Estranha Semelhança

Data: terça-feira, 6 de outubro de 2009

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A semelhança do homem com Deus, citada no Gênesis, é matéria sujeita a controvérsias.

Pregadores evocam figura paternal de barbas brancas e de um carisma impressionante.

O ser humano com aparência de Deus fornecendo justificativa para a divindade com aparência de homem.

Embora respeitável pela imagem de um bisavô encanecido, esta figura não pode alimentar a expectativa criada pela imaginação dos terráqueos.

É fácil acariciar o ego da raça humana, apontando o Pai das Alturas como nosso retrato.

- "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança".

Gênesis, 1 v 26. Palavras de Jeová.

Resta nos aprofundarmos nesta matéria complexa, para entendermos onde nós somos parecidos com a Divindade.

- No físico, no emocional ou no espiritual? Eis a questão!

As Escrituras dizem que Deus é Amor, e nós ficamos perdidos em expectativas.

Por mais que façamos tudo para nos enquadrar no modelo criado, o amor que cultivamos ficará sempre distante do amor do Pai Celestial.

As palavras de Jeová não facilitam conclusões em nosso favor.

Escutem, e vocês entenderão por quê?

"Acaso pode uma mulher esquecer o filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça dele? Pois saiba que embora a mãe esqueça o fruto do seu ventre, eu nunca me esquecerei de ti".

Isaias, 49 v 15.

Todos nós sabemos que na terra será difícil encontrarmos amor tão grande quanto o amor materno: Ele é o ponto alto em matéria de sentimento.

No entanto, segundo as próprias palavras de Jeová, existem mães que abandonam o fruto das suas entranhas.

Da parte de Deus, porém, a promessa da constância do afeto foi colocada nas suas palavras: "Eu nunca me esquecerei de ti".

A Bíblia nos diz, portanto, que Deus nos ama ainda com maior intensidade do que as nossas próprias mães.

"(...) embora a mãe esqueça o fruto do seu ventre, eu nunca me esquecerei de ti".

Isaias, 49 v 15. Palavras de Jeová.

Não será, portanto, este parâmetro - o parâmetro do amor - que define a nossa semelhança com o Pai das Alturas.

O nosso amor é migalha diante do amor de Deus.

E as expectativas continuam:

Será, por acaso, a força criadora que nos emparelha com a Divindade, assemelhando-nos ao Divino? .

Jeová já respondeu esta pergunta ao patriarca Jó:

"Quem é o pai da chuva? Quem produziu as gotas de orvalho? Quem terá endurecido as geleiras nas alturas transformando-as em pedras?"

E Deus repreendeu Jó:

"Acaso és tu que ajuntarás as brilhantes estrelas Plêiades ou farás surgir, no seu tempo, o Véspero sobre os filhos da Terra?"

Jó, 38 vv 29 a 32.

O Patriarca, arrependido, respondeu ao Senhor:

- "Eu que lhe tenho falado com leviandade que mais posso acrescentar? Porei minha mão sobre a boca e calarei para sempre".

Jó, 38 vv 33 e 34.

A tradução da Bíblia dos Setenta diz:

"Eu falei uma vez, mas não falarei novamente".

No mesmo livro de Jó, nós encontramos palavras estranhas do Senhor que expressam algo importante:

"Acaso tu tens braços, como Deus, e trovejas com voz semelhante?"

Jó, 40 v 4.

Aqui o próprio Criador nega qualquer coincidência de órgãos físicos.

Nem nossos braços nem nossa voz poderão ser confundidos com a voz e as mãos que construíram os mundos.

Esta manifestação divina eu acredito definitiva.

Através dela, Deus decreta - com todas as letras - que não deseja nossa participação no clube dos criadores.

Também neste aspecto da semelhança com Deus, nós fomos rejeitados.

Será interessante prestarmos atenção às palavras de Jó.

O Patriarca teve o atrevimento de protestar contra o estado de penúria em que se encontrava.

"Por isso não reprimirei a minha língua", bradara Jó, desafiante, em direção aos céus. "Falarei na tribulação do meu espírito, conversarei com a amargura da minha alma. Acaso serei o mar ou baleia, para me encerrares num cárcere?"

Jó, 7 vv 11 e 12.

Realmente o patriarca Jó se excedera no seu protesto.

Ele se insurgira como um gladiador, na arena, com clava e punhal.

Naqueles momentos de insanidade, a revolta o forçara a se insurgir contra seu próprio Criador.

"Acaso serei o mar ou baleia para me encerrares num cárcere?"

Palavras duras, se considerarmos que foram proferidas diante do Pai das Alturas.

Baldad Suita, um dos amigos de Jó, ficou assustado com o atrevimento do Patriarca:

"Até quando falarás semelhantes coisas (...). Porventura Deus perverte os teus julgamentos e destrói o que é justo?"

Palavras de Baldad, em Jó, 8 vv 2 e 3.

Através de Jó, nas angústias e tormentos da sua miséria, nós verificamos a impotência do ser humano e a distância que nos separa.

O delírio da febre transtorna o ser humano, e ele se perde em colisão com o próprio Deus.

A semelhança do homem mais uma vez se nos revela utópica e difícil de ser admitida.

Alguém que está acompanhando o nosso raciocínio parece disposto a questionar:

- Espera um pouco, Getúlio. Alto lá!

Não foi Jesus quem disse: "Vós fareis as obras que eu faço, e maiores ainda"?

A confusão se estabeleceu na negativa e afirmação da nossa capacidade de criar.

O João dos Anzóis diz que podemos multiplicar pães e peixes, e ele se baseia em palavras de Jesus: "Vós fareis as obras que eu faço (...)".

Portanto, na opinião deste eterno questionador nós somos criadores.

- Se não nos cabe a função, por que o Mestre nos apontou como obreiros qualificados? É a pergunta sarcástica do João dos Anzóis.

- Se o Mestre nos considerou aptos a realizar seus prodígios, e ainda maiores, por que negar aos humanos este dom de criadores?

As perguntas são válidas e inteligentes.

O nosso oponente, adepto ferrenho da semelhança do homem com Deus, expôs argumentos suficientemente válidos.

Se não somos parceiros de Deus na hora de criar, por que o Mestre nos qualificou para erguer Lázaro do sepulcro, sepultado há quatro dias?

Se o Nazareno falou - está dito e consagrado.

- Não existe mais o que acrescentar, diz o João dos Anzóis.

Nós faríamos as suas obras, e maiores ainda.

Como estudiosos do Evangelho, só nos resta explicar o buraco negro.

Estaremos diante de um enigma? Não terá sido válida a censura de Jeová sobre o patriarca Jó?

Importa penetrarmos em profundidade na essência das palavras de Jesus, para tirarmos conclusões.

- "Vós fareis as obras que eu faço e maiores ainda".

João, 14 v 12.

Resta voltarmos no tempo, para verificarmos a quem estas palavras foram dirigidas?

E a resposta é: O Mestre estava falando com os seus apóstolos.

Nesta altura do campeonato, a coisa fica ainda mais complicada.

Não me consta que os apóstolos multiplicaram alguns pães e peixinhos e foram capazes de distribuir alimento para milhares de pessoas.

Ressurreição de mortos sepultados há quatro dias também não ocorreu com aqueles doze assessores do Nosso Rabi.

Se nós admitíssemos que os apóstolos vivem no Céu, já não haveria mais oportunidades de emprego do carisma, por parte deles.

Não me consta que no Sétimo Céu exista morte, endemoninhados, nem pessoas com fome exigindo multiplicação de pães e peixes.

Nem mortos como Lázaro.

Os discípulos realizaram prodígios menores, sempre distanciados das proezas alcançadas pelo Divino Mestre.

Não existe registro de fatos semelhantes, quanto mais "maiores" conforme promessa de Jesus.

Raciocinem comigo.

Todas as denominações religiosas do cristianismo apontam a proximidade do Juízo Final.

Invariavelmente, a maioria está embalada pela conquista de uma vida eterna, sem morte e sem doenças.

Quem alimenta esta expectativa está aprofundando a contradição suscitada pela promessa de prodígios dos doze apóstolos.

Ora, na Nova Terra e nos Novos Céus esperados ninguém vai ter oportunidade de fazer milagres.

Se os teólogos admitem que não haverá mais defuntos, nem doentes, nem obsessões de espíritos, a era dos milagres então terá terminado.

Os eleitos vão viver aquilo que os italianos denominam "dolce far niente", e não haverá mais necessidade de milagreiros.

Percebam que estamos concluindo baseados na Teologia Cristã, que afirma futuro paradisíaco para os chamados "salvos".

Nosso objetivo é oferecer um parâmetro de comparação entre o que diz a Teologia e o que pregam os espiritualistas.

E surge a pergunta:

- Será que Jesus prometeu, de forma leviana, estes prodígios maiores dos discípulos, sem base numa realidade lógica do futuro?

Eu jamais me atreveria a admitir qualquer sombra de dúvida nas palavras do Nosso Rabi.

Prefiro enxergar, neste caso, um descompasso entre a cabeça dos teólogos e o mundo real.

São eles que se manifestam fora da mensagem da Bíblia.

Mesmo admitindo a continuidade do apostolado, pelo ministério dos sucessores, a falta de supermilagres persiste, sem explicação.

Estes supermilagres não foram alcançados, dois mil anos depois, e o Juízo Final já está chegando.

Nunca ninguém ressuscitou mortos nos moldes de Lázaro.

Somente Jesus multiplicou alguns pães e peixes e deu de comer a milhares de pessoas.

Permanece aquele vazio de supermilagres que Jesus prometeu.

E aqui nós definimos a interpretação dos espiritualistas, que não limitam a redenção ao próximo Juízo Final.

Nesta altura, encontramos a chave do mistério!

Aquele "vós fareis as obras que eu faço, e maiores (...)" ainda vai acontecer, quando missionários socorrerão outros planetas.

Quem não for aprovado no próximo Juízo Final, estará reencarnado em mundo de expiação, esperando para aprender e ser curado.

Naqueles mundos os direitistas irão reencarnar e exercitarão o dom de superprodígios, conforme promessa de Jesus.

Em outros mundos haverá necessidade de obreiros qualificados.

Porque a vida continua, também, para as virgens imprudentes da parábola de Jesus.

"Na casa do Pai há muitas moradas".

Percebam que o Mestre inclui as "cinco virgens tolas" no mesmo pacote das demais.

Ele diz:

"O Reino dos Céus é semelhante a dez virgens (...). Cinco dentre elas eram néscias e cinco prudentes". Mateus, 25 v 1.

O Nosso Rabi teve o cuidado de incluir as prudentes e as néscias como integrantes do Reino dos Céus.

Planeta Terra é uma história: Universo é outra bem diferente.

Por isso o Nosso Rabi proclamou:

O Reino dos Céus é semelhante a dez virgens e não a cinco.

As néscias, reprovadas neste Juízo Final, terão novas oportunidades, lá na frente, em futuros julgamentos.

A grande verdade é que o Pai Celestial não abandona a obra das suas mãos.

Ele repete as oportunidades, nas pessoas e nos mundos, para que todos sejam salvos.

Os teólogos só enxergam o pequeno grão de areia, como se a Terra fosse o centro do sistema planetário.

O Pai Celestial acompanha as ovelhas em todas as muitas moradas de sua casa, repetindo suas experiências, para que todas aprendam e se salvem.

Nossos espíritos nasceram de Deus, e serão salvos pelo seu amor, alhures, quando aprendermos e aplicarmos as lições do Evangelho.

Estes dias, eu escutei um pregador apontando prova da existência do Inferno Eterno, baseando-se em Apocalipse.

O texto escolhido por ele foi o seguinte: "Também este beberá do vinho da cólera de Deus, preparado no cálice da sua ira, e será atormentado, em fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro".

Apocalipse, 14 v 10.

"A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso algum".

Apocalipse, 14 v 11.

Como se fosse salão de cinema, os santos anjos e o Cristo, na imaginação dos teólogos, ficarão na platéia apreciando as dores dos apenados.

É o que diz a Teologia, na interpretação deste trecho.

O Inferno Eterno se configura como se fosse uma vingança de um Jeová incapaz de perdoar.

Pela letra mortífera, é isto que se entende.

Se fosse assim, com certeza o Nosso Rabi sofreria mais do que aqueles que estavam torrando nas chamas.

Jesus, o Cordeiro Amantíssimo, Arauto da Misericórdia Divina, choraria outra vez, como chorou sobre Jerusalém impenitente.

Se o Inferno fosse eterno, porém, Ele nada poderia fazer.

Restaria aos "santos anjos e ao Cordeiro" tão somente assistir a pantomima.

Sem qualquer dúvida, isto aí seria autêntico sadismo, se não fosse possível interpretar de forma diferenciada.

Vocês já pensaram Jesus ficar assistindo aquela gente padecer, desprovido de condições de socorrê-las?

Isto se houvesse eternidade de penas.

Ninguém se aborreça, porém, com esta interpretação despida de compaixão.

Ela não resiste ao menor sopro da lógica.

O sofrimento descrito não é eterno, porque a Bíblia fala de eternidades - tempos enormes - e não de Eternidade significando tempo sem fim.

As Escrituras exprimem dilatada correção, sem castigo parecido com vingança.

Sempre existirá o amanhã na longa história do perdão.

Analisem a comprovação da Bíblia ao que estamos dizendo:

"Os anjos que não guardaram seu estado original, mas abandonaram o seu domicílio, Deus os guardou em algemas eternas, para o juízo do grande dia".

Judas Tadeu, 1, v 6.

Embora sejam apontadas algemas eternas, os anjos maus poderão terminar a maldição no Juízo Final.

O texto diz que eles serão julgados.

Todo o julgamento pode terminar em absolvição.

Isto é uma conclusão lógica.

O carma pesado estaciona nas prisões da correção e até da morte, mas a alma é recuperada no amanhã do perdão divino.

Ninguém se considere réu de pena eterna, porque Deus é acima de tudo um Deus de Amor.

Os planetas de expiação e provas marcam longo aprendizado, mas este longo nada tem a ver com o sem fim.

Em termos de pagamento de dívidas carmicas, o sem fim não existe.

Foi Jesus quem disse:

"Não sairás dali enquanto não pagares o último ceitil".

Ninguém fica livre da correção, enquanto não completar o resgate.

Se não houvesse reencarnação, nós não gozaríamos desta dilatada oportunidade de pagar nossos débitos.

Os planetas de expiação e provas representam o Inferno citado em Apocalipse.

É mais uma chance de dar a volta por cima.

E se faz imperiosa uma pergunta:

De que forma o Cristo e os anjos vão assistir os apenados, como revela Apocalipse?

- Ora, eles vão assisti-los, interagindo no socorro, para suavizar a jornada difícil.

Isto não é inédito.

Já aconteceu, quando a raça adâmica foi expulsa para nosso planeta.

Quando Adão, Eva, a Serpente e toda a caterva desceram do Éden, e se deram mal, Jeová fez reencarnar Noé para segurar a barra.

O Cristo jamais abandonou e jamais abandonará os aprendizes.

O Inferno temporário daquelas criaturas em planeta hostil - será suavizado pelas mãos e pelas palavras dos mensageiros de Deus.

Ninguém será excluído do aprendizado, por ignorância das leis divinas.

Os mentores espirituais estarão atentos aos que serão expulsos no Dia do Juízo Final, não para gozar da cara deles, mas sim para ensiná-los.

Vejam que na Terra primitiva reencarnaram Jó, Abraão, Isaac, Jacó, José do Egito e tantos outros missionários.

Todos vieram, não para assistir e gozar da cara dos apenados, não!

Eles reencarnaram atendendo determinações divinas, para socorrer, ensinar e fornecer esperança.

Este é o tipo de assistência citado em Apocalipse.

Repetiremos o texto, para que vocês entendam que Deus não é sádico, e não abandona os seus filhos:

"Também este beberá do vinho da cólera de Deus (...) e será atormentado em fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro".

Apocalipse, 14 v 10.

Se interpretarmos o texto como prova do Inferno Eterno, estaremos colocando o próprio Jesus em situação de extremo desconforto.

Todos sabemos que Jesus é o Cordeiro de Deus e Ele é citado como integrante dos que assistirão o fogaréu do Inferno.

Interpretando pela "letra mortífera" a Teologia concorda que o Cordeiro está na platéia, se divertindo com o castigo inútil.

Alguém estará disposto a aceitar o fato nestes termos?

De nossa parte, sentiríamos vergonha até de pensar que alguém semelhante a nós agasalhe este conceito do nosso Deus..

Já imaginaram o Grande Mestre perder seu tempo diante das caldeiras do Inferno assistindo almas torrando naquele fogaréu inútil?

Não, meus amigos...

Quando o Apocalipse aponta a presença do Cordeiro diante dos sofredores, ele fala de um assistente de mãos ocupadas.

Não poderíamos esperar outra coisa do nosso Cristo.

Da mesma forma, não poderíamos esperar outra coisa da interpretação dos teólogos.

Eles conceberam Deus como vingativo - construtor dos pilares do Inferno Eterno - e apostam na semelhança da criatura e do Criador.

Realmente, se concebêssemos um Deus sádico seria mais fácil explicar a semelhança do homem com Ele.

A realidade é totalmente diferente. - "Deus fere e Deus cura", diz a Bíblia: Jó, 5 vv 17 e 18.

Quando fere, Ele causa o sofrimento para nos ensinar.

Ao executar o curativo, Ele mostra sua misericórdia, para divulgar o seu amor.

São duas partes essenciais no drama da redenção.

Quando é necessário sofrer para nos abrir os olhos, Deus aplica o remédio amargo.

Pela evolução do nosso aprendizado, nós iremos adquirindo, pouco a pouco, de glória em glória, a semelhança com o Pai.

Esta semelhança é fruto de aprendizado.

Certa vez, Filipe aproximou-se de Jesus, e, timidamente, lhe pediu:

- "Senhor, mostra-nos o Pai, e ficaremos felizes".

Olhando o discípulo bem nos olhos, Jesus lhe disse, enternecido:

- "Filipe, há tanto tempo estamos juntos, e ainda não me conheces? Quem vê a mim enxerga o Pai. Como dizes tu: Mostra-nos o Pai?"

João, 14 vv 8 e 9.

Este é o segredo da semelhança desvendado pelo Nosso Rabi.

Deus não tem rosto humano como tinha Jesus.

Deus nunca teve corpo humano como teve Jesus.

Uma coisa, entretanto, se fazia notória na personalidade do Grande Mestre.

Jesus tinha todos os traços do Pai Eterno, na força da sua presença.

"Filipe, quem vê a mim enxerga o Pai".

- "Deus é Espírito", disse o Mestre à mulher Samaritana.

Com os olhos da carne ninguém enxergaria Deus no Jesus humano.

Não haveria semelhança alguma.

Fechando os olhos físicos, porém, e abrindo a visão espiritual, Filipe teria visto na imagem do Nazareno - a figura esculpida do Pai Celestial.

"Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus face a face".

Mateus, 5 v 8.

Quando reunimos corpo e espírito, e banimos mágoas e rancores do coração, pela fresta enxergaremos Deus.

Enxergar é uma faculdade preciosa do nosso corpo físico.

Vislumbrar com os olhos da alma, porém, é um atributo espiritual.

- Se "Deus é Espírito", como ensinou Jesus para a Samaritana, somente pelo Espírito conseguiremos discernir a figura de nosso Deus.

É neste ponto que a semelhança se define e se completa.

Se o Sermão da Montanha revela que só os limpos verão a Deus, outra verdade fundamental acaba de nos ser revelada:

- Somente alcançaremos a glória da semelhança, quando envergarmos a túnica imaculada da limpeza perfeita.

Quando Jeová, no Gênesis, proclamou:

- "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" - aquilo foi promessa.

Definiu-se naquele momento o homem do futuro, que cresceria no conhecimento da Verdade.

As palavras de Jeová não foram constatação momentânea, naquela sexta-feira distante das nossas origens.

Aquilo não era nem afirmação nem Decreto do Criador.

Era uma aposta naquela fusão de carne, alma e espírito, que se colocara de pé, naquele momento histórico.

No sexto dia, Deus apostara todas as fichas na figura bizarra daquele ser que haveria de se transformar, um dia, na sua imagem e semelhança.

Aquele pequenino planeta chamado Terra escutava agora um grito diferente, no meio dos uivos dos chacais e do canto dos passarinhos.

O homem nascera, para crescer e marcar sua presença.

Louvado seja Deus.



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