Soletrando na Cartilha da Fé

Data: terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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Muita gente pensa que acreditar em Deus significa simplesmente afirmar que Ele existe.
Concordamos que esta afirmação é o primeiro passo.
Todavia, entre o reconhecer Deus e a “fé que remove montanhas” existe enorme abismo.
Este abismo será preenchido pela evolução do espírito, em vidas sucessivas de aprendizado.
Nenhuma criança passa diretamente do jardim da infância para a Universidade.
A fé, da mesma forma, atravessa estágios sucessivos de crescimento.
- Prazer em conhecê-lo, nós dizemos a Deus, no primeiro encontro.
E neste ponto começam a acontecer surpresas sempre agradáveis em nosso relacionamento.
O apóstolo Paulo fala num crescimento de “glória em glória”, numa gostosa subida de degraus ao encontro do Divino.
“Com leite vos criei”, afirma o Apóstolo, deixando a “comida sólida” para mais tarde.
O Salmo 37 (ou 36) vv 3 a 6, nos antecipa a atmosfera festiva daqueles que acreditam.
"Deleita-te, no Senhor, e Ele há de satisfazer os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o resto será por Sua conta.
Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu direito como o Sol”
.
Eu acho extremamente consoladora esta expressão do Salmista: "Deleita-te no Senhor(...)"
Esta pequena frase define o mistério da fé.
A verdadeira fé tem que ser uma entrega apaixonada, uma rendição incondicional, uma fusão do humano e do divino,
A fé, dimensionada por Jesus, é um intercâmbio perfeito entre a criatura e o seu Criador.
Certa vez, os apóstolos reclamaram pela demora do Mestre em acompanhá-los até a sala onde se realizaria banquete.
- A comida está esfriando, reclamavam os cozinheiros.
Jesus respondeu:
- "Meu banquete é fazer a vontade de meu Pai".

Esta palavra - banquete - aponta o ingrediente misterioso.
A fé tem que ser gostosa como um banquete.
Lembremos que o Salmista disse: “Deleita-te no Senhor”.
Na ante-sala da presença de Deus, o ser humano só pode esperar o melhor.
Para isto, entretanto, se faz indispensável aquele mergulho de corpo inteiro.
Ninguém poderá dizer que Deus é maravilhoso antes de uma experiência pessoal.
Certa vez, um grupo de sábios resolveu estudar uma fruta, que eles não conheciam.
Os nativos a denominavam - laranja.
Anos e anos, os sábios pesaram, mediram e analisaram aquela misteriosa fruta.
Grau de acidez, tamanho da semente, e todas as demais características foram anotadas e catalogadas.
Discussões acaloradas dividiram o grupo.
Enorme compêndio foi escrito, contendo todas as características da laranja.
Usaram tabelas difíceis, para decompô-la, em todos os seus elementos.
Aqueles sábios realizaram enorme trabalho.
Dissecaram a estranha fruta, em todos os seus aspectos.
Neste momento, uma criança nativa adentrou o laboratório, saboreando uma gostosa laranja.
Tanto era o prazer, que o caldo escorria pródigo pelo queixo daquela criança.
Todos os sábios correram para junto da criança, e o mais curioso dentre os sábios resolveu experimentar a fruta.
Os outros perceberam o que o colega estava sentindo, e decidiram imitá-lo.
Foi nesta altura que a ”ficha caiu”.
Todos perceberam a pequena revelação das pesquisas diante da doçura da degustação da laranja.
Saborear é muito mais revelador do que pesquisar.
O mais velho dentre eles, gargalhando que dava gosto, exclamou:
- O estudo foi vazio, meus camaradas. Saboreando a fruta, aprendi mais do que em todos estes anos de pesquisa.

Saborear algo com prazer é uma forma de integração com este “algo”...
...É uma forma de comunhão...
...É uma forma de compreensão.
A fé, a legítima fé, será sempre uma questão de saborear.
Este termo - saborear - é mais fácil de ser compreendido.
Pelo delicioso saborear nós chegaremos ao perfeito conhecer, e do perfeito conhecer estaremos a um passo do perfeito amar.
Além desta frase - “(...)meu banquete é fazer a vontade de meu Pai(...)”, o Mestre usou a comida como símbolo para outras lições.
Numa das mais polêmicas, Ele disse:
“(...) se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes seu sangue não tendes vida em vós”.
Palavras de Jesus em João, 6 v 53.
Esta é a lição mais tempestuosa do Evangelho.
“Ouvindo este discurso, muitos dos seus discípulos o abandonaram, e já não andavam com Ele”.
João, 6 v 66.
Os apóstolos não entenderam e se afastaram.
Eu teria feito o mesmo, se fosse obrigado a engolir aquele símbolo, marcado pela “letra mortífera”.
Se eu tivesse vivido como seguidor de Jesus, naquela época, teria engrossado a fileira dos desertores.
Abandonaria o barco, como fizeram milhares de discípulos, se vivesse naquele tempo.
Felizmente, pouco depois o próprio Jesus jogou água no fogaréu da controvérsia:
“O espírito é o que vivifica” disse o Mestre.
A carne para nada aproveita.
As palavras que vos digo são Espírito e Vida”
.
Palavras de Jesus em João, 6 v 63.
Agora sim a controvérsia não mais existe. :
“(...)a carne para nada aproveita”, confirma o sentido místico, distanciado de qualquer suporte material.
“A carne para nada aproveita” significa que teremos de excluir a “carne” do contexto.
“As palavras que Eu vos digo são Espírito e Vida”.
Esta frase mostra que a matéria não cabia naquele ensinamento cósmico.
Se alguém utilizar qualquer componente para corporificar o símbolo estará contrariando a essência do Evangelho.
Nem pão, nem vinho, nem carne, nem trigo, nem azeite.
Não cabe a menor partícula de matéria no contexto.
Tudo no ensinamento do Rabi Galileu é espiritual.
“Espírito e Vida”, como Ele mesmo disse.
Assim como nós precisamos do “feijão e do arroz” para conservar nosso corpo em pé, é indispensável também o alimento espiritual.
“Saco vazio não pára em pé”, como diz o povo.
E o que é mais importante: as vitaminas, calorias, sais minerais, etc., ingeridos no alimento, integram nosso corpo e fazem parte dele.
O Mestre utiliza nossa “gula” e nossa “sede” para exemplificar a necessidade daquele outro manjar que é essência divina.
Aquela essência é o Cristo Nosso de cada dia.
Cristo não é sobrenome de Jesus, como muita gente pensa.
Cristo é a essência criadora de Deus corporificada por Ele.
No planeta Terra, Jesus foi o único que alcançou esta “glória”.
Atingindo o grau mais elevado, pela perfeição, Jesus se tornou o nosso Cristo Planetário.
Para manter a vivacidade das nossas almas, é nesta Essência que nós teremos que buscar o alimento espiritual.
A fé nos garante que o Cristo é fonte deste alimento.
Pela oração nós poderemos saciar nossa fome e sede.
Além da fé e da oração, só falta acrescentarmos mais um elemento indispensável - a confiança em Deus.
A confiança em Deus é outro ponto primordial.
A mesa do banquete precisa ter pelo menos três pernas: fé, oração e confiança.
A criança sorrindo, feliz, vem correndo, pela escada, e se lança sem medo nos braços da mãe.
Ela tem confiança.
Ela tem fé!
Ela se solta no espaço sem medo.
Certa vez, crítico de arte teceu comentário negativo sobre o quadro de um artista.
A tela retratava um paralítico curado por Jesus.
- Não está certo, reclamava o crítico. Se este é o momento da cura, por quê a muleta está tão longe?
- Ora, replicou o pintor. A muleta foi lançada longe pelo próprio paralítico. Quando ele se viu curado, sentiu que não mais precisaria dela.
- Não concordo, replicou o crítico. Ele deveria ter esperado a confirmação da cura.
- Neste caso, meu amigo, ele não teria sido curado!

Quem deseja receber algo de Deus, obrigatoriamente tem de confiar.
Por quê Moisés foi considerado um grande profeta, apesar de seu caráter violento?
A resposta é simples: Moisés confiava em Javé.
"Marchou para o Mar Vermelho e as águas se abriram e o seu povo atravessou, a pé enxuto, pelo fundo do mar”.
A confiança do líder consolidou o milagre.
Josué acreditou em Deus:
"Seguiu, com fé, ao encontro de Jericó, e os muros tombaram, diante do seu exército".
E ninguém fique pensando que Deus amava Moisés, amava Josué, mas não ama você?
Não, meus amigos: Isto não é verdade.
Deus ama você, não importa quem seja, nem o que faça, nem a igreja que freqüenta.
Ele ama sua pessoa.
O Pai Celestial não está interessado em sua condição social, política ou religiosa.
Simplesmente, Deus quer que você seja feliz.
Ele deseja lhe oferecer boas coisas.
É vontade dele que sua vida seja plena.
Algumas provações fazem parte do jogo.
Mesmo quando elas aparecerem, nós precisamos continuar tendo confiança em Deus, e a tempestade passará.
A escuridão da noite é necessária.
A escuridão valoriza o sol e claridade do dia.
A fé é uma estrada que nós pavimentamos, durante toda a nossa vida.
De um lado só desce;
De outro ela sobe.
É uma estrada de duas mãos.
Por ela, nós caminhamos para Deus.
Por ela, Deus vem ao nosso encontro.
Para isto, entretanto, nós teremos que eliminar os atoleiros do caminho, para que as idas e vindas sejam possíveis.
Isto é tarefa nossa.
Irmã Olga, missionária que sempre prestara bons serviços, de repente ficou presa ao leito.
Durante cinco longos anos, ela ficou longe do seu querido trabalho de socorro aos pobres.
Ela não conseguia entender a vontade de Deus.
Durante todos aqueles anos, suas preces, invariavelmente, repisavam uma única reclamação:
- Por que, meu Deus? Eu sou tua serva, venho trabalhando em tua seara desde adolescente. As tarefas se acumulam, Senhor...
...E ela se agitava no leito entregue ao desespero.
Irmã Olga não conseguia entender.
Havia brados de revolta em seu coração.
Outros menos úteis que ela gozavam saúde e bem estar.
Os tambores da rebeldia repicavam, quebrando o silêncio da noite.
Sua estrada pavimentada apresentava defeito.
Havia atoleiro no quilômetro sete, impedindo a chegada de Deus.
Ela sentia que suas preces não chegavam ao teto.
Parece que Deus a abandonara.
Finalmente, uma certa manhã, Irmã Olga acordou em sobressalto.
Ela se encontrava alagada pelo seu próprio suor.
Algo acontecera.
Irmã Olga percebeu que alguma coisa mudara, dentro dela.
Irresistível necessidade de rendição incondicional explodira em seu coração.
Toda sua mente crítica se transformou em aceitação espontânea da vontade de Deus.
No mesmo instante, Irmã Olga orou sem nenhuma revolta:
- Senhor, eu estou em tuas mãos. Cumpra-se a tua vontade e não a minha. Se eu tenho que ficar, neste leito, até o fim dos meus dias, eu aceito o que tu queres, Senhor.
Entregando-se, completamente, nas mãos de Deus, a missionária sentiu uma paz jamais imaginada.
A graça de Deus voltara.
A revolta se fora.
Oito dias depois, Irmã Olga deixava o leito, completamente curada.

Quantas horas de oração fizera? Nem ela sabia.
Depois da reconciliação, uma prece apenas fora suficiente.
Por quê?
Porque aquela prece destrancara as portas do Céu.
O atoleiro do quilômetro sete fora consertado.
Não tenham dúvidas, meus amigos:
No mundo espiritual existem leis, e estas leis não falham.
A fé está inserida num mecanismo misterioso, mas suas conseqüências são previsíveis.
Assim como Newton descobriu a lei da gravidade, nos cabe descobrir o mistério da fé.
Vamos imaginar que habitamos um castelo enorme.
Em algum lugar deste castelo existe um tesouro escondido, atrás de uma porta secreta.
Bastará atravessarmos esta porta, e este tesouro será nosso.
Escutem, por favor: porque eu vou revelar a vocês, o quanto é valioso este tesouro.
Jesus falou dele:
"Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: transporta-te daí, e ele será transportado”.
Vejam vocês o quanto vale este tesouro? (O tesouro da fé)
O mágico mais poderoso do mundo não possui fórmula capaz de competir com o “grão de mostarda”.
A fé é mais poderosa que as catapultas guerreiras da antiguidade.
A fé é mais poderosa que bombas nucleares.
A fé é o poder que Deus nos empresta.
A fé é a única força capaz de nos salvar a todos da destruição e da morte.
Como disse o Dr. Oursler:
"A esperança do mundo nesta era atômica não está na física, mas tão somente na fé e na oração”.
Mister Bill havia alcançado aquele ponto extremo.
Um colega ébrio chamado Ebby lhe assegurou que o único remédio era buscar Deus.
Submeter-se a Deus, e dizer:
- Seja feita Tua Vontade, Senhor.
Bill jamais poderia submeter-se à terapêutica de Ebby, porque Bill era ateu convicto.
Bill não acreditava em Deus.
O que havia nele era o desejo desesperado de largar o inferno da bebida.
Mas a tentação sempre acabava vencendo.
Internado em hospital para desintoxicação, pela enésima vez, Bill reconheceu que se encontrava no fundo do abismo.
Ele não tinha mais espaço para descer.
Surpreendeu-se, então, exclamando:
- Deus! Se realmente Tu existe, mostra-te, agora, aqui na minha frente.
No mesmo instante, o quarto de hospital foi tomado por estranha claridade.
Uma luz branca espalhou-se pelo aposento.
Prolongado êxtase imobilizou Bill.
Quando acordou, percebeu que Deus o havia curado completamente.
Agora, Bill tinha absoluta certeza: Deus realmente existia e se compadecera da sua miséria.
Aturdido pela visão insólita, Bill procurou o Dr.William Duncan Silkworth para perguntar-lhe:
- Estarei doido, doutor?
Após interrogatório, o médico lhe forneceu a certeza de que não fora alucinação.
Realmente, o espírito de Deus o visitara.
Este Bill, meus camaradas, é aquela figura maravilhosa que criou os Alcoólicos Anônimos.
Em 1939, este movimento já havia recuperado cem ébrios.
Imaginem hoje a folha corrida desta instituição?
O Pai Celestial visitou Bill naquele quarto tosco de hospital, e o milagre da fé consolidou benesses para o mundo inteiro.
Hoje, ano de 2006, só Deus sabe quantos bêbados inveterados voltaram ao seio das famílias.
Um ex-ateu chamado simplesmente Bill, na sua fragilidade humana, se agigantou pela fé, e retornou aos braços do Pai.

Muitos apóstolos e profetas têm falado da fé, apontando-lhe um poder quase explosivo.
Arquimedes, o sábio grego, reclamava ponto de apoio para remover o mundo.
Jesus desceu para nos dizer que este ponto de apoio é a fé.
Se esta alavanca é tão poderosa, uma pergunta angustiada escapa de nossos lábios:
Por quê a fé, sendo tão poderosa, tem sido tão pouco usada?
Aqui nós penetramos um campo minado.
A fé tem sido esquecida, relegada a plano secundário.
Os homens têm se aplicado, fundo, no estudo das leis físicas.
Desde tempos imemoriais eles vêm conseguindo fazer suas águas subirem montanhas...
Ferro e aço flutuam sobre os mares...
...o espaço exterior foi vencido...
e já chegamos ao solo lunar.
No plano da tecnologia estamos caminhando com rapidez.
O que nos falta é uma pesquisa, igualmente intensa, no campo do espírito, no terreno da fé.
As religiões se fragmentaram, cada uma delas preocupadas em mostrar que são maiores que as outras.
Maiores na construção de templos...
Maiores em número de adeptos...
Maiores na ocorrência de milagres...
Cada dia que passa vão surgindo novos líderes, abrindo outras igrejas, fundamentadas em “vírgulas” da Bíblia.
Qualquer “peninha” serve de pretexto para novidade.
E novos líderes são aclamados.
Aprendizes de feiticeiros vão surgindo em todos os cantos do planeta.
Todos falam da fé.
Infelizmente, porém, tudo se processa na periferia de interesses horizontais, desprovidos da verticalidade.
A fé tem sido moeda de troca desvalorizada pela falta de sinceridade dos seus pregoeiros.
A fé, que valia milhões nos tempos de Jesus, na escala de valores modernos não passará de centavos.
Aqueles que lotam estádios de futebol, em clima de festa,
gritando Senhor, Senhor, será que agradam a Deus?
O próprio Mestre manifestou dúvidas: “Nem todos os que dizem Senhor, Senhor, entrarão no reino dos Céus”, afirmou ele.
Independente de religião, no meu entendimento, crer em Deus significa estar em sintonia com Ele.
Ter consciência absoluta de que Deus está dentro de nós, como ensinou Jesus.
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Ninguém precisaria se esconder na sombra enorme de um templo se soubesse que o Espírito de Deus mora dentro do seu coração.
Li, alhures, numa revista, a história de um homem, que se perdeu no mar, dentro de uma pequena canoa.
Dias e dias, ele flutuou, sem rumo.
Enfrentou ventos e tempestades horríveis.
Ondas enormes sacudiram aquele homem...
... e o perigo se fez presente, durante todo o tempo.
Lutou o quanto pode pela sobrevivência.
- Eu quero viver, Senhor, ele suplicava.
Quando um barco de pescadores o recolheu, são e salvo, uma coisa extraordinária aconteceu.
No mesmo instante, sua canoa se desmontou por completo.
Todos os parafusos e porcas se desprenderam...
Nada permaneceu no lugar.
As tábuas se espalharam sobre as ondas.
Percebam que coisa extraordinária:
A força da sua fé mantivera unidos os artefatos da embarcação, até o momento preciso em que ele foi salvo.
A canoa suportara todas as pressões até o derradeiro segundo em que ele precisara dela.
O poder divino mantivera os parafusos e as porcas nos seus devidos lugares.
Somente após o socorro, a canoa se desintegrara.

Isto, meus amigos, é um testemunho daquele tipo de fé que “remove montanhas”.
Confiança inabalável é o segredo.
Manter a certeza de que Deus está presente.
Foi o átomo desintegrado que moveu o holocausto atômico em agosto de 1945.
Quem diria que toda aquela força dormia placidamente o seu sono no interior do átomo?
A reação em cadeia que ocasionou a hecatombe.
Algo só esperado pelos cientistas aconteceu.
Duas cidades japonesas transformaram-se em cinzas.
A matéria aparentemente inativa se fez tempestade incontrolável.
Isto é uma pálida imagem do poder divino.
Se todas as bombas nucleares depositadas nos Estados Unidos explodissem não teriam a força de um gesto de Deus.
Ninguém duvide
Quando eu era criança, meu pai me levou a uma curandeira, para resolver problema de vermes intestinais.
Ela morava no meio do mato, sem vizinhos e sem amigos.
Ao lado do rancho principal, separado por uma espécie de ponte, outro casebre completava as acomodações.
O marido trabalhava longe, e só vinha visitá-la, de quinze em quinze dias.
- De início eu sofri muito, explicou a mulher. Tinha medo, e atravessava noites e noites sem dormir.
De repente, uma idéia me surgiu.
Comecei a colocar na mesa mais um prato e talheres.
No outro casebre, instalei cama de solteiro, com todas as cobertas.
- Algum hóspede? - perguntou meu pai.
- Da Terra não, disse ela.
O querido hóspede não pertence ao mundo.
Eu nunca o vi, mas sinto sua presença, e confio nele.
Depois que ele chegou, eu nunca mais senti medo.
Eu e meus filhos dormimos em paz. Graças a Deus.

Aquela mulher simples antecipou o que a Bíblia me revelaria depois: que Deus não abandona o mais humilde de seus filhos.
Aquela mulher acreditava, sem reservas, no poder divino.
Embora jamais tivesse visto o seu Benfeitor, ela sabia que ele fora enviado por Deus.
O medo se fora.
Ter fé significa confiar.
Entregar-se de corpo e alma.
Sem conhecer as escrituras, aquela caboclinha do interior me forneceu a primeira lição bíblica da minha vida.
"Os anjos acamparão ao redor da morada dos justos”.
Aquele mesmo Jesus está entre nós, no meio de nós.
Ele nunca se ausentou: Ele nunca dormiu.
"Eu estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos".
Louvado seja Deus.

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