso seguinte.
Está errado: O texto grego fala em "haploús", que significa "simples" e "ponerós" que quer dizer "mau".
Santo Agostinho e Santo Izidoro diziam que o "olho" é a intenção que leva o corpo a obrar o bem ou o mal.
O apetite nasce no "olho", e se espalha pelo corpo.
Certa vez eu encontrei um cidadão que estava procurando uma casa que vendesse frango assado.
Isto aconteceu em hora de almoço de um domingo.
Eu apontei a loja, onde ele encontraria o dito regalo.
- Passei agora mesmo por lá! - eu disse.
E rematei: O cheiro está apetitoso.
Ele estendeu um olhar repleto de gula para os lados da casa de assados, que me forçou o riso.
Literalmente, o cidadão babava de gosto.
Aquele homem parecia ter um apetite feroz.

Sem duvida nenhuma.
Mas o fato é que nós não estamos aqui para falar de frango assado nem do almoço de domingo.
Abandonando a parte hilariante, voltemos ao exame do texto.
Se partilhássemos as opiniões de Agostinho ou Izidoro ficaríamos na crosta periférica do assunto.
Voltaríamos ao erro de considerar os olhos físicos como protagonista da história.
Olho viu...
Olho gostou...
Olho exigiu...
Esta é a interpretação mais ou menos aceita nos catecismos e nos cultos dominicais.
Para nós pode ser até o começo da verdade, mas não é a verdade total.
Nós não acreditamos que Jesus tenha envolvido no assunto os nossos olhos carnais.
Uma evidência é a colocação da palavra "olho" no singular.
Se Jesus tivesse se referido aos nossos olhos corpóreos, teria dito "olhos" e não "olho”.
Outra coisa estranha, no texto, é a colocação da palavra "simples" em oposição ao termo "mau".
Por que não o vocábulo "bom" para contracenar com "mau" ou "complexo" em oposição a "simples"?
Se mudássemos o conteúdo das frases seria até mais fácil entendê-las.
É verdade, concordamos.
Não é nossa comodidade que está em jogo, porém.
É a pureza do pensamento de Jesus que é indispensável preservar.
A palavra "simples" define, em profundidade, o pensamento do Mestre.
A termo latino "simplex" é derivado de "sine plica", que quer dizer "sem pregas" ou "sem dobras".
Como explicou Huberto Rohden:
"No mundo simples da racionalidade espiritual não há dobras; tudo é singelo, como a luz branca, síntese de todas as cores”.
"Bondade", na palavra genial do Grande Mestre, é uma coisa completamente diferente de "simplicidade".
A "simplicidade" pode até incluir "bondade", como ingrediente da mesma receita, mas a simplicidade vai além.
"Simplicidade", na acepção em que estamos estudando, é uma espécie de implosão do velho edifício das nossas tradições.
Tornar-se simples é desprender-se do entulho que acumulamos em nossa vida.
Não é só um conceito ético.
É um estado de espírito.
É uma maneira de ser e de viver.
Ninguém pense que esta simplicidade tem a ver com roupa modesta e de pouco preço
Envergar uma roupinha sem luxo e sair apregoando modéstia não significa o espírito da mensagem de Jesus.
Nós estamos tratando de coisas ligadas ao espírito.
Este assunto é completamente diferente.
Ser "simples” na exata proporção do texto em estudo é desprender-se das amarras criadas pela sociedade de consumo.
O cristão não pode viver com água pelo pescoço, como pagão.
O homem profano está se afogando nas águas do oceano que ele mesmo canalizou.
O livro "O fio da Navalha", do escritor Somerset Maughan nos conta a estória de uma jovem, que se apaixonou por um rapaz pobre.
Ele não era pobre assim no sentido comum do termo.
Seremos mais claros se o designarmos sábio.
Ele cultivava outros valores.
Ele sonhava com algo mais elevado e mais sublime.
Ele se desprendera, totalmente, das seduções do poder.
- Sou feliz! - dizia. Ganho suficiente para viver. Por quê mais?
Sua namorada fez tudo para acrescentar ambição em sua vida, mas foram baldados os seus esforços.
Então, ela casou com alguém, rico e poderoso, que tinha melhores condições de “fazê-la feliz”.
Jamais esqueceu, porém, o antigo namorado.
O marido próspero satisfazia todos os seus desejos, e assim aquela jovem procurou disfarçar suas frustrações românticas. .
Dinheiro nunca foi problema.
E ela se acostumou com aquela vida sem sobressaltos.
Tudo ia bem até certo dia em que o marido rico perdeu tudo o que tinha.
Foi aí que a jovem concluiu:
- Fiz uma troca desastrada. Troquei o amor legítimo por mala de dinheiro.

A personagem deste romance exibe o perfil de uma vítima da complexidade.
Aquele moço, ao contrário, se desprendera das complicações mundanas.
Ele tinha o olho espiritual desobstruído da fuligem de enganadoras miragens.
Ele não deixava acumular picumã no elo de ligação entre seu corpo e o Espírito divino...
Vejam que Jesus disse:
“(...) se a própria luz que há em ti se houver tornado em trevas, que grandes trevas serão”.
O personagem do romancista inglês é um exemplo de manutenção do olho místico desobstruído.
A moça da estória já era diferente.
É um caso típico de "olho mau".
Rejeitou aquele que poderia lhe oferecer o tesouro do amor, preferindo amar o tesouro do homem rico...
O Evangelho é muito claro:
"(...)se o teu olho for mau, todo o teu corpo estará em trevas(...)"
Mateus, 6 v 23.
Isto significa que somos responsáveis pela incidência das trevas em nosso canal divino.
Deus nos entrega uma mochila completa, com todas as ferramentas, para bem vivermos nossa experiência na carne.
Deus é tão precavido que nos entrega até mesmo um "olho" pelo qual todos podem vê-lo e conversar com Ele.
No Sermão da Montanha, Jesus prometeu:
“Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus face a face”.
Está lá em Mateus, 5 v 8.
Uma fábula muito antiga, de origem judaica, nos conta que Jesus passou certa vez pelo pátio de um mercado.
Um cachorro morto, mostrando sinais de que fora violentado apodrecia na rua.
O povo, em volta, curioso, fazia comentários:
- Que coisa horrorosa, disse uma jovem, se afastando do local.
- Vira-latas e ladrão deve ter sido, para merecer tamanha violência.
- A pele já está se derretendo de tão podre, exclamou um samaritano, antes de cuspir sobre o cachorro morto.
Foi quando Jesus se aproximou.
Pondo os seus olhos sobre a carcaça poluída, o Nazareno disse:
- Que lindos dentes têm este pobre animal.
Todos em volta contemplam, assombrados, aquele homem que encontrava beleza até mesmo num cachorro morto.
- Como pode alguém encontrar coisa boa neste foco de podridão? Exclamou escriba, manifestando seu desagrado.

O fato, meus amigos, é que o Nazareno enxergava tudo com os seus olhos espirituais.
Esta é a lição.
Olhar todos os seres com a consciência de que o Pai Eterno é o Criador de todos.
Quando os olhos são simples, envolvidos pela compaixão, a mente começa a enxergar beleza em toda parte.
O mundo espiritual não tem pregas, porque o mundo espiritual é formado, basicamente, de luz.
A luz foi a primeira coisa que Deus fez quando criou nosso Universo.
Fiat lux!
“Faça-se luz”, disse Javé.
E os sábios da era atômica exclamam: tudo é luz!
Energia é luz condensada.
Matéria é luz congelada.
É tão profundo este conceito, que chegamos a uma conclusão óbvia:
Se conseguíssemos descongelar todas as matérias e descondensar todas as energias, restaria apenas a luz.
Nada mais que luz.
A luz é a mãe de todas as realidades do mundo físico.
Deus a criou, e ela forneceu o ingrediente para criação de todas as demais coisas.
- Faça-se luz. - disse Deus. E a luz foi feita.
A luz que devemos conservar em nosso "olho simples" é oriunda também desta luz primordial.
No reinado de Ivam, o Terrível, foram condenados alguns paralíticos.
Para encobrir os verdadeiros criminosos, amigos do rei colocaram na penitenciária um grupo de sete entrevados.
Todos sabiam quem cometera o crime, mas ninguém teve coragem de fazer a denúncia.
O grupo inocente permaneceu numa cela minúscula, dormindo sobre colchões imundos, que exalavam cheiro insuportável.
Dá para imaginarmos a tristeza e o desalento que reinava naquela sucursal do inferno.
Quase em completa escuridão, os prisioneiros se encontravam no limite da resistência física e moral.
Não havia mais qualquer esperança.
A própria vontade de conversar se extinguira, tal o estado de prostração em que se encontravam.
Os poucos minutos de sono, durante aquelas noites intermináveis, eram seus únicos momentos de prazer.
Juvenal Ermida, de repente, ergueu-se com dificuldades.
E começou a narrar belezas do mundo, lá fora, onde viviam criaturas livres, alegres e afortunadas.
Ele descreveu um casal de namorados percorrendo o bosque, abraçadinhos, trocando carícias.
Eu vejo uma criança de cabelos cor de ouro treinando seus primeiros passos.
O jardim tem bancos colocados em todas as extremidades...
...e muitas flores.
Velhinhos sorridentes conversam uns com os outros.
Alguns jogam cartas e gesticulam.
Mãe bastante jovem dá de mamar ao pequenino ser que tem nos braços, e mostra imensa alegria em alimentar a criança.
Esta, por sua vez, lhe suga o leite com voracidade.
Um cachorrinho teimoso trepa pelos canteiros, abanando o rabo com alegria.
Juvenal Ermida descrevia tudo com palavras calorosas trazendo alento e ânimo para o pequeno grupo.
Os sete encarcerados esperavam ansiosamente aquele horário para ouvir as narrativas de Juvenal.
Aquelas descrições do mundo colorido além das grades se transformaram numa bênção divina para eles.
De certa forma, eles participavam daquela liberdade...
...De certa forma, eles se consideravam livres.
Era como se um raio de sol entrasse pela grade, e o calor se espalhasse em suas almas.
Visualizavam cada lance, como se estivessem presentes.
Parecia uma réstia de claridade desfazendo a escuridão.
Eles se imaginavam lá fora, ao lado daquela gente feliz.
Nesta altura de tanta expectativa aconteceu a tragédia.
Morreu o narrador improvisado, e os presos terminaram órfãos daquela bênção.
Juvenal Ermida foi vítima de um derrame cerebral.
E agora?
Quem poderia ocupar o lugar do desencarnado na frente daquele retângulo aberto no paredão?
Quem seria capaz de trazer o mundo exterior para dentro daquela cela?
Dentre eles foi escolhido o mais sadio.
Aquele que tinha condições de permanecer mais tempo de pé, descrevendo as cenas cotidianas daquela praça movimentada.
Rafael das Neves terminou eleito por unanimidade de votos.
Ele se ergueu a custo sobre os artelhos vacilantes, se apoiou no ferro da grade, e olhou para fora, cheio de expectativa.
Esperava enxergar uma festa colorida de cores.
Não havia festa, porém, nem praça, nem gente.
Toda aquela região era um charco lodoso, desabitado, cinzento e triste.
O companheiro falecido os enganara, durante todo aquele tempo, enfeitando imagens que jamais existiram.
O companheiro falecido fora mentiroso e cruel.
Rafael das Neves, todavia, não partilhava das queixas.
- Amigos, disse ele. Não sejamos injustos. Muitas vezes eu percebi Juvenal descrevendo as cenas com os olhos fechados.
- É mais uma razão para descrédito, bradou Flávio. Juvenal era mentiroso.
O grupo permaneceu dividido durante muito tempo.
Alguns inocentavam Juvenal.
Outros o condenavam.
Foi neste ponto que a voz eloqüente de Rafael das Neves se ergueu, pedindo atenção:
- Nunca esqueçamos que todos fomos salvos da depressão pelas narrativas de Juvenal.
Se os nossos olhos corpóreos não percebem, isto não implica em falsidade por parte do nosso companheiro.
Com outra visão, e talvez em outros lugares, ele poderá ter visto as cenas que nos repassou com tamanha emotividade.
As palavras de Rafael das Neves silenciaram o grupo.

O Pai Celestial com certeza abrira os olhos espirituais de Juvenal Ermida, criando imagens consoladoras.
Juvenal Ermida possuía aquele “olho simples” de que nos fala Jesus, que não é prisioneiro dos nossos cinco sentidos.
Para além dos muros daquela prisão, Juvenal enxergara uma praça repleta de gente.
Para além dos muros daquela prisão, Rafael percebia apenas um charco sem vida.
Qual deles mentia?
Com toda a certeza nenhum deles.
Ambos disseram a verdade.
Rafael enxergou com os olhos do corpo, na visão estreita dos cinco sentidos.
Juvenal percebeu com aquela visão das águias que descansam no alto das montanhas.
Esta visão, meus amigos, é uma mistura de enxergar e adivinhar.
É um amalgama de ver e de sentir intuitivamente.
Fica claro, portanto, que a nossa intuição espiritual é um componente da divina presença em nós.
Infelizmente, os seres humanos terminam sufocando esta fonte das águas vivas.
É por isso que a vida vai se complicando, crescem as dúvidas e as trevas vão substituindo a luz.
De "simples" que era o "olho", ele passa a ser "mau".
A criatura já não enxerga coisa alguma além das suas conveniências e dos seus apetites.
A consciência se embota, expressando que tudo aquilo que dá prazer é politicamente correto.
Não há limites nem fronteiras em seu horizonte.
A lei da “vantagem” torna-se o único roteiro ético e moral.
Tudo o que é gostoso vai sendo seguido pelos nossos olhos enormes, aumentados pela nossa gula.
E aqui mora o perigo:
Ninguém pode explorar uma caverna escura sem carregar lanterna.
Ninguém será capaz de atravessar os mares da vida sem parceria com Deus, que é o nosso Pai.
Depois de longo jornadear por outras vidas, nós reencarnamos ainda mortais, ressecados e vazios.
Nascemos outra vez, mas continuamos ressecados, mortais, com milhares de dúvidas...
E eu pergunto para vocês:
- O que fazem as mulheres quando enxergam o rosto ressecado e sem vida?
- Óleo nele, é a resposta feminina.
Para o espírito ressecado, a receita é a mesma:
- Óleo nele!
O amor é óleo que nos faz desabrochar para uma vida nova.
O amor é óleo para nossos olhos, faz brilhar a nossa pele e descobre o mesmo brilho nas outras pessoas.
Vejam vocês que na Parábola das Dez Virgens, Jesus narrou a condenação das “Virgens Loucas”, por falta de óleo nas lamparinas.
Por isso elas ficaram na escuridão clamando pelo esposo que perderam.
Faltou óleo em suas lamparinas.
...Faltou amor em suas almas.
Qual foi a conseqüência desta falta de óleo para as virgens loucas?
Todos sabemos: Elas desceram para as “trevas exteriores” nas palavras de Jesus.
“Trevas exteriores” significa escuridão.
E nós lembramos as primeiras linhas desta nossa palestra:
“Se a luz que há em ti se tornarem trevas, que grandes trevas serão”.
A luz só pode iluminar aqueles que conservam sua natural "simplicidade".
Se não houver óleo na candeia, como aconteceu com as "virgens loucas", tudo estará perdido.
Se não houver amor em nossos corações, os nossos olhos espirituais estarão cegos...
...e as trevas estarão dentro de nós.
É como se gigantesca aranha tecesse em nossa volta uma teia e nos prendesse, inexoravelmente...
É lícito vivermos para o trabalho, para recreação e para nossas famílias.
O trabalho também é uma forma de oração.
Todavia, não esqueçamos que é de suma importância buscarmos o alimento espiritual.
Alimentarmos o espírito com a meditação e a prece vai contribuir para melhorarmos a nossa capacidade como seres humanos.
Sejamos práticos e verdadeiros.
Os nossos olhos corpóreos foram feitos para os nossos amigos e familiares.
O nosso “olho místico” foi criado para Deus.
Destacar as prioridades é tarefa de gênio.
“Daí a César o que é de César” é tarefa dos cidadãos preocupados com a comunidade.
“Daí a Deus o que é de Deus”, todavia, deve ser aquela aspiração gostosa de todos nós.
Quem não sente prazer na mística ainda não abriu os olhos para as gloriosas compensações do divino.
Quando Maria estava sentada, aos pés do Mestre, na casinha de Betânia, todos a censuraram por não ajudar sua irmã.
Ela persistiu naquilo que considerava certo, porém.
Ela não permitiu que desviassem seu "olho espiritual" da contemplação do seu Cristo.
Ela estava alegre, feliz e realizada...
Marta, mergulhada nas trevas da complexidade, dispersava suas energias para inúmeros pontos.
Marta não conseguia tranqüilizar sua mente.
Ela vivia tensa, infeliz, desarmonizada com o mundo. .
Chegou uma hora que Marta não suportou mais:
Explodiu, diante do Mestre, chorando suas mágoas.
Conquanto não a condenasse pelo trabalho diligente, o Mestre foi obrigado a destacar a prioridade:
- "Maria escolheu a parte boa, que não lhe será tirada", disse Jesus.

E nós lembramos outras palavras geniais do Evangelho:
"Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas”.
Não será necessário fugirmos do mundo para servir ao Senhor.
Façamos as tarefas mundanas com diligência, sem abandonar as coisas do reino de Deus.
Aos apóstolos, depois de nomeá-los, Jesus recomendou:
“Sede inteligentes como as serpentes e simples como as pombas”.
Mateus, 10 v 16.
Tradução: Olho vivo e simplicidade.
A mensagem de Jesus é clara.
Não desprezar a prudência e a cautela diante do mundo malicioso que enfrentariam.
Manter-se alertas, longe da complexidade, com o olho espiritual escancarado para que nada passe despercebido.
Lembrem que o chamado Lúcifer precisa ficar na retaguarda do Logus.
A inteligência e a malícia de todos nós deverão permanecer atrás do nosso Cristo Interno.
Louvado seja Deus.

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