O amor abre e fecha portas

Data: quinta-feira, 31 de outubro de 2013

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"Ele abrirá e ninguém fechará" são palavras proferidas pelo profeta Isaias (22 v 22), e elas se referem ao Cristo.

Esta frase é repetida em Apocalipse dirigida ao anjo da igreja de Filadélfia:

- "Isto diz o Santo - o Verdadeiro - que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha; que fecha e ninguém abre".

Apocalipse, 3 v 7.

Por que o texto fala em "chave de Davi"?

A resposta nós encontramos no Evangelho de Lucas:

"Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo: Deus, o Senhor, lhe dará o trono do seu pai Davi".

Lucas, 1 v 32.

Pelo seu invólucro corpóreo, Jesus era descendente do rei Davi, e recebera aquela chave por força da descendência.

O Apocalipse deixava em destaque a identidade daquele que tem poder de abrir e fechar portas.

Vejam que o Cristo de outro planeta, retratado em Apocalipse (1 v 14) "com cabelos brancos como a neve", também era portador de chaves.

Aquele que disse: - "Eu tenho as chaves da morte e do Inferno". Apocalipse, 1 v 18.

A linguagem é de um Cristo, mas não era Jesus, porque não possuía características fisionômicas do Nazareno.

Ninguém terá suficientes condições de provar que Jesus se apresentasse com outro rosto, de barbas e cabelos brancos.

É uma prerrogativa dentre os que alcançam a suprema condição de um Cristo, este poder de abrir e fechar portas.

Vejam que no Sermão da Montanha cada grupo de bem-aventurados recebe algo em troca.

Os mansos herdarão a Terra.

Os que choram serão consolados.

Os pacificadores se tornarão filhos diletos.

E dentre os bem-aventurados, talvez se torne imperioso salientarmos os limpos de coração, porque serão duplamente premiados:

- Eles verão a Deus, face a face.

- "Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus".

Mateus, 5 v 8. Palavras de Jesus.

Destacamos o procedimento destes últimos porque acreditamos que a limpeza interior é o maior patrimônio dos viventes.

E o prêmio também lhe corresponde em grandeza: Enxergar Deus, o Inefável Espírito do Amor.

Partilhar da consolação de alguém que contempla o Pai das Alturas e se rejubila com esta visão consoladora.

Aqui, meus caros, o momento merece uma pausa.

O habitante de qualquer planeta, que primeiro alcançar limpeza de coração, estará na iminência de se tornar perfeito.

Faltarão apenas alguns detalhes de natureza prática: Como reage o "limpo" diante da sujeira daqueles que o rodeiam?

Na reação de Jesus, teremos um exemplo do caminho certo.

Lembremo-nos que Ele disse:

"Os sãos não precisam de médico e sim os doentes".

A limpeza de coração terá que surgir concomitantemente ao lado da compaixão para que não se torne virtuosidade no sentido pejorativo do termo.

Limpos de coração que se isolam numa torre de cristal mostram que ainda estão numa encruzilhada periclitante.

Antes, terão que alcançar os benefícios de outra bem-aventurança do Sermão de Jesus:

"Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia".

Mateus, 5 v 7. Palavras de Jesus.

Quem bate no peito, e se rejubila que já está salvo, olhando os pecadores de sua torre de cristal, com menosprezo e censura, este vai dar com os burros n' água.

O Eclesiastes se manifesta com bastante clareza:

"Há justos e sábios e as suas obras estão nas mãos de Deus. Contudo, não sabe o homem se é digno de amor ou desgosto".

Eclesiastes, 9 v 1.

Deus sabe - eles não podem ter certeza. Ninguém pode ter certeza.

É a Bíblia quem publica esta verdade. Não somos nós que estamos inventando.

Por mais justo e sábio que se considere o homem, será temerária sua declaração pessoal de que foi aprovado por Deus.

Eu fico estarrecido quando escuto certas conversas:

- Eu estou salvo desde dezembro do ano passado, exclama o Zé Mané, com a cara mais inocente do mundo.

Escutei dia destes, um pregador na Televisão dizendo da sua certeza que iria para o Céu. Quanta pretensão!

O próprio apóstolo Paulo mostrava-se inseguro:

"Quero ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição", diz Paulo. "Não que já a tenha alcançado, mas eu prossigo no propósito de consegui-la".

Filipenses, 3 vv 11 e 12.

Vejam que Paulo não tinha certeza quanto ao seu merecimento, contrariamente a estes pregadores que já se consideram personas gratas.

Coitadinhos!

Voltando à evolução dos espíritos, o portador de coração limpo se encontra no limiar na fila dos eleitos do Senhor.

Na mesma forma do desabafo de Paulo, ele prossegue na sua luta, procurando agradar.

Mas será prudente tomar cautelas.

Limpeza e perfeição quase se confundem no mesmo patamar.

A limpeza interior é o penúltimo degrau de acesso ao status de espírito perfeito, assim como a perfeição é o penúltimo degrau para eclosão de um Cristo.

Entre o Espírito Perfeito e o status de um Cristo só falta o derramamento de sangue.

Lembrem as palavras de Apocalipse:

"(...) O Cordeiro que foi imolado desde o princípio do mundo".

Apocalipse, 13 v 8.

O Evangelho afirma algo desafiante: "Sede perfeitos porque perfeito é o vosso Pai que está nos Céus". Mateus, 5 v 48.

A perfeição é a última fronteira que nos separa da percepção plena da imortalidade.

Percebam que o Evangelho não diz - Eu vos tornarei perfeitos!

O Evangelho diz - "Sede perfeitos".

Este "sede perfeitos" mostra que o vivente realizará o ato ele mesmo, é claro que por estimulo pelo seu Cristo Interno e Eterno.

A proteção e o encorajamento vêm do Alto, mas a decisão e a vontade de progredir são coisas do esforço humano.

Percebam que Jesus disse - "os que perseverarem se salvarão".

Do contrário, seríamos robôs sem livre arbítrio, sujeitos ao controle de operador, como máquina.

O maquinista mexeria nos botões e o robô executaria a operação.

O homem dependente, sem vontade própria, seria semelhante a estes bonecos eletrônicos, com reações provocadas.

Há trinta e oito anos, aquele homem se encontrava paralítico.

Ele esperava que se movesse a água, por obra e graça de um anjo.

Seu desejo era ser o primeiro a cair na água, porque o primeiro ficava livre de qualquer doença, conforme diziam moradores da região.

Ele nunca conseguira realizar a façanha, porque outro sempre se adiantava.

Compadecido do ser humano desprovido de esperanças, Jesus lhe perguntou:

- Tu queres ser curado?

Dá pra percebermos o respeito dedicado ao livre arbítrio, quando até mesmo para curar Jesus pedia licença: "Tu queres ser curado?" Aquele paralítico tinha completa autonomia para decidir.

E ele respondeu, mostrando o quanto vinha tentando a cura, sem resultado:

- "Não tenho ninguém para me colocar no tanque, quando a água é agitada. Sempre alguém desce antes de mim".

João, 5 v 7.

E Jesus lhe diz: "Levanta-te, toma o teu leito e anda!"

E o paralítico, com a cama às costas, naquele dia de sábado, andou, completamente curado.

Na mesma tarde, Jesus o reencontrou no pátio do templo.

E aqui se encontra uma lição extraordinária do Nosso Rabi.

Liberto da enfermidade, ele comemorava o episódio maravilhoso quando o Mestre lhe disse:

"Percebas que já estás curado. Não peques mais para que não te aconteça coisa pior".

João, 5 v 14.

O episódio nos proporciona inúmeras lições: Jesus não forçava ninguém a fazer algo contra a própria vontade: Ele perguntou ao paralítico se queria ser curado? O livre arbítrio não é violado nem mesmo para Jesus curar.

Outra advertência: A doença voltaria se ele retornasse ao mesmo pecado que ocasionara a paralisia.

Isto prova que algumas doenças são resultados de aumento do peso negativo do carma.

A lei do carma vai produzindo efeitos, conforme estabelece com bastante clareza o Apocalipse:

"Aquele que levar para o cativeiro irá para o cativeiro. Aquele que matar à espada morrerá pela espada".

Apocalipse, 13 v 10.

Se o paralítico de Betesda voltasse a praticar a mesma transgressão que lhe ocasionou o mal, a doença lhe voltaria ainda com maior intensidade.

Mesmo sendo Jesus quem operou a cura, a reincidência no erro traria de volta a paralisia.

Esta é a Lei do Carma exposta em Apocalipse, e confirmada por Jesus no Evangelho:

"Não peques mais para que não te aconteça coisa pior".

João, 5 v 14.

- Sim, diz o João das Farinhas, mas existem pessoas que vivem prejudicando os outros e nada lhes acontece.

Se a Bíblia dissesse que a vida é uma só, a injustiça seria flagrante, meu caro João.

Muita gente que pratica maldades envelheceria no bem bom, sem qualquer consequência.

Naquela conversa com Nicodemos, Jesus disse:

"Em verdade em verdade te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus".

João, 3 v 3.

- Como alguém poderá ver o Reino de Deus no curto espaço de uma vida?

Mesmo para quem vive 90 ou 100 anos, a vida é curta para aprendermos todas as lições.

Será preciso renascer algumas vezes, para o extenso aprendizado.

Vejam que o Mestre não prometeu tarefas fáceis.

Ele foi brusco e honesto conosco:

"Se ao realizares tua oferta lembrares que o teu irmão tem algo contra ti, deixa tua oferta sobre o altar, e reconcilia-te primeiro. Depois volta e realiza tua oferta".

Mateus, 5 vv 23 e 24. Palavras de Jesus.

E Ele mostra as consequências para os rancorosos e violentos:

- "Entra em acordo com o teu adversário, enquanto caminhas ao lado dele, para que não te entregue, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não saíras dali enquanto não pagares o último centavo".

Mateus, 5 vv 25 e 26. Palavras de Jesus.

É necessário muito mais do que uma vida, para que alguém compreenda e pratique estas coisas simples do Reino de Deus.

Se não queres que Deus feche a porta e te aprisione no sofrimento correcional, aprenda esta lição com pressa.

Cristão não pode ter inimigo.

Aquele que não resgatar seus débitos nesta vida retornará inadimplente na próxima. Esta é a Lei. É o que Jesus disse ao paralítico de Betesda:

"Não peques mais para que não te aconteça coisa pior".

João 5 v 14.

A porta da graça, pela misericórdia de Deus pode ser aberta.

A porta da graça, pela justiça de Deus pode ser fechada.

Ninguém abuse da sorte!

Cada um é livre para escolher entre o bem e o mal, usando sua liberdade.

Ninguém lastime quando a porta se fechar com você fora.

No Velho Testamento da Bíblia Sagrada, os apelos do Altíssimo já insistiam pela modificação dos seres humanos.

Naquele tempo, já éramos convocados a mudar de vida:

"Se ouvires a voz do Senhor Teu Deus, virão sobre ti estas bênçãos. Serás abençoado nas cidades e nos campos. Bendito será o fruto do teu ventre, da tua terra, e dos teus animais, e das crias das tuas vacas e ovelhas. Bendito o teu cesto e a tua amassadeira. Serás abençoado ao entrares e ao saíres".

Deuteronômio, 28 vv 1 a 6.

Naqueles primórdios da civilização, Jeová já mantinha nas mãos a chave, se oferecendo para abrir a nossa porta.

Mas a impenitência dos seres humanos sempre foi notória.

E por esta razão que até hoje nos encontramos neste planeta de expiação e provas, exercitando projetos de vida e experimentando religiões e filosofias.

Os profetas desceram como mensageiros de advertência.

Nos dias de Jesus apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia.

Sua voz era forte e persuasiva:

- "Arrependei-vos", conclamava o Batista: "porque está próximo o Reino dos Céus".

Mateus, 3 v 2.

E aquela voz continuava clamando no deserto:

- "Vem alguém que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá Ele a tem nas mãos, para limpar sua eira, recolher o trigo no celeiro e queimar a palha em fogo inextinguível".

Lucas, 3 vv 16 e 17.

O fogo é o sofrimento dos transgressores das leis.

A palha é a consequência das transgressões.

O fogo citado pelo Batista é o Inferno do câncer, da AIDS, da violência, das tragédias e do desassossego que desestruturam a sociedade.

Este fogo se tornou única chance de queimar nossas culpas.

Desprezamos o benefício do amor e só restou alternativa de vencer a rebeldia pela dor.

Somente nos restou este batismo de fogo e com ele vamos conviver até que as palhas sejam queimadas.

A velocidade deste incêndio de nossas transgressões, entretanto, depende de perseverarmos no trabalho da purificação.

Ainda está em tempo de recorrermos ao caminho do arrependimento ou do amor, que constituem alternativas.

São caminhos que igualmente salvam.

- "Arrependei-vos gritava João Batista", no remanso bucólico do Jordão.

E o apóstolo Pedro, na sua primeira carta, exclama:

- "Acima de tudo, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados".

I Pedro, 4 v 8.

Não há o que dizer, não há o que pensar diferente.

O Filho Primogênito de Deus, em todos os mundos, é portador de poderes, e todas as bem-aventuranças do Sermão da Montanha lhe são inerentes.

Uma coisa é transparente como água cristalina:

Somente o Cristo tem chaves com grau de segurança total: Quando fecha ninguém abre; quando abre ninguém fecha.

Grandes organizações bancárias gostariam de possuir este tipo de autonomia para sossego de seus dirigentes.

Até hoje, porém, isto não foi possível.

Por maiores precauções adotadas, nenhum sistema resistiu ao assédio dos ladrões.

Todas as cautelas humanas vêm se mostrando vulneráveis.

A Bíblia já registrou esta deficiência há muitos séculos:

"Se o Senhor não guardar a cidade, em vão o vigilante fará sua ronda".

Salmo 127 v 1.

Sistemas eletrônicos de segurança têm falhado.

Somente Deus e o seu Cristo têm chaves que fecham pra valer.

O Salmista outra vez nos proporciona garantias:

"Mais do que os guardas no alvorecer, confia no Senhor", é recomendação do Salmista, e os temores serão afastados.

Salmo 130 vv 7 e 8.

E aqui surge o Zé das Quantas com seus questionamentos:

- Getúlio, o nome do tema escolhido por você é - O Amor abre e fecha Portas. No entanto, em sua exposição você transferiu este encargo a Deus e ao seu Cristo. Afinal, é o Altíssimo ou o Amor que abre e fecha portas?

- Meu caro Zé, lamento que você ainda não tenha entendido a essência do Divino Espírito. O Evangelista João deixou o registro desta verdade fundamental, em sua primeira carta. Ele disse peremptoriamente - "Deus é Amor".

I João, 4 v 8.

O Amor é a própria essência da Divindade.

E o apóstolo João configura o dinamismo do termo, nos seus efeitos:

"No amor não pode existir medo. Antes o perfeito amor lança fora o medo. O medo produz tormento. O medroso não poderá ser aperfeiçoado no amor".

I João, 4 v 18.

A garantia de que Forças Divinas fecham a porta elimina o pânico.

Esta garantia afastará as inquietações daqueles que têm fé.

Por isso eu resumi, numa frase, esta síntese perfeita das Eternas Verdades: O Amor Abre e Fecha portas.

- Deus e o seu Cristo abrem ou fecham todas as portas.

Vocês já imaginaram a figura de alguém apavorado diante da residência arrombada? Sua loja adquirida com dificuldade de repente vazia?

São estas ameaças bem presentes, hoje em dia, que deveriam nos induzir ao crescimento das orações.

Carolina Grimaldi nos conta uma história singela de sua infância.

Ela perdeu a mãe, ainda criança, e só lhe restou o pai, para orientá-la em todos aqueles anos.

Uma amizade sólida, porém, os uniu, e os naturais problemas de crescimento foram sendo superados.

Não havia assunto proibido entre pai e filha.

Confiança absoluta imperava entre eles.

Adolescente tímida, pacientemente o pai lhe ensinou as vantagens do procedimento correto.

- Papai sempre interrompia o que estivesse fazendo e escutava minhas estórias, por mais destrambelhadas que fossem.

Aos dezesseis anos, ela pensou ter encontrado o homem da sua vida.

- Mantenha conversação neutra, filha, aconselhou Jorge Grimaldi. Um relacionamento deve começar discreto. Não será aconselhável apressar-se.

- Segui sua recomendação, explicou a moça, e mantinha o pai informado do que acontecia.

- Sei que é fácil encontrar alguém, filha. Difícil é desatar nós que não dão certo. Por isso cautela e paciência são fórmulas adequadas. Não se apresse Carolina, Não esqueça que você ainda é jovem e terá inúmeras chances de ser feliz.

Quando terminou a faculdade, com 22 anos, Carolina Grimaldi arranjou emprego de professora, numa cidade do norte de São Paulo.

O grande problema era ficar a 300 quilômetros longe do pai.

- Que fazer, porém? O emprego não estava fácil!

Muitos dos seus alunos, entre 11 e 15 anos eram viciados, que já haviam sido presos por furtos em lojas.

- Papai ficou bastante abalado, mas eu o tranquilizei, disse Carolina. Estava na idade de enfrentar a vida.

A moça aproveitava todos os feriados de fins de semana, para visitar o pai.

Quando se aproximava o término do período letivo, a coisa foi ficando mais difícil, e Carolina teve que estender os horários.

Uma tarde ela extrapolou, permanecendo além da conta.

Bastante preocupada, ela percebeu que as sombras da noite se adensavam. Olhou o relógio: passava das 19 horas.

Apagou a luz e saiu correndo para o portão, mas, com surpresa, percebeu que o portão estava fechado.

Alunos e professores já se encontravam em suas casas.

Ela se surpreendeu sozinha, fechada no prédio enorme.

- E agora? Pensou. Não podia entrar em pânico!

Depois de longa busca, nos fundos do terreno, ela finalmente deparou velho portão que lhe permitia se esgueirar, arrastando-se pela terra fofa.

Quando, aliviada, se sentiu fora dos muros, Carolina ouviu vozes: oito rapazes se aproximavam.

Ela já sabia que entre eles se formavam gangues, naquele bairro, e os grupos praticavam violências de toda a ordem.

Escapara de um perigo e logo em seguida, enfrentava outro.

- Ela é uma gracinha, exclamou um deles.

- Vamos pegá-la, Gente. O que é que vocês estão esperando?

Apressando o passo, ela abriu a bolsa para pegar a chave do carro. O chaveiro não se encontrava lá, porém. Carolina, desesperada, com o coração batendo, descompassado, gritou: Ajude-me, Senhor!

Então os seus dedos sentiram chave solta no fundo da bolsa.

Ela correu na direção do carro, estacionado nos fundos do prédio.

A pressa era tanta que ela nem questionou a chave misteriosa.

Não sabia de onde viera, mas valia a pena arriscar.

Quando atingiu o veículo, trêmula, tentou a operação salvadora.

A porta se abriu no exato momento que os rapazes chegavam.

Carolina deu a partida, e o carro passou pelo meio dos agressores.

A notícia correu célere, e um grupo de professores voltou à escola, para investigar.

O chaveiro, com a chave do carro, foi encontrado na terra, debaixo do velho portão, onde Carolina se arrastara para fugir do perigo.

O mistério continuava, porém.

Com que chave, Carolina Grimaldi abrira o carro e dera partida?

Quando ela retornou ao seu apartamento, o telefone estava tocando.

Era seu pai, e ele disse apressado:

- Na sua última visita, eu mandei fazer cópia de chave para seu carro. Você a encontrará no fundo da sua bolsa. Um estranho pressentimento me sugeriu que assim procedesse, porque um dia você poderá precisar dela. No atropelo da despedida, acabei esquecendo de lhe avisar da nova chave.

Carolina Grimaldi tremeu nas bases.

Coisas assim só acontecem pela força do amor que trazem Deus para o mundo dos homens.

Se lhe fosse possível, naquele instante, voar pela distância que a separava do pai, ela teria voado, para depositar um beijo em seu rosto envelhecido.

- Sim, papai, ela conseguiu dizer: Muito obrigado!

Aquele papai abençoado bem merecia seu afeto e carinho.

Fora o amor daquele pai que abrira aquela porta.

Fora o amor daquele pai que fechara a porta do carro.

Fora o amor daquele pai que fizera o carro funcionar, apesar das suas mãos trêmulas de medo.

Em momentos de aflição, o humano e o Divino se unem, no amor.

O papai da terra e o Papai dos Céus movimentaram as mesmas forças que salvaram a vida daquela moça.

Louvado seja Deus!




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