O Lado Avesso do Labor

Data: segunda-feira, 16 de julho de 2007

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Quem coloca a mão no arado e olha para trás não é digno do Reino de Deus”.

Palavras de Jesus em Lucas, 9, v 62.

O sujeito inicia jornada de trabalho e já começa a desviar atenção para todos os lados.

Pretextos não faltam:

- Antes eu preciso passar em casa.

- O meu gás acabou e eu devo comprar outro botijão.

- Estão preparando festa familiar, e meus parentes esperam minha ajuda.

Desculpas aparecem quando alguém deseja “cozinhar o galo”, longe do batente.

Conhecendo a tendência do ser humano para o lado da boa vida, o Mestre fechou a porta ao comodismo:

Quem coloca a mão no arado e olha para trás não é digno do Reino de Deus”.

Ninguém era obrigado a seguí-lo; se o fizesse, todavia, não poderia brincar em serviço.

Jesus não convocara aqueles homens para um piquenique.

Suas recomendações eram radicais:

- “Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias, e a ninguém saudeis pelo caminho”.

Palavras de Jesus, em Lucas, 10 v 4.

Para aqueles que se escandalizarem, lembramos que muita gente leva três malas para passar fim de semana em Curitiba.

Os discípulos do Nazareno não poderiam cometer tais exageros.

Não havia necessidade de levar uma sandália de reserva, e ficar escravo daquele peso extra.

O que mais causa controvérsia, porém, são as palavras do Mestre:

(...) a ninguém saudeis pelo caminho”.

Estas palavras já escandalizaram muita gente.

Será que o Mestre proibiu que cumprimentássemos as pessoas?

Eu não acredito, uma vez que Ele próprio sempre foi acessível e cordial com todos.

Acho que a proibição se referia àquelas rodinhas de “bate papo” em cada encruzilhada.

- Bom dia! Boa tarde!

Como vai a comadre? Como passa o compadre?

E por aí segue a troca de confidências.

Jesus queria evitar longas e improdutivas conversações que retardavam a marcha.

Se o compadre daqui ficasse hora inteira contando estórias para o compadre de lá, as trevas da noite os pegariam na estrada.

Precisamos lembrar que Jesus e os apóstolos peregrinavam a pé, de aldeia em aldeia.

Eles não possuíam carros com cavalos para se locomover.

Era mister apressar o passo.

Este próprio texto mostra o lado fraterno do Nosso Rabi, porém, desfazendo as pretendidas insinuações de indelicadezas:

Ao entrardes numa residência, dizei antes de tudo: A paz seja convosco”.

São recomendações de Jesus, em Lucas, 10 v 5.

Nesta saudação, fica evidente a disposição de quem deseja confraternizar e conviver.

Quem penetra nas casas com votos de paz só pode ter o perfil de alguém delicado e amistoso.

O que Jesus condenou, portanto, foi a “troca de figurinhas” daqueles folgados que atrasavam a marcha, prejudicando os demais.

Estes é que foram advertidos.

As entrelinhas nos dizem que Jesus censurou os preguiçosos, que a pretexto de saudações intermináveis, “cozinhavam o galo”.

A seara é grande e poucos os trabalhadores”, esclarece o Nazareno em Lucas, 10 v 2.

Justifica-se, portanto, que estes “poucos” não desperdiçassem o tempo.

Quem coloca a mão no arado perde o direito de olhar para trás.

Este olhar para trás é aquela síndrome do operário, que consulta constantemente o relógio, para ver quanto falta para o almoço.

Muitas vezes ele até sacode o relógio, desconfiado de que não esteja funcionando.

Elias estava empurrando um enorme fardo de feno, quando Sarita, sua irmã, se aproximou e ficou falando, sem parar.

A mãe, que a escutava, gritou para ela:

- Sarita, aproveite tamanha energia e ajude seu irmão.

De imediato, a jovem obedeceu:

- Vamos lá, disse ela. Força! Tente com as costas. Isto! Agora mais para a direita. Assim...Assim...e Assado!

São muitos os trabalhadores semelhantes a esta Sarita: Eles falam bastante, mas nem tocam no batente.

Falar é fácil: Faça isto, faça aquilo!

Difícil é levantar o fardo...

Este é o grande e grave problema.

E tem mais aquela estória dos dois preguiçosos, que acordaram sem vontade de ir trabalhar.

O pai e o filho moravam num quarto de fundo, no cortiço, sem qualquer vidraça.

O pai disse ao filho:

- Vá lá fora ver se está chovendo. Se estiver chovendo não iremos trabalhar.

O filho encarou a ordem do pai, sem qualquer ânimo.

Sair fora das cobertas era um suplício.

Foi neste ponto que o filho teve aquela idéia luminosa.

- Chame o cachorro, papai. Se ele estiver molhado é sinal que está chovendo, e nós não precisaremos trabalhar.

Era tão grande a falta de vontade de se mexer da cama, que aquela dupla “prodigiosa” criava expedientes insólitos para se proteger.

Esta estória de preguiça é coisa antiga: Ela nasceu no sexto dia da criação, quando apareceu aquela primeira criatura, antes de Adão.

De todas as ordens recebidas de Jeová, aquele homem do sexto dia só atendeu uma.

- “Multiplicai-vos e enchei a Terra”.

Esta tarefa, ele e os seus descendentes cumpriram de maneira completa e perfeita.

- Bastante sexo, mas nenhum trabalho.

Foi tão notável a indolência daquela criatura, que muito após o sétimo ciclo da criação, a Bíblia registrou:

- “(...) não havia homem para lavrar a Terra”.

Gênesis, 2 v 5.

Como pode?

O primeiro homem foi criado no sexto dia?

Já vai longe o sétimo dia, e a Bíblia vem dizer que “não havia homem para lavrar a Terra?”

Alguma coisa está errada.

Não, afirma Moisés, nada está errado: Outro jogador já está no aquecimento para entrar no jogo.

Este segundo personagem chega bem recomendado.

Ele se chama Adão, e já se tornou “alma vivente”, que significa alguém escolado e dinâmico.

Tão escolado que na saída já logrou o próprio Criador do mundo.

Embora malandro e ladrão de fruta proibida, porém, ele vai suprir a deficiência do nosso primeiro homem.

Este Adão não é preguiçoso como aquele outro do sexto dia.

Adão e o seu povo transformaram o planeta Éden num verdadeiro jardim de flores e verduras.

Ao contrário da Terra vazia, nem tocada pelo ancestral do sexto dia, no Éden “brotam árvores agradáveis e repletas de frutas”.

Gênesis, 2 v 9.

Como acontecera com o homem do sexto dia, Jeová também dera “carta branca” aos adâmicos, ainda no Jardim do Éden.

Diz o texto:

(...) e o colocou no Jardim do Éden, para o cultivar e guardar”.

Gênesis, 2 v 16.

Percebam que Adão era trabalhador, enquanto aquele outro era um tremendo vagabundo.

Por isso, nós nunca aceitamos que um e outro fossem a mesma pessoa.

Nunca aceitamos que Adão fosse o primeiro homem.

Muitos descendentes daquele do sexto dia até hoje não foram curados da indolência.

O filho de um casal de Itanhãem, rapazola de 15 anos, estava esparramado na mesa do café, quando a mãe lhe pediu:

- Alex, por favor, leve seu prato para a cozinha.

Ele soltou gemido alto, fez um gesto desesperado, e observou:

- Estou tão cansado...

Cinco minutos depois estava jogando bola na praia, com toda a energia dos seus quinze anos.

Será que este menino estava agindo de maneira enganosa, afirmando que se encontrava muito cansado?

Dois pesos e duas medidas apareciam na atitude daquele moço.

Não podemos tirar conclusões com precipitação, porém.

Muitos de nós adultos procedemos de maneira idêntica ou parecida.

Uma espécie de fadiga crônica aflige milhões de seres humanos, mesmo quando não existem indícios de qualquer doença...

...E a pessoa dorme de maneira satisfatória, durante a noite.

Algumas se sentem cansadas logo de manhã, ao levantar da cama.

Se tudo corre normalmente, em termos de repouso, qual a razão de tanto sono em horas impróprias?

Funcionários de escritório não almoçam fora porque estão sem ânimo para caminhar até o restaurante.

Há dias, aquela dona de casa programou passar o aspirador de pó, na quinta-feira.

No dia marcado, ela diz:

- Hoje estou sem forças.

Aquele outro herói do trabalho trouxe um maço de faturas para conferir no espaço noturno.

De repente perde o ânimo, por completo:

- Vou dormir mais cedo para repor energias.

A fadiga verdadeira é fisiológica, provocada por exercício pesado, trabalho árduo ou alguma doença.

Estes são motivos legítimos.

Anemia ou deficiência da tireóide podem causar indisposição.

Na imensa maioria dos casos, porém, a fadiga crônica origina-se no cérebro ou na falta de vergonha na cara.

É o tédio que se manifesta pela ausência de interesse naquilo que fazemos.

Aquele menino fez um gesto patético de completa exaustão, quando a mãe ordenou que ele levasse o prato para a cozinha.

No entanto, minutos depois ele jogava futebol, como Pelé ou Garrincha, animado e sem preguiça.

No conduzir o prato até a cozinha estava o tédio: no futebol se encontrava o prazer.

É neste intervalo que nós deparamos a diferença..

Verificamos que o cansaço está mascarado, escondido atrás de algo que cresce e diminui conforme as circunstâncias.

Existem, da mesma forma, os gênios que tentaram eliminar por completo a fadiga.

Eles usam a tecnologia para encobrir a preguiça.

Vocês vão ficar assombrados com o expediente criado por um destes inventores.

Este sujeito elevava sua comodidade ao cubo.

Eugênio de Tal foi nosso conhecido de Curitiba.

Ao invés de caminhar como fazem os outros mortais, ele se dizia inteligente por substituir as pernas pelo cérebro.

Aos domingos para pegar o seu jornal, ele usava esquema planejado em todos os detalhes.

Roupão sobre o pijama, ele acionava o automóvel, e abria a porta elétrica da garagem.

Dava marcha a ré até a caixa do correio.

Arriava a janela da correspondência apertando outro botão.

Pescava o jornal com geringonça que ele inventara.

Retornando à garagem, ele a fechava, eletricamente, e logo depois estava na cama descansando e lendo o jornal.

É bonito? Não! Não é bonito não.

Este rapaz terminou com problema sério nas pernas.

Ficou entrevado por falta de exercício.

Nosso corpo foi criado para uso.

Desprezar nossos músculos significará atrofiá-los.

Não existem alternativas: É exercitar-se ou morrer.

A escolha é nossa!

Estamos distantes, todavia, desta predisposição saudável.

Como parte de um curso de estímulo ao socorro de pessoas carentes, as meninas da escola foram convocadas a bordar toalhas.

Deveriam retratar no pano uma virtude cristã.

Beatriz, rápida como sempre, escolheu de afogadilho a palavra “perseverança”.

Muito tempo depois, a ficha caiu: Beatriz percebeu o tamanho da palavra.

Então, tentando disfarçar, ela disse ao pai:

- Vou mudar a virtude, papai. A fé é muito mais importante que a perseverança. Vou bordar a palavra “fé”.

O pai se fez de desentendido.

E saiu de cena, escondendo um sorriso maroto, como quem não percebera o verdadeiro motivo.

Realmente, a fé é um vocábulo bem mais fácil de bordar.

O hábito é este: procurar sempre o expediente menos trabalhoso.

Será oportuna uma pergunta, porém: O menos trabalhoso será o mais divertido?

O menos trabalhoso, em termos de saúde, será o melhor para nós?

A civilização dos nossos dias é a mais adiantada da História.

Com alto padrão de vida, porém, infelizmente, ela criou gente apática e entediada.

Procuramos diversão, como quem procura talismã, pensando restabelecer o equilíbrio.

E ficamos frustrados.

Porque não conseguimos divertir.

Muitos assistentes de soberbas interpretações teatrais se retiram antes de cair o pano.

Na frente da televisão, divagamos, com o pensamento longe da programação, por mais variada que seja.

Olhamos, mas continuamos fora de órbita.

Folheamos jornais e revistas como autômatos, com a mente voltada para outros problemas.

Quando afirmamos que estamos cansados, parece que o nosso desejo é divulgar outra coisa.

- Estou cansado do que estou fazendo seria a explicação mais honesta e verdadeira.

É o modelo de vida que está nos entediando.

Se mudássemos a maneira de viver, estaríamos salvos da mesmice e do desassossego.

A psicose da falta de objetivos claros é que nos deprime.

Um médico famoso nos ofereceu depoimento oportuno e pertinente.

Ele escreveu:

Há pouco tempo, um homem procurou o meu consultório, alegando fadiga crônica.

Os exames revelaram que ele estava em boas condições.

Apesar disso, sentia-se exausto logo pela manhã.

Descobri que ele montara um negócio próspero, e depois o vendera com boa margem de lucro.

Agora, trabalhava como consultor e não tinha preocupações financeiras.

Com idade de 45 anos, vivendo bem com a esposa, aparentemente não sofria pressões de nenhuma espécie.

Tinha tudo para se considerar um felizardo.

Quando lhe disse, todavia, que a sua vida era digna de inveja, conta o médico, a reação daquele homem foi sarcástica.

- Fiquem com ela, disse. De minha parte, eu estou farto.

Este é o ponto xis da questão: As coisas precisam estar boas aqui dentro.

Não adianta ter estabilidade, dinheiro no banco e uma vida familiar estável.

O espírito aventureiro do ser humano quer mais.

O alpinista precisa arriscar a vida escalando a montanha mais alta.

Adquirir coragem para fazer algo inédito, não importa o que?

É necessário refazer estratégias, quando se chega ao fundo do poço.

Persistir na mesmice de uma vida inútil, embora próspera, poderá transformar o idealista numa figura amorfa e vazia.

Para encurtar a história deste personagem descrito pelo médico, diremos que ele empreendeu esta viagem.

Ele saiu do marasmo.

Comprou uma fábrica e lançou novo produto no mercado.

Diz o médico que seis meses depois ele voltou ao consultório.

Agora, entretanto, sua conversa era diferente.

- Estou trabalhando adoidado, disse ele ao doutor. E ainda nem sei se terei lucro.

- Deve ser cansativo? Perguntou o médico.

- Qual nada, respondeu o empresário. Nunca mais senti fadiga alguma.

Esta vítima de cansaço falso se libertou do tédio: A mesmice do cotidiano que o sufocava desapareceu.

No fundo, bem no fundo, o que ele realmente queria era o desafio do desconhecido.

De comerciante que fora ele passou a industrial que desejava ser.

Este é o segredo: pular fora da escravidão do hábito e se libertar das amarras da rotina.

Especialmente no campo religioso, vale uma análise criteriosa.

Se você não sente emoções diante das doutrinas expostas pela sua religião, está no tempo de partir para outra experiência.

Filosofia doutrinária que não fala ao coração faz mal p’ra a saúde.

Insistir naquilo que nos aborrece nos resseca por dentro.

Pule fora enquanto é tempo: não permita que cresçam raízes, para somente depois arrancá-las.

Tenha coragem de dizer não, agora.

- Sim, sim, não, não - foi recomendação de Jesus.

Diga laconicamente ao diretor do seu grupo: Fui! E vá!

E não volte mais.

Se você olhar para trás poderá ser transformado numa estátua de sal, como aconteceu com a mulher de Ló.

Agora, uma coisa é importante que se defina.

Jesus foi bastante claro:

Quem coloca a mão no arado e olha para trás não é digno do Reino de Deus”.

Lucas, 9 v 62.

Ninguém proceda como os seguidores de Moisés, no deserto, que recordavam, saudosos, as panelas fritando cebolas no Egito.

Muitos dentre eles trocariam a Terra da Promissão pelas iguarias da mesa de Faraó.

- Colocar as mãos no arado é o eterno chamamento de Jesus.

A proibição do Mestre se refere apenas ao servidor preguiçoso, que olha para trás, que continua brincando em serviço.

Este é o pecado que não tem desculpa.

Quando selamos acordo com a espiritualidade, precisamos estar inteiramente dedicados ao nosso compromisso.

Será urgente queimarmos as raízes da indecisão.

Bradar numa voz forte e altaneira: Eu quero servir ao Senhor Meu Deus com todas as forças da minha alma.

Depois de fugirmos da rotina não podemos estagiar no esconderijo da indolência.

É preciso substituir de imediato o que nos aborrecia pelo que nos empolga e entusiasma.

Será necessário correr em busca da emoção.

A emoção é a única maneira de fugir do marasmo da preguiça, que é uma tormentosa inclinação do ser humano.

O prazer do desconhecido balança nossas estruturas.

Avançar por “mares nunca dantes navegados”, como dizia Camões.

Estudo de matéria empolgante - esportes, religião, filosofia ou até política.

A escolha deve ser inteiramente sua.

Um legado generoso da sua mente aberta, para o seu espírito sedento.

Qualquer assunto é um prato cheio, desde que você se enterneça e abrace a causa de corpo e alma.

Ide e pregai” foi a ordem de Jesus.

As duas palavrinhas expressam “movimento” e “ação”.

Quem caminha e semeia não ficará inativo.

Ninguém se iluda: Mente desocupada é esconderijo de hordas malignas.

Por isso, eu repito com insistência a suprema necessidade de acordamos para o movimento.

De uma coisa eu tenho certeza: Não existiriam malandros e vagabundos na Terra, se todos tivessem tarefas que lhes dão prazer.

Para que algo forneça este prazer, porém, será indispensável amar o que se está fazendo.

Vai à luta, meu irmão.

Não deixe que a impossibilidade financeira funcione como entrave.

A concretização deste sonho secreto que você alimenta poderá terminar revelando um gênio.

Será um desperdício que a genialidade se dissolva no anonimato de uma vida sem grandeza.

Concretizar sonhos é uma afirmação do nosso “Eu” Superior.

Não adianta misturar estações, empurrando com a barriga as coisas velhas da mente.

É preciso conservar a consciência desperta, ligada ao futuro.

É necessário varrer o entulho do passado.

A raiz da preguiça não se arranca fácil, mas é urgente se empenhar para que esta erva daninha não paralise o nosso entusiasmo.

Um ilustre “confessor” do século dezenove costumava dizer:

- Quando alguém se diz culpado pelo pecado da preguiça, eu já sei que ele é responsável pelos “sete” pecados capitais.

Isto que ele disse é verdade, pois a preguiça é a mãe de todas as demais transgressões.

Ela amortece nossa resistência ao mal, dissolve nossa coragem e deteriora nosso amor próprio.

A preguiça é a causa da maior parte dos nossos males.

Só existe um tipo de preguiçoso, com o qual eu concordei.

Escutei de passagem as suas palavras, certa vez:

Quando o expediente chega ao fim, eu fico com enorme preguiça de largar o trabalho”.

No meu entendimento, este é operário padrão.

O amor que esta criatura sente pelo seu trabalho o faz sentir preguiça, no momento de abandoná-lo.

Isto é o máximo!

Esta é uma preguiça santificada.

Este trabalhador jamais ficará estressado.

Toda esta gama de sentimento de culpa que estressa os humanos se origina da falta de amor pelo trabalho.

Vejam que maravilha:

Ter preguiça de interromper as atividades é uma pujante demonstração da força de todas as virtudes.

Fica claro que o cansaço inexplicável é um disfarce.

Agora, um conselho: O ingrediente essencial na receita será a escolha certa do que fazer.

Nesta ânsia de encontrar panacéia que nos desperte entusiasmo, poderemos assumir algo prejudicial.

Nas horas vagas, estudarei o idioma grego dos tempos de Homero, dirá alguém, de afogadilho.

Dali a pouco aquilo poderá pesar mais que uma locomotiva.

Diagnóstico e receita se encontram errados: Salte fora!

A ocupação que nos dignifica e valoriza não pode aborrecer-nos.

Lembremo-nos das palavras de Jesus:

- “Meu jugo é suave e o meu peso é leve”.

Muita gente se engana com aquela energia demonstrada pelos obreiros que vestem a camisa do Evangelho.

- Eles nasceram com mais saúde do que os outros, dizem os comentaristas de plantão.

Eles são incansáveis!

Não é verdade que eles tenham neurônios a mais.

Os discípulos de Jesus são pessoas como nós, com idênticas deficiências e força muscular equivalente.

A diferença encontra-se na aceitação das regras do jogo.

Eles botaram as “mãos no arado, e não olharam para trás”.

Louvado seja Deus.


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