Depois da Primeira Milha

Data: sábado, 27 de outubro de 2007

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Dia destes, escutei um pregador contrariando ensinamento de Jesus, diante de uma câmera de Televisão.

Dizia ele: Quando vocês determinarem que aquela dor de cabeça vá embora, não será lícito repetir a prece.

Você está determinando e ponto final.

Aquela dor de cabeça, na opinião dele, não poderá ser mencionada, para o futuro.

Insistir na petição será falta de fé.

Este ensinamento foi divulgado em rede de Televisão, atingindo pessoas que não tem oportunidade de estudar Evangelho.

Nada temos contra o emitente desta idéia esdrúxula.

Cada um goza do “livre arbítrio”.

Quando manifestamos nossa discordância, o fazemos para resguardar as pessoas simples mergulhadas em confusão.

Nosso propósito é conservar um Evangelho autêntico, em toda sua pureza original.

Quando os grupos são inúmeros é natural que a competição force o aparecimento de novidades.

Todos querem prevalecer, e por isso desencavam jóias falsas, para impressionar a galera.

A conquista de prosélitos tornou-se verdadeira guerra.

Assistimos uma exaltação religiosa sem precedentes, e é preciso mudar o perfil para se apresentar como nova opção.

No delírio de predomínio sobre as massas, o que vale mesmo é aparecer.

E as palavras são largadas ao vento, como anzóis, em busca de lambaris.

Então, eles imaginam Deus todo perturbado, correndo de lá p’ra cá e daqui p’ra lá para atender as ordens chegadas do planeta Terra.

Eles “tomam posse” da graça e sai da frente, para não ser atropelado.

Eles determinam, e o Pai Celestial tem que atender agora.

E Deus se torna “menino de recados”, atendendo a vontade apressadinha daquela gente.

A obrigação divina é atendê-los com pressa, quando eles determinam.

Isto faz lembrar o que aconteceu com amigo nosso residente em Curitiba.

Ele me contou este fato, sorrindo, até como se fosse anedota:

- Getúlio, você não vai acreditar. No ano de 1998 eu socorri alguém com enormes dificuldades financeiras.

Este sujeito agradeceu com efusão:

- Podes acreditar que jamais esquecerei este teu gesto generoso.

E o meu amigo de Curitiba rematou a estória:

- E ele não esqueceu mesmo: Depois de todos estes anos sem notícia, ele voltou, pedindo socorro, outra vez.

“Qualquer semelhança é mera coincidência”.

Desaparecem da presença de Deus, quando estão abastecidos.

Voltam choramingando, logo depois, quando surge qualquer problema.

O que eles não esquecem mesmo é o depósito divino.

E aquele pregador da Televisão está incentivando estes aproveitadores da “Palavra”.

Vocês já imaginaram o Criador do Universo, todo perturbado, se apressando para atender a urgência de tanta “determinação”?

A humanidade está parecendo aquele filhote de pardal com o biquinho aberto, pedindo comida.

Estes proprietários da Bíblia fabricam ilusões, como se fossem mágicos de circo.

Aliás, por falarmos em Bíblia, será interessante conhecermos a opinião de Jesus sobre esta ordem do pregador de não repetir a prece.

- Não será lícito repetir petição, disse ele.

Na Parábola do Juiz Iníquo, nós verificamos que o pensamento de Jesus é totalmente diferente:

Havia um juiz que não temia nem a Deus nem aos homens.

Uma viúva insistia para que ele julgasse a sua causa.

Importunado pela mulher, o juiz finalmente lhe fez justiça, temendo ser molestado por ela.

Lucas, 18 vv 1 a 5.

No remate da Parábola, o Mestre chamou a atenção para a vitória da viúva pela insistência:

Considerai as afirmações deste juiz iníquo, disse Jesus.

Não fará Deus justiça a quem clama, dia e noite, embora demore em atendê-lo?

Lucas, 18 vv 6 e 7.

A viúva tanto importunou o juiz, que ele finalmente capitulou.

Percebam que as palavras de Jesus recomendam o clamor diurno e noturno, a prece constante, sem esmorecimento.

Será que este pregador que fala em Rede de Televisão não conhece este trecho da Bíblia?

Ou estarão se formando castas privilegiadas, que, ao contrário dos demais, recebem os benefícios na hora?

O Evangelho não favorece esta hipótese de apressado triunfo.

Muito pelo contrário: “Sereis odiados por causa do meu nome, mas aqueles que perseverarem serão salvos”.

Mateus, 10 v 22.

O próprio Paulo de Tarso pediu três vezes que o Senhor o livrasse de um espinho na carne.

Escutem o texto, por favor:

Foi me posto um espinho na carne”, escreveu o Apóstolo.

Pedi três vezes ao Senhor para que o afastasse(...)”

II Coríntios, 12 vv 7 e 8.

Paulo transgrediu o preceito deste pregador da Televisão.

Ele repetiu o pedido duas vezes.

Quem sabe no tempo de Paulo ainda não existia esta casta que “toma posse da graça” e transforma Deus num servo?

Pelo que podemos entender, eles se consideram acima de Paulo.

O Apóstolo aceitou com humildade o silêncio de Deus, e também a recusa em atendê-lo: O espinho permaneceu em seu corpo.

Se Paulo professasse estas idéias da “posse da graça” por certo ficaria livre do espinho.

Isto aponta, de maneira inequívoca, onde se encontra o erro.

Não serão criaturas da Terra, mais ou menos imperfeitas, que vão comandar o Eterno Espírito.

Nós não passamos de pigmeus sobre a face do planeta.

Entregar nossas petições com humildade está certo.

Deus é também nosso Pai, e, dependente da sua vontade, seremos ou não atendidos.

Eu tenho absoluta convicção que o Senhor pode curar as mais perniciosas enfermidades.

Eu sei que Deus nos fará progredir e nos tornará felizes, se esta for a sua vontade.

Eu conheço a capacidade divina de aliviar o peso das nossas cargas.

Agora uma coisa eu declaro:

O Pai Eterno não move uma palha naquilo que é da nossa competência.

Quando estamos num beco sem saída, porém, Ele entra em cena, e resolve.

Fique bastante claro: Deus só faz aquilo que é da sua vontade, no momento que Ele determinar.

Fora disso, tudo o que se disser é pura demagogia.

Não tem sentido explicar diferente, quando a própria Bíblia nos fala outra linguagem.

O profeta Jeremias nos aponta palavras pertinentes:

Ainda que Moisés e Samuel se colocassem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo. Afasta-o da minha presença”.

Palavras de Jeová em Jeremias, 15, versículo primeiro.

Percebam o grau de importância destes dois personagens, e o propósito de Jeová em rejeitá-los como intercessores.

Deus não entregou a eles o direito de determinar a “posse da graça”.

Mesmo Samuel e Moisés, perderiam tempo tentando se apropriar da vontade de Jeová.

No meu entendimento, nem Deus nem o seu Cristo passaram procuração para alguém agir com plenos poderes.

Alguém nesta altura poderá dizer: A Igreja tem estes poderes.

A minha pergunta é: Qual delas? São tantas as Igrejas.

O Evangelho fala de alguém que agia em nome de Jesus, e não pertencia ao grupo.

Alguém que não te segue estava expulsando demônios em teu nome, e nós lho proibimos”, disse o apóstolo João ao Mestre.

Jesus disse com firmeza: Não deveis proibi-lo. Quem não é contra vós é por vós”.

Marcos, 9 vv 37 a 39.

Este forasteiro já formava, naquele primeiro século, uma segunda Eclésia.

E Jesus ordenou: “Não deveis proibi-lo”.

Com estas palavras, o Nazareno deixou sua marca de respeito pelo pensamento livre, colocando-se contra o espírito sectário.

O apóstolo João ergueu-se, indignado, contra aquele atrevido que disputava o poder.

O Mestre, ao contrário, nada enxergou de anormal.

Aquele homem estava realizando o bem?

Que continuasse o seu trabalho em paz.

Percebam que Jesus condena o espírito sectário dos apóstolos.

Uma Eclésia dividida em conta gotas não pode determinar a conduta de Deus.

Aliás, a propósito, valerá repetirmos palavras de Jeová:

Filho do homem” – disse Jeová – “quando uma nação pecar contra mim (...) eu deixarei que seu povo sofra fome”.

E depois de uma pausa Deus disse:

Ainda que lá estivessem Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam suas vidas (...) Tão certo como Eu vivo, eles não salvariam nem seus filhos nem suas filhas”.

Ezequiel, 14 vv 13,14 e 18.

Não adianta dizer que é filho de fulano ou beltrano, e determinar o perdão do pecado.

Prevaricou tem que pagar o preço: É a Lei!

Ninguém pense que a impunidade aqui da Terra vai continuar vigorando na outra vida.

O próprio Jesus, em suas últimas horas encarnado, colocou seu pleito nas mãos do Pai:

Se for possível, Pai, afasta de mim este cálice. Mas que não se cumpra a minha vontade e sim a tua vontade”.

Este é o caminho verdadeiro.

Nada de exigir posse da graça.

O certo será entregar o pleito nas mãos de Deus, adotando sincera e verdadeira contrição.

Podemos repetir a nossa prece uma vez, dez vezes, cem vezes, não importa.

Perseverar na busca da misericórdia do Pai Celestial faz parte do ensinamento de Jesus.

Aliás, nesta altura da nossa exposição será importante verificarmos que a nossa vida profana também exige perseverança.

Ninguém consegue tarefa perfeita, na primeira fornada.

Na primeira fase, ainda seremos aprendizes.

Repetir com paciência terminará dando certo.

Conta-se que Tomás Édison já havia feito novecentas experiências com o filamento para sua lâmpada.

Um assessor do cientista, desanimado, lhe disse:

- Está na hora de desistir, doutor. Afinal, já sofremos novecentas derrotas.

Édison encarou o ajudante, penalizado, e lhe disse:

- Cada uma destas tentativas representou certeza de que aqueles materiais não eram adequados. Caminhamos novecentos passos na busca do filamento certo.

Usando a perseverança, Édison terminou realizando este prodígio da lâmpada elétrica.

Édison fez como aquela viúva da Parábola de Jesus: Bateu novecentas vezes na porta e terminou vitorioso.

Este é o caminho: insistir com Deus, uma, duas, cem vezes.

Mesmo que não mereçamos coisa alguma, o Pai Celestial ficará com pena de nós, e nos atenderá.

Édison não desistiu, e todos conhecem o resultado.

Esta lâmpada foi o começo de uma nova era.

Ninguém pense que o espírito criador é um sinal de aptidão e genialidade. .

Ele é uma inclinação do intelecto, mas se não for acompanhado da perseverança pode fracassar.

A perseverança no agir deve acompanhar tudo: desde a preparação de uma torta de morangos até a construção de um foguete.

Uma criança cresce pelas suas descobertas.

O lento nascer do Sol pela manhã mostra que a Terra gira.

O espanto que a criança sente por uma tarefa bem feita é a sua recompensa.

São pedaços do nosso espírito criador desabrochando.

Na versão cinematográfica “A Comédia Humana” de William Saroyan, um menino vivia perguntando “o que é ter medo?”

Ele não sabia.

Aquela busca mais parecia obsessão.

Num dia de carnaval, um mascarado o assustou, gritando de surpresa com gestos ameaçadores.

Depois do choque, ele exclamou, maravilhado:

- Agora eu sei o que é ter medo.

A mesma coisa diz aquela pessoa de espírito criador, como Édison, no momento que descobriu o filamento certo:

- Agora, eu sei. Agora eu senti.

Após a percepção, aparece o impulso de fazer alguma coisa com o que sentimos e conhecemos.

Porque não adianta armazenar idéias.

Será mister executá-las enquanto acendem suas luzes.

Quando as lâmpadas do entusiasmo apagarem, e você esfriar, poderá considerar a idéia uma tentativa sem futuro...

...um alarme falso.

...um foguete que não explode.

É preciso uma teimosia persistente e perseverante para se produzir alguma coisa.

Até Mozart, que podia conceber movimentos inteiros de uma sinfonia em fração de segundos, tinha de registrá-la, nota por nota.

O suor do trabalho é componente essencial, mesmo quando estamos tratando de genialidade.

Perseverar deve ser o nosso código de honra.

Algumas pessoas insistem na declaração de que não têm idéias.

O que elas estão esperando são idéias grandiosas, revolucionárias.

Enquanto estas não chegam, eles lançam fora as pequeninas, e não se exercitam para quando chegarem as grandes.

Estes não têm paciência para começos modestos.

Não podendo estrear com “pompa e circunstância”, eles preferem desistir de qualquer tentativa.

Helen Keller escreveu:

Quando permitimos que uma resolução ou emoção se dissipe, sem produzir resultados, isto é mais do que perder uma oportunidade. É também o retardamento de realizações futuras”.

Quando desistimos de tomar uma iniciativa concreta, desmontamos todo nosso projeto mental.

Ficamos em débito com o Deus Criador.

Deixamos de cumprir a nossa parte na criação.

Por ambicionarmos o “impossível” perdemos de realizar o “possível”.

Quando exigimos algo do Pai Criador, determinando a nossa vontade, furamos a camada de ozônio das nossas relações com Deus.

Dali p’ra frente estaremos vulneráveis aos raios do poder divino.

Ninguém esqueça que amadurecer é um lento e demorado processo.

Quem cozinha com pressa termina comendo alimento cru.

Conta-se a história de uma mulher, que correu, maravilhada, ao encontro do violinista Fritz Kreisler, e lhe disse:

- Eu daria a minha vida para tocar como o senhor.

- Eu dei a minha! Retrucou o violinista, laconicamente.

É isto que teremos de fazer, se desejamos realmente ser criadores:

- Entregar a nossa vida.

Seja que tarefa for, façamo-la bem feita, não economizando dias e horas de trabalho. .

Este é o caminho certo.

Este é o único caminho.

Dar a vida significa utilizar todas as forças, trabalhando pacientemente com elas.

Dar a vida significa nunca desistir, mesmo quando estamos cansados e até mesmo amedrontados.

Significa amar o que fazemos, não apenas nos seus pontos nobres e agradáveis, mas também nas facetas cansativas do cotidiano.

Significa apego ao objetivo final, através de milhares de tempestades, pesares e até fracassos.

Significa experimentar, errar, errar outra vez, experimentar novamente até acertar.

Um ator de mais de 70 anos só desempenhara papéis pequenos em toda sua vida.

Considerava-se infeliz e fracassado, até que resolveu assumir o seu lugar legítimo.

Ele explicou:

- Um dia – já cinqüentenário - eu compreendi que jamais seria um grande ator. Foi então que eu renunciei a todas as aspirações de grandeza, e resolvi oferecer tudo o que tinha para os papéis que me tocassem.

Fazendo com amor aquilo que se enquadrava na sua capacidade, ele se tornou indispensável para preencher lacunas igualmente importantes.

Uma peça fantástica não faz sucesso apenas pelos seus protagonistas.

Também os pequenos atores valorizam o espetáculo.

Ser criador constitui sempre uma descoberta.

E esta descoberta pode ser a definição da nossa própria imagem, da nossa própria incapacidade.

Reconhecer quem realmente somos é um passo importante.

É uma porta que se abre somente para nós.

Pisar o chão firme da realidade é mais seguro do que transitar sobre areia movediça de sonhos irrealizáveis.

Este é um procedimento que nos cabe conhecer sozinhos.

Assim como nascer ou morrer.

Estabelecida altura da nossa inteligência restará ainda podarmos as arestas e perseverarmos no trabalho.

Jesus disse:

- “Se alguém te obriga caminhar mil passos, caminha com ele dois mil”.

Nada pela obrigação: Tudo pelo prazer de servir.

Exceder a exigência deve ser o lema do cristão.

Insistir no trabalho bem feito, perseverar no aperfeiçoamento, fazer tudo para realizá-lo o melhor possível.

Este é o caminho!

- “Na residência oficial do ex-presidente Franklin Delano Roosevelt eu vi nove esboços de seus discursos”, escreveu jornalista famoso.

O primeiro era apenas um rascunho.

Do segundo ao oitavo, foram, gradativamente, extraídas cada vez menos palavras, até o nono esboço que ficou sem correção.

Somente depois de todos os cortes e adições, o texto seguiu para ser datilografado.

Dale Carnegie recomendava:

A maior habilitação de que uma pessoa precisa para tornar-se um bom orador é a meticulosa preparação da peça oratória.

Uma hora de análise para cada minuto do discurso.

Demóstenes, considerado o maior dos oradores gregos, colocava seixos na boca para exercitar a voz...

...e simulava seus discursos na praia.

Não existem dúvidas: Somente a persistente busca de um ideal, nos aproxima de Deus e do sucesso.

Esta coisa de “determinar” é balela.

Sir William Herschel, pai da astronomia moderna, dispôs-se a fazer o mais perfeito telescópio do mundo.

Teve que aprender a esmerilhar e polir espelhos.

Depois de muitos meses, verificou que as peças ficavam imperfeitas.

Ele fez duzentas tentativas até conseguir telescópio satisfatório.

Brahms levou 20 anos para compor a “Primeira Sinfonia”.

Flaubert passou década escrevendo “Madame Bovari”.

É verdade que estamos falando de gênios.

Podemos não ter os dotes necessários para construir uma ponte.

Compor um poema talvez esteja acima da nossa capacidade.

É possível que nos seja vedado descobrir uma estrela.

Por mais modestas que sejam as nossas aptidões, contudo, usando a imaginação ficaremos ao nível dos gênios.

Pelo menos estaremos usando as mesmas ferramentas.

Quando chegou aquela noite de 2 de janeiro de 1963, o jovem Kaoru Ikeya, de 19 anos, já observava o céu há muitas horas.

Sempre que, ansioso, olhava pelo telescópio que ele próprio fizera, sentia o sangue circular mais depressa.

Kaoru tinha um objetivo traçado: descobrir um cometa.

Aquela era a 109ª noite de busca, registrada por ele.

Depois de examinar o céu para os lados de leste durante uma hora, virou o telescópio para sueste.

Avistou, então, um objeto impreciso que nunca percebera.

Consultou os seus mapas do céu.

Nada se registrara naquele local.

Tornou a conferir a posição meticulosamente, e permaneceu colado ao telescópio, temeroso de que fosse uma ilusão.

A pequena claridade difusa, porém, continuava no mesmo lugar.

Por fim, ele concluiu que se tratava realmente da cabeça de um cometa.

Persistia o grande dilema: Seria um cometa já descoberto?

A dúvida maltratava Kaoru.

Ele estivera todos aqueles anos atrás do “seu” cometa, e não estava disposto a perdê-lo.

Kaoru passou telegrama para o Observatório Astronômico de Tóquio, comunicando dados do cometa:

Três graus a sudoeste da estrela Pi, da constelação de Hidra, e o seu brilho era da décima grandeza.

Depois tomou sua bicicleta e partiu para a Companhia de Pianos Kawai Gakki, onde trabalhava.

Só tem curso secundário, dizia sua ficha.

Num cantinho, a opinião do seu chefe: Faltam-lhe ambição e espírito de iniciativa.

Poucos dias depois, as agências internacionais de notícias divulgavam:

Kaoru Ikeya, de 19 anos, astrônomo amador, utilizando telescópio de espelho, que ele mesmo fez, descobriu o primeiro cometa do novo ano.

Com a descoberta, o Cometa Ikeya-1963a tornou-se alvo de observação e de estudos em todo o mundo.

Uma onda de publicidade saudou a descoberta.

A imprensa invadiu a casa do descobridor.

Levaram-no para diante das câmeras de televisão e microfones de rádio.

Cartas chegavam de todo o mundo.

Ganhou medalha de ouro do Observatório de Tóquio e viu ator profissional encarná-lo num filme intitulado “Olhando Estrelas”.

A história de Kaoru nos revela uma grande verdade: Precisamos perseverar.

Se Deus não nos atende hoje, vamos repetir nossa prece amanhã, depois de amanhã e sempre.

Pela nossa perseverança, alcançaremos a vitória.

Kaoru só enxergou o seu cometa depois de cento e nove noites insones.

O anjo assessor da criação foi chamado:

- Vai a Tóquio, disse Deus, e encaminha os olhos de meu servo Kaoru, para que ele encontre o seu cometa.

Louvado seja Deus.



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