Três Caminhos para Libertação

Data: quinta-feira, 2 de outubro de 2008

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No canal 14, TV Momento, eu fui entrevistado pelo Jaime Lauda, em agosto de 1998.

Lembro-me perfeitamente de uma pergunta feita pelo Jaime:

- Não será incompatível com a Reencarnação o fato de Jesus ter perdoado pecados?

A resposta que dei, há dez anos atrás, continua sendo a mesma.

Em todos estes anos, temos conservado uma linha de coerência absoluta, mantendo-nos dentro dos parâmetros do Evangelho.

Jamais afirmamos que a Reencarnação seja caminho único.

O amor cobre multidão de pecados, reduzindo reencarnações retificadoras.

A iluminação pode substituir nossos apetites, oferecendo prazeres que transcendem os banquetes mundanos.

Eu posso ser extremamente feliz sem uso de qualquer muleta.

No campo místico existem compensações que superam qualquer fantasia.

Todas as coisas prazerosas do universo decrescem no seu valor, quando comparadas com as belezas da mente centrada em Deus.

Se eu não acreditasse nesta possibilidade não estaria pregando Evangelho.

O objetivo principal da divulgação do Evangelho é exatamente apontar o "caminho das pedras".

No momento que alguém despertar para as verdades ensinadas por Jesus ficará progressivamente livre do Carma.

Deus não descerá "raios e trovões" sobre aqueles que, de uma forma ou de outra, estão procurando o equilíbrio.

A correção atinge tão somente os recalcitrantes.

Quem tem os ouvidos fechados precisa da dinamite do susto.

Jesus disse ao paralítico da piscina de Betesda, depois de curá-lo:

- "Não peques mais para que não te aconteça coisa pior!"

Se ele persistisse em cometer aquele pecado que ocasionara a paralisia, nem mesmo Jesus poderia livrá-lo das conseqüências.

Tudo depende de onde se encontra a felicidade para nós.

A nossa ventura poderá se encontrar escondida nas enganadoras folhagens da transgressão.

O rei Davi foi ao encontro da mulher de Urias.

Insistir em tomá-la em seus braços tornou-se obsessão.

Para ele, nada era mais importante que uma noite de prazer com aquela mulher.

Davi é um exemplo pernicioso.

Então, disse Davi a Natã: "Pequei contra o Senhor".

Disse Natã a Davi: "O Senhor perdoou o teu pecado, (...) mas o filho que te nasceu morrerá".

O ser humano arrisca sua segurança e tranqüilidade para ser feliz durante precários minutos.

Quando a aventura termina o estrago aparece.

E muitas vezes é tarde demais para reparação.

E aconteceram mais conseqüências desastrosas no caso do rei Davi.

O perdão não lhe evitou maiores aborrecimentos, além da morte do filho.

Através do profeta Natã, uma profecia sinistra foi desenhada com letras de fogo, em torno do rei Davi:

- "A Urias, Heteu, feriste a espada, e tomaste sua mulher. Agora, pois, a espada jamais se apartará de tua casa".

II Samuel, 12 v 11.

Como correção divina, apesar de ter sido perdoado, Davi viveu o resto de sua vida em sobressalto diante do assédio dos inimigos.

Seu carma não lhe deu sossego.

O perigo nunca esteve longe dele.

A "espada de Dâmocles" foi conservada sobre sua cabeça, para refrear seus desvairados instintos.

Esta passagem nos ensina que perdoar não significa implosão do carma ou completa extirpação das conseqüências do pecado.

Isto é perfeitamente compreensível.

A vítima do estuprador poderá carregar o trauma para sua vida inteira.

Alguém culpado vai cantarolar feliz, sem o mínimo problema -porque foi perdoado - enquanto outro chorará para sempre?

Isto seria consagração da violência e acalento para o agressor.

Por isso se faz indispensável que a justiça seja feita.

Deus não foi leniente com Davi, e não será com qualquer de nós que usar da força para nosso prazer e bem estar.

Escutem mais uma sentença divina para cobrar o crime contra Urias, embora Davi já tenha sido perdoado:

"Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres, e as entregarei ao teu próximo, as quais se deitarão com elas em plena luz do sol".

II Samuel, 12 v 11.

Não é o que dizem os guardiões da Bíblia sobre o perdão de Deus, quando pregam a impunidade, totalmente distanciada da justiça.

O pecado vermelho de repente todo branco é a inocente expectativa do religioso iludido.

Ele aceitou Jesus e lhe disseram que o prêmio é o Paraíso.

E as vítimas do seu passado rolando na cama sem poder dormir.

Neste Deus injusto e pouco prático eu não posso acreditar.

Não é este o ideal divino que eu acalento.

O meu Deus - o Deus da Reencarnação - pode me oferecer mil oportunidades, mas nunca deixará de cobrar a conta.

A impunidade jamais se instalará no seu reino de amor.

Não basta bater no peito e pronunciar fórmulas decoradas.

É preciso um esforço consciente para se libertar do mal.

Ninguém se iluda com os pregadores da impunidade.

O dizimo não vai salvar ninguém.

O perdão é a transferência misericordiosa de um feixe de luz sobre a mente e o coração do espírito endividado.

O perdão evita que o espírito penetre num esquecimento crivado de reticências.

O pecador será iluminado por uma reciclagem consciente de todos os seus erros.

Não será uma fuga pela janela fraudulenta da impunidade.

Será antes um enfrentamento.

Representará um esforço raciocinado para reparar o mal que geramos pela nossa falta de vigilância.

Disse-lhes Jesus: "A paz seja convosco. Assim como meu Pai me enviou, também eu vos envio".

Depois destas palavras, o Mestre "soprou sobre eles, dizendo: Recebei o Espírito Santo: A quem perdoardes os pecados, os pecados lhes serão perdoados".

João, 20 vv 21 a 23.

Decompondo o verbo "perdoar" nós encontramos a raiz "per" e o complemento "doar".

"Per" significa "totalidade" - "plenitude".

"Doar" é o ato de entregar algo, sem exigência de resgate.

"Perdoar", portanto, significa doar a plenitude.

Em primeiro lugar deveremos considerar que somente poderá ser doado aquilo que alguém possui.

Ninguém doa o que não tem

Vejam que o Mestre perdoou inúmeras pessoas, e estendeu este dom na linha vertical, para os seus verdadeiros discípulos.

Espera um pouco, Getúlio, alguém dirá.

- Estes "verdadeiros discípulos" que quem serão?

Acreditamos que estes "verdadeiros discípulos" estão muito bem definidos pelo próprio Evangelho.

Jesus disse: "Um novo mandamento eu vos dou: Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos".

João, 13 vv 34 e 35.

A carteira de identidade foi estabelecida pelo próprio Mestre.

Quando tomamos o amor como característica, os discípulos de Jesus estão espalhados por todas as religiões.

No momento em que o Mestre se coloca como este modelo de amor, a coisa ainda fica mais sublimada.

Você já pensou que o discípulo precisa amar na forma que Jesus ama, para alcançar a condição de apóstolo?

São coisas que se encontram nas entrelinhas que nos dão visão diferenciada do que seja cristianismo.

O discípulo precisa cultivar no coração o mesmo acendrado amor que o Nazareno devotava aos seus assessores.

Se você se considera em tais condições, você pode sair por aí perdoando pecados.

O exercício do amor é indispensável para uma tarefa de tanta importância.

Ninguém duvide.

Já vimos então o verdadeiro sentido das palavras de Jesus.

Perdoar significa uma transferência de plenitude.

Será necessário possuirmos a "plenitude" para concretização desta permuta.

O espírito amoroso de alguém transferindo uma carga de energia luminosa para seu próximo.

Isto significa perdoar, nos termos das palavras de Jesus.

Preencher o vazio do espírito desalentado com a seiva que transborda do coração do verdadeiro apóstolo.

Se a taça do outro estiver cheia do vinagre do orgulho, porém, não haverá lugar para depositar o vinho novo.

O apóstolo precisa ter a plenitude para doar.

O beneficiado obrigatoriamente deverá possuir taça vazia.

São credenciais indispensáveis para que se cumpra o mister.

Lembremo-nos que a natureza não dá saltos.

Ninguém colhe figos fora do tempo.

Não se pode sair por aí distribuindo a plenitude para almas desprovidas de lugares vazios para receber a bênção.

Os grandes videntes enxergam no rosto das criaturas o momento do perdão.

Aquele sacrossanto momento do botão que se abre é notório para os videntes e místicos.

Tem que ser aproveitado.

Antonio de Pádua percebeu aquele bêbado se aproximar.

Ele caminhava vacilante e trôpego, como todos os escravos da bebida.

Tinha, no rosto congestionado, algo como se fosse a máscara de trezentos anos de solidão.

Chegara ao fim do poço.

Encontrava-se vazio, da mente e do espírito.

Antonio de Pádua correu para ele.

Ajoelhou-se, em sua frente, louvando a Deus.

Tomou as mãos do embriagado e lhe disse:

- Bem-aventurado és, porque no futuro alcançarás a condição de mártir do cristianismo.

O bêbado chegou em seu casebre mais morto do que vivo.

A visão do Santo Homem não lhe saía da cabeça.

Por impulso, decidiu nunca mais beber.

Começou a estudar com redobrado empenho.

Integrou-se em comunidade.

E pouco tempo depois foi destacado como missionário cristão na China.

Depois de um resto de vida entregue ao trabalho de socorro, o ex-viciado foi colhido nas malhas da intolerância.

Foi morto pelas autoridades chinesas, por se recusar o abandono da pregação.

Antonio de Pádua chegara no momento certo, o momento do perdão.

Antonio de Pádua derramara a seiva da sua plenitude espiritual naquela alma sedenta de misericórdia.

É desta forma que eu entendo a ordem de Jesus para que seus seguidores perdoassem pecados.

O verdadeiro seguidor do Cristo, fortalecido pelo sopro do Espírito, opera milagres na alma e no coração dos aflitos.

Ninguém será capaz de medir a força do amor em atividade.

Percebam que o vazio da miséria envergonhada daquele bêbado foi preenchido pelo néctar da misericórdia.

Ele se sentiu revigorado diante do apóstolo que valorizara sua condição humana.

Este é um dos trabalhos do missionário cristão: doar algo de si mesmo para equilíbrio e recuperação dos que estão no fundo do poço.

No capítulo 19 de Lucas, nós encontramos alguém nas mesmas condições do bêbado guiado por Antonio de Pádua.

Este se encontrava embriagado pelo dinheiro "sujo" que recebia, como publicano, a serviço de Roma.

Suas noites não eram tranqüilas.

Zaqueu vivenciava pesadelos horríveis.

Fantasmas de muitos que arruinara formavam filas, no seu quarto de dormir, ameaçadores, com os punhos fechados.

Naquele dia, Zaqueu teve conhecimento que Jesus passaria por Jericó, a caminho de Jerusalém.

- Eu preciso vê-lo, exclamou o publicano.

Zaqueu fechou a coletoria mais cedo, para encontrar lugar que lhe proporcionasse visão privilegiada.

Ele queria ver Jesus de perto.

Estava possuído por enorme curiosidade.

As ruas de Jericó estavam repletas, porém.

Sua pequena estatura não lhe permitiria visão perfeita.

Zaqueu ficou extremamente aflito, e percebeu pela respiração apressada o quanto valorizava a presença de Jesus.

Há muitos anos, naquela mesma região, ele escutara palavras de João Batista pregando o arrependimento.

De Jesus, todavia, ele esperava muito mais.

Foi nesta altura que o publicano escutou o recrudescimento da excitação popular.

As vozes cresceram.

Certamente Jesus se encontrava por perto.

Zaqueu trepou lépido numa árvore copada, e ficou escondido, observando.

Quando Jesus chegou ao pé da árvore, aconteceu o inacreditável.

O Mestre ergueu os olhos na direção do publicano, e lhe disse:

- Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.

Lucas, 19 v 5.

Indistintamente, todos murmuravam, considerando incorreto o procedimento do Nazareno.

Zaqueu, todavia, tomado por enorme emoção, declarou seu firme propósito de entregar aos pobres a metade dos seus bens.

"Aqueles que defraudei, receberão quatro vezes o valor do prejuízo".

Lucas, 19, v 8.

Então, Jesus disse:

"Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão".

Lucas, 19 v 9.

O perdão de pecados é isto que o Nazareno fez para Zaqueu: iluminou fortemente a sua consciência, e modificou sua vida.

Não existe mistério nem cerimônia exótica: Simplesmente, Zaqueu foi balançado por uma emoção tão grande que o seu cofre se abriu.

E é Jesus, outra vez, quem afirma:

"(...) o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido".

Lucas, 19 v 10.

Percebam uma coisa: Aquele publicano adorava o cofre no lugar de Deus.

As moedas tilintando sobre a mesa eram o prefixo musical da novela da sua vida.

Certa vez, quando escutara a pregação do Batista às margens do Jordão, ele já fora atingido.

- Contentai-vos com o vosso salário! Dissera João, condenando os apetites do lucro.

Naquela ocasião, ele tivera um abalo na consciência, mas a ambição superara os escrúpulos.

Emudecera a voz do espírito.

Fizera calar o protesto da alma.

Mas lá no fundo da consciência, uma semente pequenina restara de todo aquele processo.

Zaqueu não dormira mais com a mesma tranqüilidade de outrora.

Mesmo com as pálpebras cerradas, ele imaginava aqueles olhos que o fitavam repletos de doçura.

Ele e os seus familiares eram discriminados, no templo e nas sinagogas.

Eram reputados como lixo desprezível - escória da sociedade.

Os judeus odiavam os arrecadadores de impostos.

Sua casa era execrada e maldita.

Ninguém o visitava para não ser vítima de maledicência.

Nesta altura, será fácil entendermos o choque positivo que se operou na mente daquele homem.

Ele aguardava o Rabi da Galiléia com enorme expectativa.

Não estava em suas cogitações, porém, que o Grande Mestre sequer o encarasse.

Hospedar-se em sua casa, então, nem pensar: Era uma idéia tão louca quanto descer uma estrela e pousar em suas mãos.

Aquilo parecera um sonho: "Desce depressa, Zaqueu, pois me convém ficar hoje em tua casa".

Lépido como um adolescente, o homem baixinho desceu da árvore e serviu de guia para que comitiva adentrasse sua casa.

É o que nós já afirmamos hoje, e agora repetimos:

Não é somente pela Reencarnação que nós subimos degraus.

Uma grande emoção vivenciada também poderá preencher o vazio de muitos séculos.

Da mesma forma, o amor cobre verdadeira multidão de pecados, aliviando o peso do carma.

É importante que se esclareça que ninguém pode ficar isentando os outros de culpa, sem o lastro do arrependimento sincero.

Em nossa maneira de entender, a ordem do Mestre foi que os seus discípulos distribuíssem feixes de sua luminosidade.

Substituir o desânimo dos vencidos pelo ânimo dos vencedores.

Doação da plenitude é aquilo que Jesus recomendou: Que os seus discípulos desfizessem a escuridão do pecado.

Na primeira metade do século passado, a prisão de Sing Sing poderia ser definida por apenas um adjetivo - horrorosa.

De lá p'ra cá as coisas melhoraram, e grande parte disto se atribui a uma mulher extraordinária: Kathryn Lawes.

Esposa do diretor do presídio, ela representou verdadeiro sol naquele depósito de perigosos facínoras.

A sua preocupação com os detentos não conhecia limites.

Um deles, cego, ela providenciou que aprendesse Braille.

Um apenado surdo foi destacado como serviçal em sua casa.

Ela aprendeu a linguagem dos sinais, para facilitar a comunicação com ele.

Sempre que possível Kathryn agia em absoluto segredo.

Charles Chapin, que fora condenado a prisão perpétua, pela morte da esposa, disse dela:

- Eu fui abordado com palavras de conforto em nosso primeiro encontro: O senhor tem o semblante de pessoa de bem, dissera Kathryn.

Esta era a personalidade de Kathryn Lawes.

Ela demonstrava confiança, como forma de respeito aos apenados.

Ela se compadecia deles.

Ela os amava, com amor de irmã.

Circulava por toda parte, sem o acompanhamento de seguranças, inclusive pela Casa da Morte que era um estopim de ódio.

Suas filhinhas Kathleen, Crystal e Joan Marie caminhavam sozinhas por todas as dependências, e jamais foram molestadas.

O ambiente sinistro da prisão foi gradativamente suavizado e os próprios presos iniciaram o cultivo de flores.

A harmonia gerou segurança, a ponto de Kathryn desabafar:

- Meus filhos e eu nos sentimos mais seguras aqui dentro do que em qualquer outro lugar.

Quem possui, interiormente, nem que seja um feixe pequeno de coisas boas, tem condições de preencher o espaço do mal.

Somente desta forma, eu entendo as palavras de Jesus.

Para o mal ou para o bem, todos os seres humanos são influenciáveis.

Kathryn descobriu naquele condenado a prisão perpétua - chamado Chapin - pendores para o cultivo de flores.

Ela deu-lhe condições para exercer seu passatempo, e a penitenciária alcançou mais este conforto.

Flores se espalharam como bênçãos, por toda parte.

Aquela mulher foi uma usina de trabalho.

Visitava as famílias dos presos, consolando esposas e filhos.

Completava suas necessidades com seus próprios recursos.

Todos a chamavam mãe, e pediam sua bênção.

Uma grande prova da influência benéfica de Kathryn ocorreu por ocasião da sua morte.

O apelo dos presos foi tão forte que comoveu o subdiretor.

- Queremos ver nossa mãe! Queremos ver nossa mãe! Gritavam os presos, em coro.

O Subdiretor se rendeu ao apelo: durante todo o dia foi soltando grupos que foram render homenagens à benfeitora.

Nenhum daqueles apenados se aproveitou para fugir.

Isto foi significativo, mostrando que é possível substituir a escuridão pela claridade, mesmo no recesso de uma penitenciária.

Os discípulos de Jesus têm este condão precioso de cultivar sementes que dormem nas consciências de todos os filhos de Deus.

Isto é o que entendemos pela expressão perdoar pecados.

Não existem fórmulas mágicas.

Cerimônias revestidas de sortilégios.

Palavras cabalísticas emitidas em rituais exóticos.

Nada substitui a preciosa disposição do ser humano empolgado pela força do Cristo.

Nestas ocasiões a pequenez do homem ganha projeções de um gigante, e as coisas acontecem.

É Paulo de Tarso, cego, nas mãos de Ananias, na escalada da ascensão.

É Francisco de Assis entregando suas roupas ao pai, e envergando o agasalho rústico dos penitentes.

No caminho da redenção, ninguém pode dispensar as influências benéficas que podem lavar as nossas almas.

Para isto, entretanto, é indispensável se desfazer da carga supérflua que a nossa nave espacial carrega.

Precisamos jogar no oceano o entulho das nossas idéias de grandeza e falsas expectativas.

Jesus reconheceu que os fariseus eram sacerdotes.

Ele recomendou ao povo que os atendesse:

- "Fazei tudo o que eles vos mandarem (...)".

Estas palavras mostram a autoridade dos fariseus.

- "Os escribas e fariseus ocupam a cátedra de Moisés" - são palavras de Jesus

No entanto, o Nazareno jamais perdoou os pecados daquelas autoridades da religião judaica.

Na casa de Simão, o Leproso, o Mestre perdoou Maria Madalena.

Qual a razão da preferência entre a prostituta e os príncipes?

Eles eram zelosos no cumprimento dos preceitos:

Guardavam rigorosamente o sábado.

Entregavam o dízimo, com regularidade.

Jejuavam duas vezes por semana.

Externamente, eram quase perfeitos.

No entanto, ao invés de perdoá-los o Nazareno emitiu, em torno deles, talvez a mais severa censura contida no Evangelho:

"Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes a sepulcros caiados, limpos por fora, mas apodrecidos por dentro".

Mateus, 23 v 27.

Esta será a razão que Jesus prefira perdoar os simples e humildes?

Louvado seja Deus.


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